Chamei o elevador. Senti o calor no corpo. Virei o pulso e respirei fundo. 16h57. Faltavam 5 horas para sua festa. Fiquei pensando como você estava. Fiquei pensando se estava tudo certo. A ida ao cabelereiro foi tranquila. Tal qual quando a gente saía de casa para comprar pão. Aquela tarde gostosa e leve. Aquele brisa boa de pré-verão, com folhas secas rodando no ar, com aquela sensação de amor nascendo, amor sendo descoberto, amor sendo validado, ali, sem mais nem menos, refletido pelos raios do sol na calçada.
Depois de muitas Caras, fotos, poses, vestidos, glamour (!!) e páginas amassadas era minha vez de fazer o cabelo, montar algo legal que combinasse com meu vestido legal e com a cor das unhas escolhidas sabiamente. Mas, de repente, o relógio tinha se desdobrado. O babyliss foi a única coisa que consegui fazer e não havia mais tempo para nada. Até que chegando em casa eu te vi.
Você me deu aquele abraço leve, aquele sorriso sincero e disse as mesmas palavras de sempre com toda calma do mundo: Oi Clots, tudo bem? Porra ! Você era o noivo da noite. Era você que devia estar na pressa, agitado, confuso, correndo e ... não. Ali estava você daquele jeito doce e amigo. Sentado, esperando os minutos correrem e sentindo a emoção nos olhos familiares. Respirei fundo mais uma vez, me troquei, me pintei, abrimos o champagne-presente e lá fomos nós.
(eu sei que você merecia mais que um champagne, mas, naquele momento, depois da semana pesada, era apenas o que eu podia te dar, meio de surpresa, ainda que com gosto estranho)
A festa em si, dispensa comentários: Super Nanny, amigos felizes, famílias distantes e unidas, uma pomba tocando o som, pessoas roubando bem-casados, o bolo lindo com uma cena inteira representada, as flores desabrochadas e as cores de vocês todos juntos. Até que você me chamou de canto e me entregou a caixinha. Fui ao banheiro, abri, olhei, fechei e dei um leve suspiro. Lembrei de filmes e de várias cenas de caixinhas de alianças. Mas, principalmente, lembrei do amor.
Os olhos ainda estavam secos, a maquiagem intacta e meus cachos não tinham se tornado ondas grandes e formosas. As coisas pareciam muito irreais para mim e eu não acreditava que tudo estava mesmo acontecendo. Até o momento que você entrou com Dzarm e a Van entrou com I´ll be there. Daí, eu desacreditei. Daí meus pensamentos se voltaram há 9 anos atrás. Daí, me veio a cena dela com uma blusa branca, escova no cabelo vindo em direção ao carro para te encontrar. Veio a imagem do rosto doce e do sorriso alargado. Veio a lembrança do meu conselho dentro do teatro: pega na mão dela, pega na mão dela!
De repente, me veio na mente todas as nossas conversas sobre amor, paixão e as diferentes formas de amar. Enquanto eu olhava vocês se declarando, tentava encontrar dentro de mim esta mesma certeza leve e ao mesmo tempo concreta. Fiquei vendo você tomar fôlego para continuar lendo o texto mais lindo que você já leu. Fiquei vendo o olhar dela para você. Fiquei vendo o amor se redescobrir ali, daquele jeito de vocês, enquanto sentia as lágrimas caírem sem parar. No momento que nos chamaram, cruzei os braços com o Dan, entramos sorrindo e novamente fiquei sem entender nada. O que era aquela música? Eu sorria? Eu chorava? A cada palavra mais lembranças da infância e de tempos passados. Mas andei firme, sorri do jeito que eu pude, te entreguei a caixinha e dei o abraço mais apertado em vocês.
Depois fiquei ali vendo os finalmentes, ainda chorando, ainda sorrindo, ainda admirada. A noite seguiu com toda graça, brilho, músicas, danças, crepes, bubbles, vinhos e mais amigos. Foi, de verdade, o casamento mais lindo que já fui na vida. Até que aconteça o meu. Sabe-se lá como e sabe-se lá quando. Felicidades!