23.10.08

tic-tac

Nasci ao meio dia. Os médicos estavam almoçando. Minha mãe quase me perdeu e meu pai estava trabalhando. A salvadora foi minha avó que brigou com as enfermeiras e levou minha mãe à sala de parto.

Uma vez no balé, em plena cena da apoteose, a professora resolveu retirar do palco todas as abelinhas porque as antenas da fantasia estavam prendendo nas antenas das joaninhas. Eu era uma das abelinhas e fiquei prendendo a minha antena de propósito só para zoar com a joaninha chata da minha frente que ficava batendo as asas no meu joelho.


Quinta-série, escola nova, eu a mais velha da turma e a menor em tamanho. Resolvi cabular a aula de ciências dentro do armário da classe. Na hora da chamada, a professora disse meu nome e não respondi. Após a aula eu e Laura Tereza saímos do armário (sim, estávamos em duas) e encontramos a professora na fila da cantina. Advertência para as duas e o sorrisinho maléfico por dentro.


Meu avô resolve ter uma nova namorada meses depois da minha avó falecer. Era noite de verão, os dois netos com sono e uma festa da cerveja bizarra nos esperava. A idéia: prender o salto da véia no pé da cadeira. Tombo, copos de plástico e garrafas no chão. Ela era chata, usava um perfume horrível, tinha unhas enormes e sabia que ela ia armar pra cima dele. Meus pais vibraram.


Anos à frente, em busca de mais um estágio sou questionada na segunda entrevista se eu tinha mais alguma dúvida sobre o método de trabalho. A pergunta: seu signo, por favor? Isso não vem ao caso. Pode ser que para você não, mas, para mim, sim. Fui contratada.


A questã toda é: às vezes é preciso ousar. Sair da rotina, criar, inventar, tentar, arriscar. Mas o que me pega lá dentro, é a dúvida: será que quem está sempre inventando algo consegue sossegar um pouco? Eu sou uma pessoa que, metaforicamente falando, odeio aquelas portas giratórias de banco sabe? Como transformar a rotina em algo prazeroso? E como fazer os outros perceberem que a rotina é um sucks? Tem um lado aqui meu que odeia o dia a dia. E tem o lado racional que vive muito bem com isso e é viciado em rotinas, manias, horários e ordem.

Enfim, coisas minhas. Vocês não têm nada a ver com isso, eu sei. Mas, quem quiser, pode opinar. Às vezes, fico de saco cheio de brincar de paciência. De esperar que as coisas mudem no tempo certo, como tem que ser. Mas daí vem aquele meu principal problema: a porra da ansiedade que eu tenho. Quem mandou eu nascer às 12h sem médico de plantão?

17.10.08

Me voy

Faz tempo que não passo por aqui. E não sei como, em meio ao caos, crise, correria, monitoramento de Internet, páginas bloqueadas, códigos e dificuldades de acesso eu consegui uma brecha. Repetindo: não sei como. Consegui e cá estou. He he he.

E é tanta coisa que eu gostaria de comentar que vou optar por um tema que é sempre bem vindo e deixa as pessoas felizes: viagens. Eu adoro e não conheço uma pessoa que não goste. Nem que seja para ir até o sítio do amigo que chamou uma galera pra um churras sem carne e com muita breja ou para visitar o tio avô gago que vive com passarinhos e cachorros fedidinhos.

O tema surge porque meu irmão voltou hoje da Itália, meu namorado vai para Itú de noite e eu vou para Pernambuco daqui uma semana. Ai como faz bem tudo isso! Fora que tenho um visitante-amigo-da-amiga que estava em Ilhéus nesta semana (eu acho) e pelos posts sentia-se super bem e confortável por lá (e quem não se sentiria, não?!)

A história da arte e da arquitetura italiana foi resumida com muitos gestos, palavras e sono hoje de manhã. Voltamos de Guarulhos com meu irmão relembrando todas as esquinas, garrafas de vinhos, aulas, pastas degustadas e amigos conhecidos. Os olhos ainda brilhavam guardando nos sorrisos as mais deliciosas lembranças. E eu nem senti inveja de nada, mas um orgulho daqueles!

E quanto à Pernambuco, ando contando os dias. Me disseram que fui premiada internamente e que mereço curtir os passeios, treinar meu espanhol e descansar um pouco. Un poco? Hehehehe

6.10.08

what the world needs now?

Ando meio de saco cheio de blog. Queria saber se mais alguém se sente assim. Com vontade de ficar menos no espaço virtual e mais no real. De tocar as pessoas, abraçar, olhar no olhos e sentir a alegria de um sorriso de perto. Acho que o mundo está precisando mais disso. Porque, quando chega a hora de discutir ou falar a verdade, ninguém consegue. A emoção aflora da maneira mais estranha e muitos chegam a brigar por besteira ou sofrer demasiadamente.

Na realidade, eu gosto muito daqui. É como se tudo que eu penso e sinto pudesse ser transformado em pequenas letras e frases. Mas fico feliz em ter essa reflexão e saber separar que se a saudade aperta, um telefonema e um reencontro valem mais que mensagens instântaneas e códigos ortográficos modernos. Nada vale mais que um olhar e um sorriso. Que um abraço e um beijo. Vale mais que 1000 palavras, de verdade.

Ontem, por exemplo, eu estava na casa do meu namorado e abraçei a irmã dele. Quanto tempo eu não via aquela bichinha!.. Foi rápido, mas foi tão gostoso. E depois ficamos todos na mesa conversando 'um em cima do outro' e comendo aos montes. Aquela coisa deliciosa de casa cheia. E depois de todo o mimo da sogra fazer uma fornada de pão de queijo, teve a sessão filme- porcaria- engraçado, cheeeeio de comentários maldosos.

Na volta para casa, fiquei no carro de trás seguindo o carro dele. Trocamos beijinhos e risos pelos espelhos até chegar em casa. É coisa besta, de casal apaixonado, mas foi divertido ver ele mudar de faixa quando eu também ia mudar. Darmos seta ao mesmo tempo e seguirmos pela ponte na mesma velocidade. São essas pequenas coisas que tornam a vida boa.

E enquanto no rádio hoje de manhã tocava essa música: What the world, needs now? Is love sweet love. Eu pensava em vir aqui e perguntar isto: Você já abraçou alguém hoje?

2.10.08

um tapa

Eu nunca imaginei que postaria algo sobre este assunto: escrever sobre certas pessoas. Geralmente, eu deixo no ar mesmo. Para quem entender, pegar a mensagem. Sei lá porquê. Só que, hoje, eu quero falar sobre uma pessoa. Uma mulher como eu e como qualquer uma. Porque se ela tem defeitos, eu também tenho e todos nós temos. Mas acontece, que, ultimamente, ando percebendo que ela os tem demais. É possível? É. E quais são? Ah, são vários. Então diga. Pois é aí que está o problema: acho que é tudo uma questão única e nunca sei se cabe a mim julgar, mas como tenho (e ainda bem, que todos temos) esse direito de ir e vir, lá vai um exemplo que eu fiquei assustada, para não dizer outra coisa.

Acabei de entrar no g-talk para ver se falava com alguém do planeta Terra (porque nos últimos dias estou vivendo em Marte). Daí ela me solta o seguinte diálogo:

- Como andam as coisas?
- Bem e você?
- Agora estou menos atolada. Nesta semana parou o sistema e acumulou um monte de trabalho. Estava cheia de coisas para fazer. Mas agora, melhorou.
- Sei ... q droga.
- É, e vc? Tudo bem?
- Tudo. Tá osso por lá. Trabalhando demais. Saindo super tarde, chegando cedíssimo. Mas tudo ok. Aprendizados .... o problema é que com a crise toda, tudo piora.
- Deve ser foda. Mas, que crise?

Pausa. Como assim: que crise? Crise de dor de barriga? Crise de dor de dente? Crise de enxaqueca? Ai santo. Eu sei. Eu sei que muita gente me condena porque faço essas cobranças jornalísticas e malas com os outros. Eu mesma faço minha mea culpa porque há muitas coisas que acontecem no mundo e eu não fico sabendo. Como, por exemplo, a morte da Dercy Gonçalves - sim, fui saber quase 15 dias depois. Mas, esta de perguntar: que crise? Será que ela não passa em frente à nenhuma banca de jornal? E nem seria necessário comprar o jornal ou a revista, mas apenas ler as manchetes dos últimos dias. É pedir muito? É pedir muito para uma pessoa que passa o dia todo em g-talk, orkut, fotolog, MSN dar uma entradinha no Uol de vez em quando e ler alguma matéria sobre o assunto?

Ah. E piora. Sempre tem como piorar. O diálogo prosseguiu com ela falando que tava meio por fora nesses últimos dias. Meio por fora? É por isso que eu digo (e isso venho repetindo ha alguns dias para mim mesma): é preciso selecionar. Passam-se os anos e cada vez mais eu seleciono. Fecho o grupo, ligo para quem eu quero. Falo com quem eu quero. E abro, com toda a alegria do mundo, a cabeça e os braços, me jogando no tempo para boas conversas e gente interessante. Enough.