28.10.09

vai contar o quê para o neto?



Ah! ... o verão!
Dizem que é a estação da perdição.
É por que é no verão que você tudo aquilo que vai contar para seus netos, bisnetos, tataranetos um dia.
Dormir de cueca, dormir de calcinha é só no verão!
Viajar para montanha, para cachoeira, para o balneário é só no verão!
É no verão que o amor floresce
O amor à preguiça
Amor ao sol
Ou até mesmo o amor por uma sirigaita ou uma dúzia de sirigaitas
Por que não? Seja otimista rapaz.
Vai contar o quê para o neto?
Que ficou jogando o dominó? Não ...
Vai contar que pulou da pedra
Comeu churrasco
Deu cambalhotas
Essas coisas que a gente só faz no verão
Ah, o verão ...
O verão é agora. E tá redondo.
Yeah. Yeah


Eu sei que não estamos no verão ainda, mas lembrei desse comercial e resolvi postar.


A vida é agora.

23.10.09

o vento



agora, parece que combina e é bem mais leve

posso ouvir o vento passar, assistir a onda bater, mas o estrago que faz, a vida é curta pra ver. eu pensei, que quando eu morrer vou acordar para o tempo e para o tempo parar. um século, um mês, trêssvidas e mais um passo pra trás? por que será? vou pensar

como pode alguém sonhar o que é impossível saber. não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer. e isso eu vi. o vento leva. não sei mais, sinto que é como sonhar, que o esforço pra lembrar, é a vontade de esquecer. e isso, por que? diz mais.

uh. se a gente já não sabe mais, rir um do outro meu bem. então, o que resta é chorar. e talvez, se tem que durar, vem renascido amor, bento de lágrimas. um século, três, se as vidas atrás, são parte de nós. e como será?

o vento vai dizer lento o que virá. e se chover demais, a gente vai saber, claro de um trovão, se alguém depois sorrir em paz. só de encontrar...ah.

20.10.09

o homem do saco


Mula sem cabeça. Bicho papão. Homem do saco. Cuca. Não sei se hoje em dia as crianças sabem quem são esses bichos folclóricos em tempos de tantos video-games, sequestro relâmpago, irmãos Cravinho, etc. Mas eu ainda me lembro das "cantigas de ninar" que sempre tinham um desses bichos no meio do verso.

Bom, conforme vai passando o tempo, os medos mudam. Havia época que meu medo era a prova de matemática e de desenho geométrico (meu compasso sempre abria e furava a folha). Isso tudo até descobrir que existia física e química (aaargh pra quê tanta fórmula? a teoria já era suficiente). E os anos foram passando. O medo começou a se tornar algo mais profundo. Medo de amar, medo do novo, medo do primeiro emprego, medo de chefe (é, existe). Medos.

Agora, a explicação deste post: eu tenho medo de um cara que mora no meu prédio. E não. Não é como aquele velhinho do Esqueceram de Mim. Não é porque não existe uma lenda sobre ele, nem tão pouco um mistério. Tenho medo porque ele fez uma brincadeira comigo muito de mal gosto e desde então, tenho medo.

Foi na semana passada. Eu voltava do cinema por volta das 23h40. Desci do ônibus (o ponto é na frente do prédio) e esperei o porteiro abrir o portão. Daí vi que ele se aproximou, esboçou um sorriso e entrou comigo. Vi que ele também fechou o portão e saí andando calmamente para meu bloco. Notei pelas sombras (sombras!) que ele também se dirigia para meu bloco. O elevador nos esperava.

Entrei, segurei a porta até ele chegar e mais um esboço de sorriso. E então, apertei meu andar. Ele, nada. Fiquei pensando se ele era meu vizinho de porta e eu nunca o tinha visto até ele me fazer a seguinte pergunta: Para entrar neste prédio tem que ser morador? Sim, respondi pensando na pergunta idiota que ele havia feito. É? Por que eu não moro aqui. Logo, esse prédio não é nem um pouco seguro né? Gelei. Senti meu coração duro. Havia acabado de assistir Salve Geral, era quase meia noite e o cara me fala isso? Não, tem que morar aqui para entrar no prédio. Até que ele apertou o 7º andar, o elevador parou e ele soltou uma gargalhada: eu moro aqui ha 30 anos sua boba! Estou te enchendo. Foi minha vez de esboçar um sorriso.

Cheguei em casa dura. Boca seca. Coração na mão e mil palavrões na cabeça. Filho da puta era apelido. Pensem o que quiserem, mas eu, realmente não gostei nem um pouco da brincadeira. E se fosse verdade? E se aquele cara fosse mesmo um sem noção tarado-psicopata? Ah! E daí deu-se o medo. Por que, sempre que estou chegando em casa, encontro ele no ônibus. E agora ou desço um ponto à frente e volto ou desço um ponto antes e sigo depois à pé. Porque, o medo não é mais dele e sim de mim. Dependendo do meu humor, fico com medo de como irei enfrentá-lo.

17.10.09

sessentão

(Quase) tudo preparado. Aluguel fechado. DJ com set list pronto. Bolos na geladeira. Velhinhas separadas. Óculos escuro de vários tamanhos e modelos. Saia de bolinha engomada. Vestido da mamãe passado. O irmão com camisa nova e a cunhada de vestido novo também. Os convidados ainda confirmando e cheque para o estacionamento. Daí ficou faltando papel para embalar as balinhas de coco e então saímos para comprar.

Dois supermercados, uma papelaria e uma padaria. N-a-d-a. Onde estão aquelas prateleiras que tinham dentro dos mercados cheias de sacos de bexigas, copos coloridos, papéis de mesa temáticos e guardanapos fofos? Cadê os garfinhos de madeira, os pratinhos de bolo de papel e o balãozão para balas/chicletes/pirulitos? Foi-se uma época. Agora é tudo de plástico (grgrgrgr), branco, transparente, oco, opaco, vazio, simples. A comemoração dos aniversários se tornou uma breguice, uma coisa trabalhosa e, para quem tem $, glamurosa.

Gasta-se milhões com o aluguel de buffet e a essência gostosa de ter gelatinas coloridas, mesa feita com as próprias mãos e as balinhas de coco embaladas, se perdeu. Saímos de lá um pouco angustiados. E a única coisa que eu disse foi: tudo bem pai, sua festa será um arraso do começo ao fim. Porque ele merece. Porque sessentão é pra comemorar mesmo!

Elvis Presley aí vamos nós!

4.10.09

14/09 - 12:51 e hoje


Foi pela fresta da janela. As lágrimas escorriam enquanto eu pensava na última frase que ela havia me dito antes de desligar a ligação: eu sou um ombro que estará sempre ao seu lado. Mesmo que eu não concorde e que morda meus lábios. Eu sempre vou estar com você, indepdendente da sua decisão. Mãe é mãe.

Enxerguei meus olhos mais inchados, senti meu coração palpitando, vi meu rosto manchado, soltei os lábios secos e olhei a chuva cair. Foi pela fresta que tive os meus minutos decisivos. Foi ali no meio dos prédios que enxerguei as palavras soltas formando uma única frase: quando o amor acaba? A dúvida me fez soluçar.

Levei as mãos no rosto, soltei baixinho todas as lembranças gostosas. Não havia uma raiva se quer, uma dúvida, nada. Só havia amor, paz e alegria. E então, por tudo isso, havia a dor. Senti o coração oprimido, sofrendo, apertado. Dei novamente um suspiro, mas de alívio não se soltou nada. Continuei vendo a chuva cair, misturada com as lágrimas e com a certeza que batia na mente: acabou. E então me peguei olhando o celular enorme com a tela manchada e sem vida.

O que nos faz viver? O que nos causa borboletas no estômago? Não é o amor? E como viverei sem amor? Como ele viverá sem amor? Como o amor se reinventa e se transforma? Então enxuguei as lágrimas. Vi meus dedos borrados de preto. Senti o calor da tristeza e fechei a janela deixando a chuva lá fora.

Quando me sentei novamente à mesa, li a seguinte frase:

"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Provérbios 4.23

Pois então, guardemos nossos corações.