23.10.15

a gangorra

Uma vez eu escrevi um post curto sobre isso, mas como novamente aconteceu uma situação parecida, achei melhor fazer um post maior, neste espaço que pouco uso, mas que guarda as minhas melhores escritas e intenções. A relação que tenho com QUALQUER PESSOA na minha vida acontece por meio da metáfora da gangorra - que pode ser facilmente explicada:

'Quando eu era criança costumava brincar num singelo parquinho que tinha no sítio do meu avô. Tínhamos duas gangorras, um gira gira e uma balança (meu brinquedo favorito). Bom, sempre que eu estava na gangorra, fosse com meu irmão (que tinha o mesmo peso pena que o meu) ou com minha mãe (que tinha a massa corpórea de um adulto normal) eu tentava equilibrar a gangorra. Essa era a parte mais divertida para mim: quando tirávamos os pés do chão e conseguíamos 'ajeitar' nossos pesos de tal jeito que ficávamos equilibrados sem a gangorra se mexer. Quando não dava mais, o que acontecia? Ríamos e voltávamos facilmente a nos mexer: ora eu estava lá em cima, ora lá embaixo. Algumas vezes, meu primo ou meu irmão "me prendiam" lá no alto e eu ficava com as perninhas magras balançando (e provavelmente) chorando e pedindo: me solta, deixa eu descer. Eles deixavam, ríamos e eu tentava fazer o mesmo (em vão, rssrs).

Pois bem. Eu me relaciono da mesma forma com as pessoas na minha vida. Sejam amigos, colegas, alunos, familiares, namorados, ficantes, etc. Tento ao máximo deixar a gangorra em movimento e quando chegamos a deixá-la equilibrada é porque estamos no ápice. É quando não há cobrança por nenhum dos lados, quando estamos compartilhando da mesma vontade e desejo. É quando eu passo horas num barzinho com uma amiga, jogando conversa hora, sem ver a hora passar. É quando me deito no sofá da casa dos meus pais e fico ali por horas recebendo conselhos e falando da vida. É quando ligo para meu irmão e temos a mesma sintonia e saudade. É quando troco os melhores beijos e carinhos com alguém especial. 

Mas, quando fico lá no alto tentando descer, fazer algum movimento, continuar brincando e a outra pessoa decide que a brincadeira vai ser do jeito dela, me deixando presa no alto para voltar a brincar comigo somente quando ela quer e na hora que ela quer, eu simplesmente olho de cima a situação (de onde se tem uma visão melhor das coisas), tento chamar a pessoa e conversar. Mas quando ela não quer ouvir de jeito algum então eu pulo. E, bem, vocês devem imaginar o que acontece certo? Se eu pulo e caio no chão, posso muito bem me levantar e procurar outro brinquedo para brincar ou outra pessoa para ficar na gangorra comigo. Agora, quanto à outra pessoa, provavelmente a queda/susto será muito maior'.

É assim que as pessoas entram e saem da minha vida. E é pensando nessa metáfora que consigo facilmente ficar da balança olhando a gangorra livre para sentir novos e velhos equilíbrios.