30.12.08

foi-se

o último dia do ano se aproxima. ano aliás, cheio de coisas legais e outras nem taaaanto. mas de modo geral, dou 8,5 para este 2008. nove seria muito então fica essa média mesmo.

para comemorar, mudei a cor do blog again. douradão e branco. é assim que estarei amanhã à noite. prá quem só usa prateado, acho que isso pode significar uma bela mudança.

não quero passar a virada na Paulista, mas gostaria de ir para uma boa balada. é estranha a sensação de virar mais um ano sem ondas no pé. mas acho que sobrevivo e Iemanjá me entende.

é uma das melhores sensações olhar os fogos e sentir os suspiros de agradecimento. acho que vou continuar assim.

então é isso queridos visitantes e curiosos. feliz novo ano para todos. beijos no coração e boas idéias na cabeça.

29.12.08

perubas

Eu não ia fazer um outro post hoje. Mas, não me aguentei. Dei uma rodada em blogs alheios e fiquei inspirada. Como se não bastasse a galera daqui ter debandado para um almoço coletivo de duas horas, acabei de escutar a música clássica do Vídeoshow. Pronto. Como Vídeoshow me lembra ficar em casa (o mesmo acontece com a música da Sessão da Tarde) resolvi comentar um pouco sobre minhas férias.

Os meses de janeiro, foram marcados por grandes viagens (por uns anos, não sempre). Conhecemos Salvador, Aracaju, Curitiba e um pedaço de Mato Grosso. Mas a maioria das vezes, passamos as férias na mesma casa da praia, por muitos e muitos anos. Foi lá que tomei gosto pelo mar, pelo por do sol, pela maresia grudenta e pelo cheiro de protetor solar.

Não rolava farofada, porque sempre ficávamos só nós quatro, mas eu costumava acordar cedo e andar com minha mãe na praia, pegar conchas e voltar na maior brisa caiçara para casa. A gente tomava café e voltava para a areia com meu pai e meu irmão. Lá as brincadeiras rolavam, as fofocas aconteciam e os segredos eram guardados nas ondas.

De tarde a gente assistia uns filmes clássicos como Esqueceram de Mim, Meu primeiro amor e aquela novela Vamp. Eu vivia com umas idéias de fazer show de mágica, números de dança, inventar brincadeiras o tempo todo. A balança ainda ficava no alto do chapéu de sol e eram naqueles dias que curtíamos nossos presentes de natal.

A volta era meio triste porque depois de todo bronzeado e areia no cabelo eu sabia que não voltaria pra lá tão cedo, que a noite no parquinho seria a última e que a feirinha hippie mudava de endereço de novo. O pior: eu sabia que no próximo ano eu voltaria com outras idéias, mais crescida e achando alguns hábitos babacas e infantis. No meio do trânsito da BR eu pensava que mais um ano começava e uma idade cheia de coisas novas me aguardava.

Hoje eu passo as férias por aqui. Longe daquela casa encantada. Mas, de algum modo, não sinto mais graça alguma em me melecar com o picolé de uva, ter apaixonites de verão e colocar os colchões no sol.

from here

Em ordem crescente:

. só ter café e ser ruim
. ter boteco mas não ter pão de queijo
. pessoas gritando na rua e ninguém ficar curioso pra ver o que é
. a mesa não ser minha, nem o login, nem a senha, nem o telefone
. jornais pequenos tabalhando sem parar
. a bunda grande na cadeira
. o sol bombando lá fora
. amigos de folga
. ressaca de sono

menos mal terei companhia no almoço.

27.12.08

she knows

Passeamos pelo shopping e conversamos como ha muito tempo não fazíamos. Falamos de moda, de breguices, de trabalho, de casamento e de futuro. Deixei de ver a melhor amiga, não trocamos as roupas que íamos trocar. Mas, sentamos na Starbucks e ela pediu um café gelado.

Insistiu para eu comer algo, disse que pagava e que tudo bem. Mas eu não quis. Nada atrapalhava nossas conversas. Nem o povo sem noção guardando mesa e sofás. Nem a barulheira de quem deixa para trocar tudo no dia seguinte. Nem os dois telefonemas recebidos: do amigo e do chefe.

O tempo parou ali, naqueles quase 40 minutos sentadas falando da vida, como se estivéssemos embaixo de uma macieira, com o sol se pondo e as horas passando devagar. Depois, dentro do carro lembrei que ela havia gastado uns 14 reais só com um café e o estacionamento. E ela deu de ombros e me disse a melhor lição deste natal: filha, eu trabalhei a vida toda, sempre correndo e sem tempo para nada. Agora, aposentada, tenho mais é que ter esses pequenos prazeres. Se não, de quê importa a vida?

As mães sabem de tudo.

24.12.08

feliz natal (ufa!)

Faz muito tempo que não vejo este programa, mas chamava-se (ou ainda se chama) Só rindo. Em inglês, Just for laughs. É gravado em Montreal e apresenta alguns quadros bem interessantes e engraçados, claro, de bom humor. As pessoas que estão ali, fazem o que fazem com um simples motivo: fazer os outros darem risadas, gargalhadas e até lágrimas alegres.


Pois bem. Prazer, eu me chamo Rachel. De uns tempos para cá cheguei a conclusão que não tenho nenhum dom ou talento que se repare logo de cara. Nem pessoalmente, muito menos na vida profissional. Mas daí listei algumas coisas que mando bem e concluí que sei fazer duas muito bem: nadar e contar casos.


Nadar, já são mais de 15 anos. Entre indas e vindas eu mando bem mesmo. Já participei de competições e o caralho. Mas contar casos não é pra qualquer um. Eu sei e faço isso bem. Claro que há quem não goste, mas para esses, dou de ombros. Eu tenho o talento de prender atenção, ir para cima, para baixo, criar o clímax e preparar o maior desfecho. Nem que seja para contar a compra de 3 pães na padaria.


Talvez porque tento sempre ver a vida mais leve, colorida e engraçada. O que, aliás, para alguns é insuportável. É, tem gente que gosta de ver as pessoas de mal humor (deve ser uma coisa que relaaaaaaaaaxa). Mas, é uma questão de personalidade. A vida me fez assim, cresci assim e o melhor: fui aceita assim pela minha família e pelos meus melhores amigos. Portanto, é simplesmente uma questão de priorizar os talentos. É o que farei em 2009 e o que, sinceramente vou adorar continuar fazendo.


Porque, se para alguns é delicioso me ver contando um caso, cheia de caretas e imitações, para mim é o nirvana deixar as pessoas irritadinhas com meu jeito e continuar sendo como eu sou. E que aumente o fã-clube eu odeio a rachel. Estou e continuo, radiante. Porque, no fundo, eu sou uma pessoa muito boa para ser amiga.

E antes que eu me esqueça: feliz natal.

22.12.08

jingle bells

coisas natalinas:

.eu quero uma caixinha de natal (se até o tio do dog tem, eu também quero)

.gostaria de ganhar uma Melissa flocada (ok, eu sei que acabou, mas quem sabe em julho?)

.tenho a impressão que comprei vários presentes errados (e a sensação que ninguém vai gostar)

.a coisa mais gostosa continua sendo chegar em casa e ver as luzes na árvore de natal (mesmo com a visão embassada devido às bebedeiras de final de ano)

.o amigo secreto deste ano foi de garrafa (ganhei uma tequila, ai ai ai)

.ouvi uma mulher na Hering falar que a camiseta estava uma delícia (a fome té pegando geral)

.mais que ganhar o 13° é ganhar o PPR 100% sem esperar (e a dona da empresa anunciar isso na festa de final de ano antes de se jogar da tirolesa do buffet infantil)

.alguém tem um pedaço de torrone? (não ganhei cesta de natal e tô com vontade)

.outra coisa top deste ano são as luzes da Paulista (as bolinhas dos canteiros centrais ficaram bem melhores que aquelas plantinhas meia-boca dos outros anos)

.eu cubro o menino-jesus do presépio com um algodão (vira e mexe ele cai com o vento, eita moleque apressado!)

18.12.08

o plano - parte 4 (e última)

Sem pensar duas vezes, ela então pegou dois calmantes da caixinha de primeiros socorros da empresa, quebrou com as unhas e jogou no bule. Claro que algo daria errado. Além do chefe puxá-la para uma reuniãozinha vespertina (daquelas que nada é decidido) ela viu um dos diretores enchendo a xícara de café. Ai, vai dar merda.

No entanto, a reunião terminou rápido, o diretor sonolento foi embora mais cedo e com ele, seu chefe também se foi. Assim ela teve tempo de subir para a sala das câmera e encontrar com um dos vigias debruçado em cima da mesa de operações, dormindo como uma criança.

Sem muito tempo para pensar, lembrou-se de umas aulas de edição da faculdade e conseguiu localizar o ponto certo da gravação e chegou até a rir em voz alta ao enxergar na tela sua própria imagem de dias atrás. Nossa, a que ponto cheguei? Mas, não tinha tempo de pensar se era certo ou não ter feito aquilo. Conseguiu editar alguns minutos, prolongando as batidas que dava vez ou outra no teclado com o momento que se levantou e pegou sua bolsa e seu casaco.

Na saída da sala de segurança ainda pensou em dar um beijinho no rosto do vigia como uma mãe que faz o mesmo em seus filhos, desejando-os tudo de bom. Mas, o desejo passou. Apenas, por dentro, pediu para que nada de mal acontecesse com um deles caso algum erro aparecesse. Aliás, aonde estaria o outro vigia?

- Pois não senhora? Posso te ajudar em algo? Disse Andérson ao vê-la na porta da sala
- Eu? Ah, eu ... eu estava realmente te procurando. Não é sua tia que é a copeira aqui da empresa?
- É sim senhora, dona Dedê.
- Pois então, não é ela que faz também uns panos de prato?
- Sim, ela e minha mãe. Mas sabe como é ... ninguém sabe porque as regras da empre..
- Eu sei! A empresa tem essas coisas de não deixar ninguém vender nada aqui dentro. Mas, se você encontrar com ela hoje, você pede para ela vir falar comigo?
- Claro, estava no banheiro nem sei se ela já veio dar café para nós
- Ãh, é .. bem, então está certo. Estarei lá embaixo.
- Ok. Eu aviso

Na hora do fim do expediente, com todos ainda reclamando da falha no ar condicionado ela se lembrara da escala de plantão de final de ano. Sabia que a maioria não trabalharia e, portanto, até comprarem um controle remoto novo, ela ainda teria uns bons 15 dias com o vento a seu favor.

*qualquer semelhança com a vida real, é mera coincidência. he he he

17.12.08

o plano - parte 3

Não tinha muito o quê fazer. Na manhã seguinte, assim que ela chegou percebeu que o plano havia funcionado. Todos os colegas tiraram o terno, afroxaram a gravata e bufaram. A impressão é que todos estavam juntos subindo uma trilha, uma ladeira ou terminando uma maratona. Por dentro, ela ria. Até chegara a sentir um pouco de calor também. Mas não deixou transparecer. Apenas focava no seu trabalho ouvindo os pedidos de socorro e lamentações:

-Ai, está quente aqui não?

- Ufffs, que calor

- É, tá bem quente mesmo. Tempo doido

- Nossa, ufffsss

As frases seguiam desconexas até que surgiu a única que faltava:

- Alguém pega lá o controle?

A sensação era deliciosa. Seguiu com os olhos o andar do colega até o armário e acompanhou a volta à mesa e o olhar parado para a estúpida caixa do ar condicionado que por tantos dias acabou com sua sinusite, farangite, amidalíte e deu até bronquite. Cof cof. Foi a única reação que conseguiu fazer e talvez, a última tosse do dia.

- Ué, não tá ligando.

- Tenta o botão amarelo. Você sempre aperta o errado

- Hummm, não. Nada. Ó aí !

- Eita, devem ser as pilhas. Tem que trocar.

- Nada, o Marcão trocou ontem que eu vi.

- Então o que é?

- Eu sei lá, sou por acaso especialista em ar condicionado?

A gargalhada foi geral. E por dentro era ela quem suspirava. Idiotas. Acho que além do ar condicionado, há um outro problema que terei que resolver: mudar de emprego. Bando de bobos. Não, na realidade a preocupação agora era apagar as imagens da câmera.

O desfecho ocorreu à tarde, quando dona Dedê passou pelo corredor com o carrinho de café. Entre um gole e outro ela perguntou se a copeira conhecia o pessoal da segurança interna.

- Craro, fia. Andérson, meu sobrinho tá trabaiando lá. É um quarto escurinho, cheio de televisão. Ficam lá, o dia todo vindo as imagem. Deve de dar um sono!...

- E você leva café para eles?

- Craro né? Todo dia!

- Já passou por lá hoje?

- Inda não, tava na sala do seu Xavier.

- Sei

Um olho no bule outro no relógio. Ela teria poucos minutos para jogar alguma coisa forte no café, subir para a sala de segurança e procurar as imagens. Calma, pensou. Tudo vai dar certo.

(continua ...)

15.12.08

o plano - parte 2

Por um instante ela pensou se era certo fazer aquilo e quais seriam as consequências, caso alguém descobrisse que havia sido ela. Mas, o fez mesmo assim. Cuidadosamente pegou a menor chave de fenda, abriu os parafusos e começou a jogar pequenas gotas de água por toda a extensão do aparelho. Chegou a notar algumas manchas pretas se formando e riu por dentro, maleficamente. Até que ouviu um barulho vindo do bloco do ar condicionado, próximo da janela.

Se virou rapidamente mas não era nada. E também, como poderia de ser se estavam no 15º andar? Quem subiria pela janela? Não, apenas uma pomba. Continou devagarzinho a soltar pequenos fios do controle e depois fechou-o como se nada tivesse acontecido. Guardou a caixinha de ferramentas e desbafou baixinho: "Espero que esta merda nunca mais funcione".

Fechava sua gaveta quando reparou algo estranho na sala. As colegas haviam ido embora e tudo parecia calmo demais. Até que ela se lembrou do pequeno detalhe e inclinou lentamente a cabeça para cima. A luz vermelha da câmera piscava indicando que ela estava ligada e que havia gravado todo seu plano.

Sentiu-se corada. Como ha muito tempo não ficava. Pegou a bolsa, o casaco e colocou o controle do ar novamente em cima do armário. Apagou as luzes e saiu. Ao chegar no estacionamento, viu poucos carros na garagem, caminhou até o seu, desligou o alarme e sentou-se. E agora? O que fazer? Começava então o segundo plano para apagar da câmera aquelas imagens.

(continua ...)

10.12.08

o plano - parte 1

Quando o chefe levantou da mesa, ela disse que ficaria até mais tarde. O diálogo rápido e sarcástico se deu mais ou menos assim:

- Bom, estou indo ... você não vai?
- Não, tenho que terminar umas coisas, daqui a pouco eu saio.
- Olha lá heim?! Não vai ficar até tarde. Depois vou te cobrar por mais resultados.
- Como se não cobrasse.
- O quê disse?
- Nada, boa noite. Espero que não pegue muito trânsito.
- Ah, acho que não. Bom, enfim, até amanhã.
- Até

Assim que ele virou-se para a porta ela também se virou e olhou ao redor. Tudo vazio. Ainda restavam duas colegas em três mesas para trás. A vantagem de ter pouca gente era o ideal, pensou. Lentamente caminhou até o armário, pegou o controle do ar condicionado e voltou para sua mesa.

Um sorriso enorme brotava por dentro. O plano estava dando certo e dali a algumas horas todos os seus problemas terminariam. Sentou-se e permaneceu calada. Vez ou outra mexia no teclado apertando letras em branco só para fingir a hora extra. Abriu a gaveta e pegou o estojinho de ferramentas de seu pai. Deu um suspiro e pensou em voz baixa: espero que o carro não dê nenhum problema. Se ele precisar disso, tá ferrado. E riu novamente.

(continua)

9.12.08

a saga do final de ano (sem PPR)

Daí que eu saí de casa correndo e meio atrasada (quem mandou fazer franjinha e não ter chapinha? agora fico horas no secador tentando ser feliz). Quando cheguei lá embaixo o ponto tava lotadaço e vi que não tinha pego o bilhete único. Fiquei pensando se subiria ou se pagava 2,30 mais o metrô e mais toda a volta depois. Pelos meus cálculos rápidos eu gastaria uns R$ 9,00 com tudo e isso me emputeceu. Subi, peguei e desci.

No trajeto fiquei pensando naquela velha frase: pobre é uma merda. O que são R$ 9,00? Bom, vejamos. Como hoje é terça e graças à Dios temos aquela promoção da Terça em Dobro, se você vai à algum barzinho e pede um chopp por 4,50 você ganha outro de graça. Como hoje tem encontro com los coleguitas do espanhol logo, ainda me sobraria uns 4,50 para outro chopp. Hehehe

Mas o pior é trampar aqui na Paulista. Devo dizer que é uma perdição andar por essas ruas (e olha que eu nem gosto de comprar um montão de coisas). Só na semana passada foram dois pares de sapato, quatro regatinhas e uma camiseta básica. Nem falo o total. Mas sei que ainda falta o presente do amigo secreto, dos pais, irmão, cunhada, namorado e família do namorado (detalhe: ele, os pais e os três irmãos). Fora os presentes dos padrinhos e da melhor amiga.

Era muito boa aquela época de listinha de papai noel e da grana por vender gibis no prédio.

8.12.08

por una cabeza

Eu estava na maior ressaca. Tanto física quanto moral. Não tinha sido nada elegante o que eu havia feito na noite anterior. Tomei a maior bronca, discuti, choramos e nos acertarmos. Mas eu realmente ficara com aquilo: aonde eu estava com a cabeça? A porra da nuvem cinza estava sim sob meus ombros, mas, enfim, achei que tinha passado.

Resolvi esfriar os pensamentos e acompanhar minha mãe numa tarde agradável na Paulista. Fomos ver a apresentação do coral da USP lá no auditório do Masp. O metrô estava tranquilo, apesar da sensação de náusea, da tontura e da moleza. Entrada barata, várias velhinhas, vários casais, várias pessoas. Não conhecia aquele teatro e achei tudo grande e bonito demais.

Quando o primeiro coral entrou todos bateram palmas. Depois entrou o maestro e a pianista, mais palmas. E à cada música finalizada, palmas e mais palmas. Uma sensação ótima despistava minha dor de cabeça e deixava de lado toda preocupação pelas coisas ditas, gritadas e faladas naquela madrugada. Eu estava literalmente nas nuvens.

Depois de umas 10 músicas e aplausos, entraram no palco todos eles coloridos. Era o coral da terceira idade. Começaram a cantoria com os versos alegres de Adoniran Barbosa "de tanto levar, flechada do teu olhar" em seguida, passaram para outros clássicos e até soltaram uma versão perfeita de Somewhere over the rainbow. Quando achei que haviam terminado, senti meus olhos molhados. Era Por una cabeza.

Fiquei por muitos minutos embasbacada admirando todos cantarem o tango de Gardel. Não só porque lembrei da cena inesquecível do Al Pacino em Perfume de Mulher, como senti uma nostalgia enorme ao recordar dos meus 4 avós. Era muito bom tê-los por perto. Mesmo que longe, eles estavam ali daquele jeito fofo de avós. E tenho certeza que a avó materna saberia me dar bons conselhos sobre tudo que havia acontecido na noite anterior. Mas, paciência. Ela se foi, a noite já havia terminado e eu até sentia a dor de cabeça voltar.

Duas aspirinas, dois copos de Guaraná, três pedaços de pizza e Batman para fechar a noite. Além de todo o carinho no sofá azul que sempre nos acolhe. Eu adoro aquele sofá azul.

5.12.08

arrebol

Cortei meu cabelo hoje de manhã. Deixei para trás algumas idéias. Atravessei a rua. Mudei de trajeto. Virei a página. Apaguei os pensamentos. Derrubei todas as expectativas. Levantei da mesa. Desliguei a música. Troquei de perfume. E então, respirei profundamente. Senti na boca o gosto amargo. A azia havia voltado, mas não dei espaço para aquela sensação.


Balançei a franja nova, suspirei e segui caminhando: bons ventos estão chegando e, dessa vez, não trazem consigo uma tempestade raivosa. Aquela nuvem pesada está bem longe do meu alcançe. Só preciso agora continuar andando, na mesma calçada preta e branca.

2.12.08

ant

Não foi fácil. Após uma semana vendo as gavetas empilhadas no quarto, peguei a última, dobrei as blusas, sacudi o pó (dos cupins), limpei as laterais e separei os agasalhos em dois sacos. No preto grande, guardei as blusas escuras dobradas em saquinhos. No outro branco, guardei as preferidas: uma rosa, uma verde, uma outra rosa e junto, coloquei meias de lã e um cachecol listrado. Fiz um nó, suspirei e não pensei duas vezes.

É muito difícil se desapegar de algumas coisas. Pricipalmente da dúvida se esta ação adianta ou não alguma coisa. Se aquele saco cheio de blusas coloridas vai trazer de fato alguma alegria na vida de alguém. Se realmente eu ajudo ou apenas levo uma esperança vazia de que uma blusa está ajudando de fato. Fico dura, me achando incapaz por não fazer mais que isso.

Só que daí ontem eu fiquei discutindo com meus pais toda essa situação e minha mãe comentou comigo sobre o e-mail de um cara que voltou ao trabalho e estava agradecendo, dentro desta rede fria, todo o calor e carinho recebido nos últimos dias. Parece que o texto dizia sobre o esforço dos bombeiros, dos policiais, dos voluntários, das doações e de toda a mobilização feita pelos brasileiros para ajudar a galera lá de baixo.

Eu sei. Também senti o mesmo. Do mesmo modo que a gente se chocou com toda a desgraça, podíamos nos juntar para ajudar o povo que morre de fome e sede na seca nordestina. Podíamos nos unir mais vezes e ser mais solidários. Podíamos sair mais das idéias e partir mais para as ações. De qualquer modo, eu fiz. Pode ter sido pouco, pode ser que ninguém use as blusas. Pode ser que nem chegue lá. Pode ser que não sirva. Mas, de algum jeito, eu acredito.