17.1.10

a queda

Ele ia desligar o telefone quando eu disse: ah, bem que poderíamos almoçar juntos, não?! Ok. O encontro seria no vão livre do Masp. Que horas, pai? 12h30? Não, meio dia. Quando eram 11h50 travei o computador, peguei minha bolsa e saí.

Virei a esquerda e fui andando devagar, olhando para o termômetro, pensando no calor que estava fazendo e como estava sol. Ajeitei o cabelo para a esquerda e fiquei torcendo o mísero rabo que se formava nas minhas mãos. Chegando perto do Masp avistei meu pai de longe. Ele falava ao celular sem muitos gestos, com toda descrição que só ele tem. Eu tentava imaginar que horas eram e se estaria atrasada. Normal, coisa de paulistano.

Daí, esperei um carro passar e vi que o outro que subia teria que esperar este da frente entrar na Paulista - o que não seria muito fácil, porque geralmente ninguém dá a vez - então, decidi atravessar entre os dois carros, como todos estavam fazendo. Algo simples, que nem tem muito o que pensar e nem merece isso tudo de detalhe. Na verdade, não merecia até eu tropeçar no nada.

Tropeçei e senti a sensação mais esquisita da vida. Meu corpo foi indo para frente como uma caneta que cai da mão e a gente tenta segurar. Comigo foi o mesmo. Tentei parar. Tentei ficar com o corpo reto. Em vão. Cada vez que eu tentava eu curvava mais para frente e continuava caindo. Plof.

A queda se deu já do outro lado da rua, de cara. Depois, não teve depois. Não me lembro como me virei, não me lembro da dor, nem me lembro das pessoas. Mas sei que eram várias. Umas seis pessoas em volta me ajudando a sentar e me olhando espantadas. Uma moça pedia desculpas por não ter conseguido me segurar a tempo, um homem me perguntava se eu estava correndo e uma outra mulher dava bronca no homem: claro que não, eu vi ela caindo.

Eu não entendia nada. Agradecia e só conseguia repetir as mesmas palavras: nossa, que estranho. No fim, a calça preta estava inteira branca, a blusa roxa também branca e o braço esquerdo, vermelho. O machucado estava tão feio e tão ardido que naquele dia trabalhei até as 23h e só me preocupava em não dobrar muito o cotovelo.

Depois, no dia seguinte é que senti o caroço. Meu antebraço, doía tal qual quando se faz muita musculação ou quando se carrega muito peso. Chegando no hospital (a primeira vez no ano - eu poderia fazer coleção das pulseirinhas do São Camilo), fui surpreendida por não terem tirado minha pressão e por terem me enviado direto para a ortopedia. No consultório, o médico mal olhou meu braço e disse admirado, como se estivesse diante da Capela Sistina: que bela contusão heim?! Engessei.

Foram três noites dormindo com aquela bagaça e dois dias sem lavar a cabeça. Descobri o prazer que uma agulha de tricô pode proporcionar no ápice das coceiras e fiquei frustrada porque não deu pra ninguém escrever no gesso. A tipóia é um saco, sentei no banco azul do metrô, não peguei fila na Vivo e ainda assim fui na baladinha perto de casa onde todo mundo perguntava o que eu tinha feito (desde o cara da recepção até o barman da caipirinha). E agora, já sem o gesso e com o machucado cicatrizando a única coisa que queria entender é a razão do desmaio. Sei o que você deve estar pensando, mas, antes que você também me pergunte, não, eu não estou grávida. Deve ter sido os 32º daquele dia. Ou quem sabe, a abstinência de pães de queijo.

3 comentários:

*Livia* disse...

Eu tenho um palpite!! Trabalhando demais, será?!
To triste por vc já ter tirado o gesso que não dava pra escrever..rsrsrs

Bjoooooooo

Renato Souza disse...

ufa, ainda bem que vc não tá grávida. rs
mas concordo com o comentário acima... deve ter sido trabalho demais junto com a temperatura alta.
pelo menos não foi nada muito grave e ainda foi pra balada! hahaha

bejus Chel
Boy

Cinthya Rachel disse...

putz, que horrivel! espero q esteja bem! um bom ano pra vc! beijos