28.3.08

a menina dos cabelos amarelos

são 17h56. a vontade de ir embora está tomando meus pensamentos desde que cheguei aqui hoje. afinal, é sexta-feira, está sol e o final de semana promete muita coisa boa. respiro fundo. olho para frente. ela está de blusa roxa. parecendo uma uvinha madura. os cabelos loiros e cintilantes estão um pouco oleosos, mas quando ela solta o rabinho, a franja cai. cheia de charme e toma o rosto inteiro. transformando-a em uma outra pessoa. é incrível como consigo mesmo enxergá-la como ela mesma se enxerga: multifacetada, com caras, bocas, sorrisos e olhares. todos diferentes e ao mesmo tempo, únicos.

ao pensar que fui a responsável por fazer ela voltar a confiar e acreditar nela mesma (mesmo que apenas por um ano) sinto meus olhos encherem de lágrimas. 18h00. deveria estar saindo e batendo o cartão. mas é difícil. está sendo. e vai ser. as colegas da equipe sabem a importância que ela teve aqui, a luz que ela trouxe para o dia a dia e como ela é querida. mas eu sinceramente não sei lidar muito com isso. me seguro. inspiro, expiro (a eterna dificuldade de lidar com despedidas)

danada. ela está ao lado da chefe dela fechando um documento semanal importante. as duas guardiãs estão ali. lado a lado. a morena e a loira e a chefe no meio. que dupla! que sintonia! que amizade boa existe entre elas!e ela sabe que estou escrevendo algo para ela. está com a mão na boca rosada olhando fixamente para o computador e variando o olhar para minha mesa. o que ela pensa? o que ela sente? como ela está?

sempre ficava pensando nisso quando a via durante alguns momentos do dia com o olhar parado. minha preocupação é imensa, meu carinho é enorme, meu orgulho transborda. tive bons dias com ela aqui e sei que terei para sempre sua amizade. e o que mais me enche de emoção é saber que a terei nos finais de semana com bolinhas de queijo, filmes pesados, conversas na madrugada, dentro de pijamas e sonhos emprestados.

queridoca. florzinha. mané. nunca vou me esquecer dela falando à cada besteira que eu dizia:

"olhem este ser, esta é minha família"

essa se tornou uma das minhas frases preferidas. obrigada por isso. de coração.

24.3.08

lá vem de novo ...

não chegou o outono, mas vi algumas folhas secas caírem com tranquilidade. aquelas verdinhas do vaso do banheiro se esticaram e as mais velhas se contorceram. meu corte de cabelo está me agradando, minha rotina vai se quebrando com novas propostas e sinto até minha mente se abrindo para bons conhecimentos.

o mais incrível é este "humor montanha russa" que eu tenho. sobe e desce, vai pra cima e vai pra baixo. gira, volta, fica reto, fica inclinado, gira de novo e volta ao normal. mas acho que com o tempo estou conseguindo me acostumar com ele e ele comigo. vamos seguindo de mãos dadas o caminho da vida.

em época de aniversário eu sempre fico comentando da minha personalidade e das minhas vivências. mas como isso sempre aconteceu, nem me sinto mal. aliás, até estranho quando isso não acontece. então, me desculpem se eu torrar a paciência de vocês com esses posts de reticências e conclusões. mas é um ciclo novo que chega e outro que está indo.

meus 25 foi a idade que mais pensei na vida. no que é certo e errado, no que faz bem e no que faz mal. a conclusão foi a mesma: o bom mesmo é ser feliz. e agora, desci um degrau. tô quase nos 30. ai ai ai. medo de idade, eu nunca tive, mas confesso que ando pensando nessa realidade. já eram os 20 de azaração e doideiras? já era o corpo fresco e o desejo nos olhos? o que vem agora? afinal, eu estou subindo ou descendo?

19.3.08

áries

Ultimamente ando me sentindo lotada. Cheia, atarefada, atribulada e, pior: confusa. Me pedem muitas coisas, mandam e-mails, telefonemas, orientações, ordens, sugestões, conselhos, mas alguém pergunta: você entendeu? Você pode? Precisa de ajuda? Dá para você fazer isso?

Me sinto esgotada. E ao mesmo tempo, burra. Uma anta, um asno. Como posso ter me formado jornalista e não saber as principais multinacionais brasileiras? Os principais cases que exportamos? Quem é quem?

Ahhhh !!! Dá vontade de gritar bem alto: - Pára tudo! Eu quero descer !

Eu sei, calma, é inferno astral, começou e vai passar. (daqui um mês, mas vai passar)

16.3.08

nós dois

tá estranho.
confuso.
obscuro.


existem sombras.
rodamoinhos,
vendaval.


o sol tá frio.
o dia é noite.
é tudo ao contrário,
do que combinamos.


mas ...
sempre existe o mas.
ainda bem que há.
e que ainda está lá.


amo.
para sempre.

13.3.08

ainda daqui ...

coisas brazilienses ....

" Eu pinto, você pinta, quem ganha é a loja de tinta "
(pichação no muro de Paranuá)

" Polícia Militar - segurança e fluidez " (fluidez ?????? )

ai meu santo ! adoro essas observações ! amo este país !

____

nada melhor que encontrar a cunhada às 8hs da manhã no meio de um mutirão para doenças renais, com um sol de rachar abóbora na caxola e muita disposição. ô menina fera !

12.3.08

de volta à terra de Renan

Voltei para cá. Desta vez, para ficar mais tempo. Em 03 dias trabalhando por aqui, notei algumas coisas e resolvi listá-las:

- aqui tem muitas borboletas. Elas não ficam voando e sim, andando pelo chão (aiiii ! um horror)

- os carros param. não importa a velocidade, se tem sinal fechado ou não. vc simplesmente estende a mão e eles param para vc atravessar

- eu jamais tentaria cruzar uma praça ao meio dia (morreria desistratada)

- se chove, tudo vira lama. (essa é boa, porque aqui, tudo tem uma certa ambiguidade)

- as pessoas têm mania de comer macarrão, arroz e feijão tudo junto, no mesmo prato

- a simpatia dos brazilienses me conquistou. homens e mulheres, povo gente fina.

- o que é velho, continua velho (sejam casas, táxis e, principalemente, hotéis)

- as camareiras têm chave-mestra (ok, isso não tem só aqui em Brasília, mas eu descobri aqui)

- e por fim, o mapa daqui é um avião ou um pássaro? sei lá, sei que tem lógica. (pra eles, claro)

Ah ! Mais uma observação: é muito foda vc trabalhar num projeto a tarde toda e na hora de enviar por e-mail o pen-drive gentilmente emprestado, não funcionar no computador- carroça do hotel. Preciso de uma Skol

10.3.08

ciclos

quando é a hora de terminar? quando chega a hora de dar um basta? adeus. acabou. chegou ao fim. será que há esse momento? será que eu conseguiria? será que, quebrar isso fará vir novos acontecimentos? ou continuar isso mas enxergando de outro modo, trará novas perspectivas, abandonado-se portanto do antigo? (sem abandonar de fato)

estou refletindo ha dias em algumas coisas que devem ser mudadas na minha vida. vários aspectos que devem se quebrar e dar espaço para o novo. mas o problema é: será que eu vou conseguir fazer isso? quebrar, me soltar, separar e por fim, realizar?

há mudanças acontecendo? sim, há. boas? não sei, elas estão acontecendo ainda. mas, vc está feliz? há, essa é a principal pergunta. não tenho a menor idéia.

6.3.08

brandford

Há quem pense o contrário, mas de brega ela não tem nada. Comento isso porque ao pensar em escrever este post, me veio na cabeça aquela música brega: avião sem asa, fogueira sem brasa, sou eu assim sem você. É, estranho como a situação presente remete à esta música mesmo.

Vai ser difícil ficar sem ela. Está, aliás, bem difícil de segurar as lágrimas, que teimam cair desde sábado. Difícil de trabalhar e pensar que terei vontade de ligar para ela no meio tarde só pra comentar alguma idéia besta que me veio na cabeça, comentar da balada, comentar do cotidiano, da vida, das coisas.

Mas acho que é isso mesmo. Ser amiga é isso. A gente não se vê sempre, apesar de sermos vizinhas, não combinamos roupas, temos gostos diferentes, opiniões diversas e ao mesmo tempo, um carinho ... uma cumplicidade e sinceridade tão valiosas que faltam palavras para expressar o que é tê-la como amiga.

Na noite da colação, lá no começo de 2007, ouvimos do diretor que é na faculdade que você faz amigos para a vida toda. Entre rostos, batas e pessoas, nos procuramos no palco e concordamos com um olhar e um sorriso que aquilo era verdade.

E agora, é chegada a hora de me despedir dela. Ah, mas não serão nem 5 meses ! Disse isso para meus colegas aqui do serviço que viram a preparação que fiz para a festa de despedida, falei isso para meus pais que viram eu sofrendo por chegar tarde em casa e não ter tempo de encontrá-la nesta semana, falei isso para meu primo ao tentar confortá-lo pela ausência ... mas aqui dentro de mim fica a frase sendo repetida como um mantra: quase cinco meses.

É que, cinco meses, é a mão que se abre para cumprimentar alguém. É a mão dela que se abriu quando me mostrou a aliança de namoro. Foram as nossas mãos se abrindo nas músicas preferidas, ou minhas mãos mostrando para ela meu novo esmalte.

E agora, quase cinco meses, é uma mão que se abre para dar tchau.

3.3.08

changes

Agora pouco eu estava preenchendo um formulário e tive que escrever o nome completo do meu endereço. O bairro, o CEP, algum complemento e a cidade. Enquanto detalhava, fiquei pensando no relógio que se mexe dentro de mim.

Pensei no esforço que minha mãe está fazendo para me ajudar a sair das asas dela e a angústia que meu pai está sentindo em pequenas palavras de realismo: você não vai conseguir comprar um apartamento da noite para o dia. Não, esse preço é muito alto. Não, acho que está caro demais.

Caro, barato, possível, fácil, reformado, novo, antigo ou não. Eu vou. Eu quero e eu tenho que conseguir. A hora já deu, não consigo mais sair daqui e fazer o mesmo trajeto todos os dias. Chegar em casa e jogar meu mal humor e fome em cima dela (que nunca tem nada a ver com isso). Ser acordada num domingo de ressaca para comer o macarrão que fizeram e querem minha presença na mesa.

Eu adoro macarrão de domingo. Adoro tirar a mesa, lavar a louça e conversar com meu irmão. Mas acho que faço isso com muito mais prazer porque ele por exemplo, não está mais ali todos os dias. Quero ser visita. Quero compartilhar mais os bons momentos e a companhia deles com vontade, com mais amor, mais amizade. Mesmo que sejar para brigarmos e discutirmos.

Chega de chegar em casa e ver minha cama arrumada, as roupas limpas e passadas. Eu quero ir atrás. Quero queimar o arroz. Quero encher de bolinhas minha blusa preferida. Quero errar, aprender e crescer. Quero pagar contas e chamar os amigos para dar boas risadas. Dormir até não aguentar mais, pregar quadro nas paredes e ir com eles comprar um chuveiro.

Sinto que esta vontade me corrói como fazer uma tatuagem. Tem que ser agora. Tem que ser bem pensado. Mas tenho a plena certeza de que não vou me arrepender. Não mesmo.