Mula sem cabeça. Bicho papão. Homem do saco. Cuca. Não sei se hoje em dia as crianças sabem quem são esses bichos folclóricos em tempos de tantos video-games, sequestro relâmpago, irmãos Cravinho, etc. Mas eu ainda me lembro das "cantigas de ninar" que sempre tinham um desses bichos no meio do verso.
Bom, conforme vai passando o tempo, os medos mudam. Havia época que meu medo era a prova de matemática e de desenho geométrico (meu compasso sempre abria e furava a folha). Isso tudo até descobrir que existia física e química (aaargh pra quê tanta fórmula? a teoria já era suficiente). E os anos foram passando. O medo começou a se tornar algo mais profundo. Medo de amar, medo do novo, medo do primeiro emprego, medo de chefe (é, existe). Medos.
Agora, a explicação deste post: eu tenho medo de um cara que mora no meu prédio. E não. Não é como aquele velhinho do Esqueceram de Mim. Não é porque não existe uma lenda sobre ele, nem tão pouco um mistério. Tenho medo porque ele fez uma brincadeira comigo muito de mal gosto e desde então, tenho medo.
Foi na semana passada. Eu voltava do cinema por volta das 23h40. Desci do ônibus (o ponto é na frente do prédio) e esperei o porteiro abrir o portão. Daí vi que ele se aproximou, esboçou um sorriso e entrou comigo. Vi que ele também fechou o portão e saí andando calmamente para meu bloco. Notei pelas sombras (sombras!) que ele também se dirigia para meu bloco. O elevador nos esperava.
Entrei, segurei a porta até ele chegar e mais um esboço de sorriso. E então, apertei meu andar. Ele, nada. Fiquei pensando se ele era meu vizinho de porta e eu nunca o tinha visto até ele me fazer a seguinte pergunta: Para entrar neste prédio tem que ser morador? Sim, respondi pensando na pergunta idiota que ele havia feito. É? Por que eu não moro aqui. Logo, esse prédio não é nem um pouco seguro né? Gelei. Senti meu coração duro. Havia acabado de assistir Salve Geral, era quase meia noite e o cara me fala isso? Não, tem que morar aqui para entrar no prédio. Até que ele apertou o 7º andar, o elevador parou e ele soltou uma gargalhada: eu moro aqui ha 30 anos sua boba! Estou te enchendo. Foi minha vez de esboçar um sorriso.
Cheguei em casa dura. Boca seca. Coração na mão e mil palavrões na cabeça. Filho da puta era apelido. Pensem o que quiserem, mas eu, realmente não gostei nem um pouco da brincadeira. E se fosse verdade? E se aquele cara fosse mesmo um sem noção tarado-psicopata? Ah! E daí deu-se o medo. Por que, sempre que estou chegando em casa, encontro ele no ônibus. E agora ou desço um ponto à frente e volto ou desço um ponto antes e sigo depois à pé. Porque, o medo não é mais dele e sim de mim. Dependendo do meu humor, fico com medo de como irei enfrentá-lo.
2 comentários:
Chel!!!
Ele merecia um ataque de fúria! Que homem besta!!! Fala sério!
bjus
Nossa, me fale quem é ele que vou falar umas poucas e boas. Merecia, no mínimo, um 'ha, ha, que engraçado, né?' (super ironicamente).
Beijos!
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