16.12.07

Pisca pisca

Sempre que cai a tarde de domingo, cai também uma nostalgia boa dentro de mim e dentro dessa casa. É sempre aos domingos que meu pai conta casos antigos da adolescência da infância. É sempre aos domingos que minha mãe comenta de alguma peça da casa que pertencia aos meus avós. E o incrível é como eu sinto a gostosa sensação de correr pra janela e sentir a brisa no rosto e admirar outros apartamentos imaginando a história de vida de outras pessoas.

Geralmente essa nostalgia aumenta mais na época do natal. Vai ver porque perdi meus avós muito cedo para saber de fato o que é ter eles por perto nos domingos e poder ouvir as histórias mais frescas, contadas pelos próprios personagens. Vai ver que é pelo fato das luzinhas mágicas (que insistem em piscar desde novembro) tomarem conta das varandas, ruas e casas como se representassem pequenas fadas de boas lembranças.

É, assumo: adoro esta época desde criança. Não pelos presentes nem pela ceia mas pela solidariedade plena que toma conta das pessoas, pela alegria estampada - apesar do trânsito - às 6 da tarde de uma sexta-feira. Pelo reencontro com amigos e pelos cartões de natal inesperados. Eu gosto. E para mim, natal devia cair sempre no domingo. Pra ficar sempre como uma lembrança boa dentro de nós.

Feliz natal, bom ano novo e boas comemorações vitais para quem passa por aqui. Eu passarei pela primeira vez o natal longe de vários queridos e junto de outros queridos também. E fica sim uma pontada nostálgica de bons momentos de natais passados.

Mas esse suspiro triste não vai me tomar os 25 dias. Prometo!

13.12.07

Lágrimas

Para entrar foram 3 dias. Um teste, duas entrevistas. A conversa mole com a primeira chefe. Sem terninho, sem maquiagem, soltando o que restava do meu inglês britânico. Conquistei. Não só ela mas uma equipe de 6 pessoas. Lá se foram 8 meses dentro do maior cliente. O maior e mais odiado pela empresa toda. Dor de cotovelo, inveja, o maior fee, eu sei lá porquê. Mas sentiam raiva de nós (e muitos, ainda sentem). Dando os ombros, no final de 2005 nós voltamos para o escritório central. Fortes, ralando, suando, rindo, como todos. E aos poucos, a equipe foi se quebrando.

Passaram-se menos de 6 meses e a equipe mudou quase completamente. A cada mudança, uma lágrima contida, uma conversa franca, bora treinar quem entrava, bora seguir em frente. Respirava fundo, me acalmava, engolia o suspiro doído, poxa como foi difícil. Mas os dias seguiam.

Depois veio o começo de 2007, também a mesma correria, horas se transformando em minutos, minutos em raiva, desespero, e mais um que se vai. Mais uma que sai. Outro que entra. E eu ficando sozinha. Tentando não misutrar o profissional com o pessoal mas sem ninguém pra me explicar como se fazia isso. Não dava. Mas deu.

Depois, a primeira reunião da nova equipe. Estruturada, firme, concentrada. Passado uns 02 meses mais duas saem. Fico refletindo qual é o problema da conta. Em uma conversa séria com o cliente amigo ele desabafa: se você sair também estou perdido. Por favor, eu preciso de você.

Seguro o suspiro de novo. Engulo as lágrimas e surgem novas propostas. Desta vez, para mim. Chega a minha hora de jogar tudo à limpo e partir. É hora de falar a verdade. Mais 04 meses se passam. Tudo roda bem, as coisas finalmente acontecem sem problemas. Tudo vai se acalmando. A maré baixa e chego na beirada para dizer adeus. E ... não consigo.

Sim, pra variar não sei separar o pessoal do profissional. Fiquei pensando que na verdade queria era me despedir mais deles do que da conta em si. No caminho para casa, o trânsito veio a calhar e me peqguei pensando nisso tudo. Relembrei não só das conversas e risadas mas também das broncas, cobranças, inseguranças, e de todas as aprovações de textos, notas, releases, estratégias. Todo o ensinsamento que valeu a pena.

A chuva então se misturou com as pequenas lágrimas. Passaram-se 3 anos, já era hora de chorar. E não demorou muito. Junto ao choro triste e ao nó na garganta mandei mensagens para todos: Obrigada por tudo. Sentirei saudadades.

Foi o máximo que consegui fazer.

6.12.07

cinza

Apesar do meu esforço, tem dias que não dá. Você percebe a nuvem cinza não apenas no céu mas também em cima de você. Tenta se esconder, acha que ela vai embora com o vento, com suas mãos esticadas e com sua cabeça que está sempre pra cima. Mas tem dias que não dá.

Além da tristeza de ser enganada, traída, mal tratada, o sentimento que mais sobe aqui dentro é a raiva. Me tirar de otária é a última coisa que eu espero de alguém. E tiraram. Hoje descobri tudo e a tarde vai demorar pra passar. Carregada, grossa, grafite, escura, raivosa.

Não. Não consigo sossegar, respirar fundo, nem nada. Minha proteção está desamparada, não tem quem me acolha, não há muita saída. É juntar o pouco de força que tenho e ir lá jogar limpo. Me segurar pra não mandar tomar no cú, me segurar para não chorar. (estou fazendo isso ha algumas horas).

Uma certa hora pensei no destino. Será um sinal? Vai nessa, sua hora aqui já deu, vaza. Acredito no destino. Mas, ultimamente ando acreditando muito mais na minha força, garra e principalmente, na minha inteligência. Hunf.

2.12.07

ele

Ah, esse suspiro mole. Ah, as pernas que não conseguem me sustentar. Ah, esse sorriso largo. Ah, esse peito aberto. Ah, como se eu não soubesse. Como se eu não tivesse a plena certeza de que sentimento é este. Coisa doida. Vendaval. Ar gelado, ar quente. Que sobe, desce, toma meu corpo todo. Acalma, agita. Dá pressa e faz parar o tempo.

E pensar que tantos poetas quiseram entendê-lo. Besteira. O amor não se entende. Se sente. Quer emoção mais pura? Não sei, não há. O amor que tenho por tantas coisas da vida é tão explícito e incrível de sentir que me sinto viciada. Doida. Completamente apaixonada. Agora, por ele, que amor é esse?

Tentemos resolver este enigma com uns trechos do meu companheiro, Pablo Neruda:

Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva
Em Taltal não amanhece ainda a primavera

Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos
juntos desde a roupa às raízes,
junto de outono, de água, de quadris,
até ser só tu, só eu juntos

É. Incrível como viramos um. E mais incrível é meu coração apertado de saudades. Já? Sim, já.

26.11.07

Tin tin por tin tin

Há tanto para escrever. Incrível como eu gosto disso. Tem gente que fala: fulano nasceu pra coisa! Quando eu comecei a soltar a voz nas aulas de locução me diziam isso: vc nasceu pra coisa. Entendi aquilo como um elogio e como um dom. Sei que escrever não é lá meu forte, mas quando quero mando bem. E espero fazer isto agora. Narrar em poucas linhas algumas coisas que marcaram meu final de semana. O ótimo final de semana.

Após uma surpresa na sexta-feira de que eu iria trabalhar num casamento no sábado, a tarde se passou rápida demais com direito à ida ao Jóquei Clube para reconhecimento do local da super festa. Conheci a presidente de uma das maiores agências de publicidade, que fez questão de andar por todo evento e apresentar cada cantinho para nós, inclusive, a nave-mãe (sim, ela montou a estrutura de um altar no jardim). Embasbacada - é essa a palavra- com a simplicidade daquela mulher e a força que ela mantinha no olhar e na conversa narrando o planejamento de mais de 6 meses e do hard work de subir tudo aquilo em 20 dias enxerguei ali uma colega. Esse tesão para trabalhar poucos sentem e posso me considerar nesta listinha selecta. Gostei dela.

No sábado, grandes preparativos para o casamento. Toca correr pra pegar o terninho no tintureiro, marcar escova, chamar a amiga pra me maquiar, chamar o táxi, suar, falar, andar, chegar! Ufa. Deu tempo. A função de porteiro, cara crachá se estendeu por 4 horas. De pé, de salto alto, na garoa e com fome. Quando tudo parecia um pesadelo e eu prestes a desmaiar, escuto o sr. Andrew (de senhor ele não tinha nda, mas merece respeito porque mandou bem no Nextel a noite toda controlando a entrada dos carrões) gritar: A Xuxa chegou. Em fração de segundos a cancela de saída de carros se abriu rapidamente, passaram duas caminhonetes blindadas e nada. Nenhum vulto se quer. Não que eu seja super fã dela, mas queria vê-la de perto. No momento que meus pés não sabiam mais se eram pés ou pedras entramos no salão e pude a ver de longe. Ela e a filhota - grandona, bonita mas triste. Uma pena

Finalizando o final de semana, um churrasco agradável me aguardava. Carne até tinha, gente servindo também. Mas encontrar todos descalços, dançando, bebendo juntos e cantando YMCA? É, não teve melhor jeito de acabar meu final de semana. Depois disso, só me jogar nos braços dele, no domingo, no 2x1 roubado, meia boca, mas que fez a gente cochilar por uns minutos. Mais uma vez, foi-se um bom final de semana. Por isso que eu digo: nada como as boas sensações.

21.11.07

Um pouco mais de calma

Pensava em escrever sobre isso. Mas não sabia como. Cheguei em casa, liguei o som. No mesmo instante me deu vontade de ouvir essa música. Agora sim. Ela resume tudo o que eu queria escrever. Tudo que ando sentindo. Tudo que gira dentro de mim na maior velocidade do mundo.

Estou realmente precisando de férias. De tudo e todos.


Paciência - Lenine

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não...

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

16.11.07

Passei a admirar as borboletas

Nem o frio, nem o cansaço, o "saco cheio" de algumas besteiras que ainda escuto, nem a indecisão do que fazer após trabalhar no feriado podem me abalar após uma boa conversa que tive ontem.

Durou cerca de dez minutos, nem isso. Mas por dentro, as borboletas (que muitos dizem sentir quando estão apaixonados, e eu achava ridículo porque tenho medo desse bicho voador) subiam e desciam sem parar. Giravam do coração à garganta, do peito apertado aos meus pés. No final, após todas as falas gostosas e o assunto ter surgido de forma tão simples e sincera eu só consegui dizer: estou feliz.

Ele me olhou calmo, sabendo do que se tratava e mesmo assim perguntou: por quê? por que nos vimos hoje? Hahahaha, as borboletas quase saíam pela boca mas eu respirei fundo e disse: sim, é por isso.

Puta merda como estou feliz. Ele soube e sabe ler no meu olhar que aquela conversa me agradou aos montes ! Que tirou meus pés do chão como nunca tinha sentido antes. E para quem quiser saber o assunto, basta saber um dos meus principais desejos. Pronto. Foi sobre isso.

6.11.07

Cheia de cores

Hoje me deu vontade de escrever sobre o humor. Acho incrível como eu sinto bom humor nas pequenas coisas diárias e como consigo levar a vida leve sem muita preocupação. Claro que problemas todos nós temos e eu me considero uma das pessoas mais críticas que já conheci na vida. E ninguém me conhece melhor que eu.

Faço críticas à tudo e todos. Nem sempre ruins e nem sempre boas. No entanto, quase nenhuma delas tira meu bom humor. Faço as ruins e logo me disponho a pensar numa solução. Se olho uma pessoa mal vestida, logo penso: foda-se não tenho nada a ver com o gosto dela. Se ando cansada de receber o solzão na cabeça, reclamo com meus botões mas logo penso: tudo bem, daqui a pouco chego aonde preciso ir e arranjo uma sombra. Acho que a melhor definição é que sou prática. Pronto, resolvo logo. Beleza. Já era.

E resolvi escrever sobre isso porque há tanta gente que reclama né? Tanta gente que fala mal, fica num redemoinho de agressividade, xingamentos, fofoca ... sai pra lá ! É bom fofocar, eu sei, eu também gosto (mesmo porque sou mulher e isso é mesmo algo que as mulheres fazem bem). Mas daí ficar o dia todo fazendo isso? O dia todo se lamentando? Não dá.

Prá tentar resolver um pouco esse clima e essa nuvenzinha em cima de mim, fomos no feriado para a festa do Saci. Lá em São Luis do Paraitinga. Cidade já conhecida em outros tempos, com outras pessoas e outras vontades de curtição. Mas dessa vez a visita também foi boa. Entrei na cachoeira, comprei presentinhos, tiramos muitas fotos e tudo mais. Só que ... ainda assim fui obrigada a aguentar um pouco de mal humor. Mal humor de homem é o fim. Mas passou com a chuva e com a saudade que ficou de voltar pra lá novamente o quanto antes.

Acho que deixei minha nuvem cinza por lá e voltei mais colorida. Espero espalhar essas cores ao meu redor. Tem muita gente precisando.

31.10.07

Terra de Renan

O que se espera de um encontro em Brasília, com jornalistas de todos os cantos do país, alguns focas (como eu), outros da velha guarda e relações públicas completamente desalinhadas?

Tudo.

Passagem em mãos, choro atencipado, abraços nos pais e no namorado. Lá fui eu para a capital federal participar da festa de premiação do Prêmio Caixa de Jornalismo - pautas sociais e negócios em turismo. Não fui cobrir o evento, nem realizá-lo. Fui mesmo de camarote vip, com tudo pago, de convidada e concorrente. Meu projeto experimental - Meninas da FEBEM - rendeu um bom resultado e consolidou-se como um dos 05 finalistas na categoria universitária do tal prêmio. Não imaginava que estaria tão bom. Esta noção a gente só tem depois. E foi boa.

No avião, eu tentava dormir, fazer pose blasé lendo matérias da revista da Gol que haviam sido publicadas anteriormente na TPM (claro, é a mesma editora, mas .. será que estão precisando de repórteres por lá? pensei). Comi amendoins, tentei comer uma barra de cereal e sentindo o sol no antebraço avistei as inúmeras piscinas da cidade.

Terra vermelha, muitas avenidas, muitos carros, tudo muito largo. Me lembrei de Floripa. Mas essa comparação durou pouco. Lá não há praia e não venta. Pelo contrário, é quente. Muito, muito, muito e sem exagero: quente ! Meu nariz chegou a sangrar numa das manhãs de sono mal dormido e de ansiedade.

E essa minha companheira de anos, acabou-se em segundos. Senti exatamente a sensação de receber um Oscar. (hahaha, essa foi boa). O primeiro prêmio a ser entregue era o da minha categoria. Nossos trabalhos foram exibidos num telão e foi incrível a emoção de ouvir trechos do nosso rádiodocumentário, das internas e do locutor. Ele abre o envelope, meu coração à mil ... não. Quem ganhou a bolada ($), os sorrisos e a ótima sensação de " porra, valeu a pena" foi uma estudante de Recife. O grupo dela também mandou bem e criou um projeto bacana numa favela da cidade. Gostei, merecido.

Pró-seco, mil conversas, fotos, risadas, gargalhadas, bolinho de parmesão (lá eles falam o tipo do queijo) e a volta para o hotel. Calor incrível, cansaço, satisfação. A volta foi meio conturbada com a mistura do meu mal humor - por culpa da organização do evento - e da fome assustadora que eu sentia.

Fome, não apenas de pão de queijo, querer meu chuveiro e minha cama. Mas fome de idéias, de querer escrever e soltar para fora as letrinhas. É, não levei o prêmio mas em compensação levei como se fosse uma dose extra de jornalismo na veia, direto, sem anestesia. Uma dose deliciosa.

22.10.07

Foi-se no ar

Faz alguns meses que ando percebendo uma estranha sensação de estar rodeada de pessoas. No ônibus, no metrô, na rua, em grandes reuniões, em festas lotadas, em baladas bombásticas.

No entanto, neste final de semana foi bom receber abraços, carinhos, mãos dadas e trocar conversas com pessoas queridas. Na casa cheia de gente eu nem percebia minha fobia. Andava feliz, enchia bandejas de sanduíches (iche iche - rsrsr ) e voltava para a terraça. Comia, dava risada, tirava fotos e .. voltava para a cozinha, pegava mais coxinha, bolinha de queijo, risoles.

No parabéns, fiquei ao lado do vovô querido. Vi a priminha sorrindo, o priminho berrando, as meninas fofocando e os meninos jogando: truuuuuuuuuuuuuuco !! Foi bom. E não satisfeita, lá fomos para outra festa, com mais gente, mais coxinha, mais Soda, mais amigos, fotos e crianças fofas.

Domingo foi-se a vez da fobia passar dentro do shopping, de mãos dadas, apontando lojas, lendo placas, indo e voltando. A noite se acabou numa pizzaria, também cheia. Com amigos à mesa, com Soda, conversas, mais risadas, sem tremedeira e sem a menor vontade que o final de semana acabasse.

Acho que tudo tende a melhorar. Nada como as boas sensações ! Adooooro.

17.10.07

Hunf

É incrível a vontade que estou de mandar muita coisa e muitas pessoas à merda. Faz alguns dias que estou com essa vontade crescendo dentro de mim. Não ando raivosa e briguenta, não ando mal humorada e chatona.

Mas é aquele velho companheiro: o suspiro que precede o grito. O grito aliás, que nunca solto. A força que sinto crescer num olhar, no suor, numa mordida cruzada e fria, na virade de pescoço e quando percebo: azia. Todo final do dia estou tendo azia. Consigo (o que poucas pessoas conseguem)tomar uns 2 litros de água por dia. Mas, no momento, nem a sagrada água me acalma e suaviza minha mente.

Quando eu era adolescente, era tão simples! Eu viajava para o sítio do meu avô, subia uma colina enorme com meu irmão e lá de cima nós urrávamos. Como dois lobos famintos, como dois doidos urbanos ao lado de vacas e ovelhas.

Estou farta de risadas falsas, cansaço competitivo e tanta gente sem ter o que fazer. Ainda estou cansada de fazer tanta coisa por tanta gente e nada. Nenhum agradecimento. Nenhum gesto de carinho, nem n-a-d-a. Será que sou tão otária assim?

HUNF

11.10.07

Feito um despeito de eu não ter como lutar ...

Tem certos dias que, ao menos uma vez no ano, acontece. Dias que a gente acorda, vai tomar banho e o telefone toca. O banho quente, fica frio. Os olhos enxutos, se molham de repente. No céu, o azul esplêndido se torna um simples azul. A rotina se quebra e todos ficam moles e tontos sem saber bem que fazer.

E são dias assim que fico pensando o modo que a tristeza invade meu coração. A tristeza quando é sincera mesmo e pura vem lá de dentro do coração e vez ou outra dá uma pontada ardida. Eu sinto sempre como se fosse um ar subindo pela garganta, umas dorzinhas no coração e depois, passado esta sensação o pequeno suspiro: hunf

É soltar este pequeno ar e no mesmo instante sentir os olhos aguados. Ouvir pequenas lembranças dentro de mim, paradas no olhar fixo em algum ponto. Mas que dor no peito é essa? Saudade? Revolta? Tristeza? Apenas dor. Não sei de qual sentimento pois tudo se mistura, remexe, não pára.

Essa é a tal tristeza que sinto quando perco alguém querido. Ao mesmo tempo em que a vida continua e as horas passam, sentir este sentimento acho que é a melhor sensação para tentar compreender cada vez mais que a vida é rara, especial e que devemos vivê-la ao máximo.

1.10.07

Quando eu era menor ele esticava um braço para cima o outro para baixo e dizia: vem aqui, suba na árvore. Eu e meu irmão tentávamos escalar aquela árvore enooorme sem que ele se mexesse para nos ajudar.

Passaram-se alguns anos. O homem grande se tornara em alguns dias um amigão protetor e no outro simplesmente uma pessoa na minha frente negando meus pedidos pré adolescentes.

E mais alguns anos se passam. Ontem mesmo eu comentei que a melhor idade para nos darmos bem com eles seria a partir dos 30 anos. Quando nos tornamos também pais e assim, nos igualamos à eles. Será?

Não consigo lembrar quando a minha admiração de pai amigo começou mas a cada dia que passa fica mais intensa. Ele me cobre de carinho, atenção, risadas e conselhos. Me dá broncas quando precisa e quando não precisa. Quer atenção, sabe ouvir, faz de tudo para me deixar bem e se esforça para viver a vida do modo mais humilde e prazeroso que existe.

Sou uma invejosa. Ele tem os defeitos de pessoa, homem, adulto e pai. Mas tem também um amor pela vida e pelas pessoas que não consigo sentir sempre. É como se ele fosse um pedaço de bondade que anda solto nas ruas de São Paulo.

O bom é saber que esse pedação está também dentro da minha casa ensinando todos os dias eu soltar minha bondade por aí.

20.9.07

O mundo mágico de Oz

Nada como ter um sonho gostoso ! ... Esta noite eu sonhei com um musical que fiz na quarta série do primário sobre o Mágico do Oz. Foi incrível ! O auditório e o palco eram os mesmos. As cochias, as minhas amigas, os personagens e as músicas também. A diferença é que no público tinha meu namorado atual e meus pais mais velhos. E claro, as atrizes estavam também crescidas. Reencontrei todas as amigas da velha infância, choramos devagar para não borrar a maquiagem e fizemos as encenações do começo ao fim. Na apoteose, muitas palmas, chuva de purpurina, sorrisos e a cortina se fechando. O alarme tocava desesperado, querendo competir com a atenção que eu dava para aquelas boas lembranças. Coitado ... rs.


E depois de abrir os olhos com a ótima sensação de ter tido um bom sonho, comecei a lembrar de toda a seleção que foi feita em 1993 para este musical. Desde aquela época quem tinha uma habilidade à mais, ganhava o papel principal. Tal qual nos dias de hoje. Quem tem MBA, duas línguas estrangeiras, experiência internacional etc. consegue uma promoção, consegue o cargo desejado. Na época da seleção, a professora viu que a Marininha fazia ginástica olímpica, logo, ela foi escolhida para ser o espantalho. A Sabrina tinha um sorriso meigo e fazia caras e bocas na sala de aula, logo, ela foi a Dorothy e uma outra - que não vou lembrar o nome - andava muito bem de patins, logo, ela foi a bruxa má do oeste (era do oeste?) que "voava" pelo palco.


O gostoso e cômico foi lembrar do meu personagem: como sempre fui nanica, com meus 1,40 e pouco na época e 11 anos de idade (a mais velha da turma) fui cotada para ser o prefeito anão da cidade da Dorothy. Depois dessa, o jeito foi cair para o teatro. E lá fiquei, por uns três anos sendo outros personagens e vivendo outras emoções.


Assim como é no dia a dia, normalmente, com todo mundo.

14.9.07

Ah! ...

Tenho meia hora pra me arrumar e ir à uma festa. Vontade? Não muita. Por isso ainda estou aqui. É estranho isso, mas às vezes eu tenho e agora me coloquei aqui para quem saber conseguir entender o motivo. Tenho um desânimo que surge de repente.

Daí, passam-se alguns minutos (questão de minutos mesmo) e já coloquei alguma música boa e me pego dançando de meia e camiseta pelo quarto sozinha comigo mesma. Quantas vezes isso já não aconteceu antes de uma festa? Perdi as contas.

É, deve ser um sentimento pré-festa. Tal qual eu sinto de manhã antes de levantar da cama. Antes eu acordava super cedinho, hoje nem tanto. Mas a sensação é a mesma. É uma série de pequenos suspiros presos saindo pelo nariz com um olhar sério e mil pensamentos à tona.

De repente ... puf ! Some. Tenho tentado não pensar muito na minha vida. De verdade. Vou seguindo os dias. Fiquei sabendo de umas histórias esses dias que me deixaram meio pra baixo.
Hã? Desconfiar? Brigar de novo? Chega, acho que são esses problemas que solto em pequenos suspiros.

Menos mal que eu solto.

12.9.07

Apenas três

Sábado completa 03 meses para a tão esperada viagem. Eles já foram pra lá uma vez, mas para mim ainda será a primeira. Aliás, será o primeiro natal sem família e o primeiro ano novo sem namorado ao lado. Será que aguento ?

Serão 25 dias viajando, hablando sem parar e rindo com os amigos mais divertidos que alguém poderia ter. Incrível como sinto falta deles no meu dia a dia e num encontro em qualquer boteco matamos a saudade em apenas cinco minutos de sorrisos trocados e altas gargalhadas.

E se um dia me disserem que eles terminaram o namoro vou repensar sobre a existência e a força do amor. Porque eu nunca conheci um casal mais completo, único e maravilhoso como eles.

Los tres amigos. Bolivia y Peru - faltam apenas três.


6.9.07

A Mexicana

Não sei se alguém já assistiu esse filme mas eu já, inclusive o tenho. (coleciono os filmes que a Julia Roberts atua). Fato é que me lembrei de um diálogo entre a personagem dela e do Brad Pitt que tem muito a ver com o que ando passando. Num determinado momento ela se questiona: se a gente briga tanto, é tão diferente um do outro, ele não me entende, não quer mudar em nada e mesmo assim temos saudades um do outro e não conseguimos ficar longe, quando é a hora de terminar? A resposta que ela dá pra si mesma: nunca. Ela faz a mesma questão pra ele e a resposta, para surpresa dela, depois de tudo que ela sofreu é: nunca.

E após todos os contratempos desde domingo, as conversas, reflexões e choros derramados recebi a foto abaixo de uma amiga minha e pensei: estamos presos. não há como fugir. Mostrei à ele, e para minha supresa ele disse: concordo.

Volto a ver o céu de azul brilhante, achar meu cabelo bonito, passar perfume e sorrir a toa. Esta é realmente a mágica do amor.






4.9.07

[ reflexão ]

pra variar, cá estou analisando a vida
vendo o melhor momento pra saltar de cabeça,
pra desistir de pular ou pra continuar nadando

áries com câncer + tpm = hunfs eternos
_______________________________
tempo tempo tempo mano velho








8.8.07

Mudanças ...

As pessoas mudam? Com o passar do tempo elas mudam?

Hoje eu fui entrar no orkut e vi que uma garota que nunca gostei muito me adicionou. Ao mesmo tempo que lembrava do jeito dela sempre doido e meio forçado fiquei pensando nos amigos que tivemos em comum. E ao ver os amigos dela encontrei vários que também foram meus. Foram nossos. E pensei: se compartilhávamos os mesmos amigos erámos também amigas. E assim as coisas bobas e chatas começaram a se tornar boas lembranças. Nossas risadas, nossas bobeiras, as correrias pela escola, as duas classes unidas, o grupo chorando na viagem de formatura. Como é bom lembrar este tempo. Bom ver que todos cresceram, em fotos bonitas e sorridentes. Vi minhas fotos , vi meus amigos. Tenho novos, tenho um grupo de 28 que sempre andam juntos.

Mas nada se compara à classe de 26 alunos do ginásio. Com a escola prestes a falir e nós com sonhos e vontades alimentados nas aulas de educação física, artes e inglês. Eram bons professores e bons colegas. Bons amigos e ótimos inimigos. Daí passaram-se exatos 10 anos.
Acabo de falar com minha melhor amiga. Amiga desde os 11 que fazia parte desses 26. Conversamos muito e comentamos dessa amiga que não era amiga. Resolvi acreditar que as pessoas mudam e mais: escrever para ela e organizarmos um reencontro.

Pensei se era o certo, se dá para voltarmos no tempo. Não sei, mas em época de tantos problemas no dia a dia é bom dar risada com algumas coisas, mesmo que seja com amigos antigos lembrando do passado, sendo feliz por alguns instantes.

3.8.07

Sexta-feira

A tão esperada sexta-feira ! Ah ... como eu gosto! Como é bom !

A semana se passou com a abertura da CPI do acidente da TAM (e as horríveis manchetes nos jornais com as últimas palavras dos passageiros) ; passou com a greve do metrô que também ocupou manchetes de jornais e passou com a eterna reviravolta climática: frio de 5º de manhã e calor de 22º à tarde.

O que me espera para o final de semana? Bom, isso eu sempre sei. Sempre ando programada para as coisas que tenho que fazer. Isso às vezes me faz mal ... minha vida parece ser sempre organizada e com tarefas a cumprir. Daí se não dá tempo fico estressada. Sábado passado, por exemplo, fiquei com a tarde dividida em 4 lugares. Passei duas horas em cada um, com pessoas diferentes, andando de carro pra lá e pra cá. Ah ... Daí hoje, chega sexta-feira também me pego cobrando sobre meus planos para este sábado e domingo.

Se bem que até agora não tenho nada programado para sábado à tarde, nem para de noite. Ótimo, isso me abre um leque de possibilidades. Mas nem quero pensar nelas, acho melhor deixar chegar o amanhã e continuar contente com minha sexta-feira.

Uma vez um amigo meu comentou comigo sobre uma sexta-feira ... "que dia é esse que começa com trânsito, pessoas correndo, com sol, mas com uma boa energia no ar ? só podia ser seu aniversário, você é uma sexta-feira: querida e brilhante". Dei risada e achei engraçada toda a metáfora. Hoje me lembrei deste comentário. Realmente pareço uma sexta-feira, talvez por isso me identifique tanto com esse dia. Mas uma coisa é certa: eu preciso aprender a curtir o agora.

31.7.07

Nossa música ...

Todos nós temos alguma música que marcou um momento em nossas vidas. Pode ser a música que tocou na nossa formatura, a música que tocou numa festa, músicas que relembram nossa infância - como as famosas trash 80, músicas que tocaram em festas e bailinhos, músicas de novelas, trilhas sonoras de filmes ou então, a música que nos embalou no nosso primeiro encontro, no nosso primeiro beijo.
Pois bem, dentro do meu namoro eu tenho várias músicas que marcaram meses, beijos, festas e que curtimos juntos e que ainda gostamos. Temos "Your Song" que descobrimos num casamento recente que ambos gostavam e que nos levou a correr para a pista e dançar juntos. Temos algumas de bossa nova de um cd da irmã dele que nos embalaram numa volta de viagem para Parati, temos até uma de black music que é triste mas que faz meus olhos brilharem quando vejo ele dançar envergonhado. De todas, a que mais nos marcou e que ele sempre lembra é "Vamos fugir" versão Skank. É impressionante como no momento que tocava essa música todas as estrófes e versos faziam sentido.
Ouvimos "Vamos fugir" numa época que o que mais queríamos era fugir juntos para qualquer lugar onde somente a companhia um do outro bastasse. Hoje, conseguimos conviver com a paixão, o amor, a amizade e com as pessoas à nossa volta tranquilamente. Vivemos bem e temos a certeza que há outras músicas que ainda estão por vir e que vão marcar outros momentos.
Hoje faz 01 ano e 4 meses que estamos juntos mas, sem querer parecer egoísta, fico ainda com uma pontada da mesma sensação de uns meses atrás: querendo fugir para bem longe e de preferência, com ele.

30.7.07

O começo ...

O começo de qualquer coisa nova é sempre difícil. Seja o começo de uma dieta - que geralmente começa numa segunda-feira como hoje, o começo de um livro - que não sabemos se vamos gostar, o começo de um namoro - que não há como prever se vai dar certo e outros exemplos de começo.

Eu estou sentindo na pele como é começar um blog. Sem ter a menor noção de como serão meus desabafos, escritos e palavras.

Bom, mas se eu pensar bem, minha vida é assim: sempre com coisas no caminho que requerem um recomeço.

E assim, eu começo.