20.10.09

o homem do saco


Mula sem cabeça. Bicho papão. Homem do saco. Cuca. Não sei se hoje em dia as crianças sabem quem são esses bichos folclóricos em tempos de tantos video-games, sequestro relâmpago, irmãos Cravinho, etc. Mas eu ainda me lembro das "cantigas de ninar" que sempre tinham um desses bichos no meio do verso.

Bom, conforme vai passando o tempo, os medos mudam. Havia época que meu medo era a prova de matemática e de desenho geométrico (meu compasso sempre abria e furava a folha). Isso tudo até descobrir que existia física e química (aaargh pra quê tanta fórmula? a teoria já era suficiente). E os anos foram passando. O medo começou a se tornar algo mais profundo. Medo de amar, medo do novo, medo do primeiro emprego, medo de chefe (é, existe). Medos.

Agora, a explicação deste post: eu tenho medo de um cara que mora no meu prédio. E não. Não é como aquele velhinho do Esqueceram de Mim. Não é porque não existe uma lenda sobre ele, nem tão pouco um mistério. Tenho medo porque ele fez uma brincadeira comigo muito de mal gosto e desde então, tenho medo.

Foi na semana passada. Eu voltava do cinema por volta das 23h40. Desci do ônibus (o ponto é na frente do prédio) e esperei o porteiro abrir o portão. Daí vi que ele se aproximou, esboçou um sorriso e entrou comigo. Vi que ele também fechou o portão e saí andando calmamente para meu bloco. Notei pelas sombras (sombras!) que ele também se dirigia para meu bloco. O elevador nos esperava.

Entrei, segurei a porta até ele chegar e mais um esboço de sorriso. E então, apertei meu andar. Ele, nada. Fiquei pensando se ele era meu vizinho de porta e eu nunca o tinha visto até ele me fazer a seguinte pergunta: Para entrar neste prédio tem que ser morador? Sim, respondi pensando na pergunta idiota que ele havia feito. É? Por que eu não moro aqui. Logo, esse prédio não é nem um pouco seguro né? Gelei. Senti meu coração duro. Havia acabado de assistir Salve Geral, era quase meia noite e o cara me fala isso? Não, tem que morar aqui para entrar no prédio. Até que ele apertou o 7º andar, o elevador parou e ele soltou uma gargalhada: eu moro aqui ha 30 anos sua boba! Estou te enchendo. Foi minha vez de esboçar um sorriso.

Cheguei em casa dura. Boca seca. Coração na mão e mil palavrões na cabeça. Filho da puta era apelido. Pensem o que quiserem, mas eu, realmente não gostei nem um pouco da brincadeira. E se fosse verdade? E se aquele cara fosse mesmo um sem noção tarado-psicopata? Ah! E daí deu-se o medo. Por que, sempre que estou chegando em casa, encontro ele no ônibus. E agora ou desço um ponto à frente e volto ou desço um ponto antes e sigo depois à pé. Porque, o medo não é mais dele e sim de mim. Dependendo do meu humor, fico com medo de como irei enfrentá-lo.

2 comentários:

Virgínia Ribeiro disse...

Chel!!!
Ele merecia um ataque de fúria! Que homem besta!!! Fala sério!
bjus

Marcelo disse...

Nossa, me fale quem é ele que vou falar umas poucas e boas. Merecia, no mínimo, um 'ha, ha, que engraçado, né?' (super ironicamente).
Beijos!