19.5.09

Just go

Foi agora pouco. Ia começar a assistir um filme, quando decidi dar uma olhada no SPTV e ver o que anda acontecendo no mundo - já que a manchete da Folha trouxe a notícia da fusão entre a Sadia e a Perdigão e eu ainda continuo de férias.

A Sandra Amorim estava sorrindo e havia acabado de anunciar uma matéria sobre intercâmbio. Desta vez, o país escolhido era a Grã-Bretanha. O repórter narrava algumas verdades sobre fazer uma viagem para Londres e ao fundo tocava uma música tipicamente inglesa. Daí, bateu a saudade.

A matéria relatava o sonho de muita gente de conhecer a capital da rainha mãe e aos poucos mostrava os prós e contras de se morar por lá, trabalhar e estudar. As imagens que se formavam se misturaram com as minhas boas lembranças de 8 anos atrás.

Em um momento, ele disse que a escolha em ficar numa casa de família pode ser a melhor opção para se treinar o idioma e, em seguida, mostrou dois pequeninos dando tchau para a câmera. Tal qual Ben e Sam faziam sempre que eu chegava em casa depois da escola ou depois do trampo no Burger King.

Esta pequena matéria de nem 5 minutos me trouxe ótimas recordações. Pude sentir o frio de andar naquelas ruas e ouvir as risadas dos meus colegas novamente. Por isso decidi parar o filme e vir correndo pra cá escrever em maiúscula: SE VOCÊ QUER FAZER UM INTERCÂMBIO, VÁ !

By the way, o filme que vou assistir é o clássico Titanic. Comprei esses dias e estou feliz da vida. A história pode ser melação demais e a Celine Dion já deu no saco, mas, a lição de vida que este filme passa é como esta matéria que vi agora: pra curtir a vida e seguir o coração.

Mais um parênteses: seria rídiculo eu citar os dois pequeninos que moravam comigo, sem colocar no mínimo uma foto deles aqui né? Com vocês: Benjamin e Samuel. Que devem estar enormes agora e nem se lembram mais de mim. huahauaaha


12.5.09

Mi amor

para Ronald

Ontem fui te visitar. Ganhei carona até o metrô, tomei o trem vazio e fui pensando em você. Desci na avenida movimentada, peguei outro ônibus e quando achei que estava perto, ele virou outra rua, eu desci e tive que tomar um outro.

Fazia sol e calor. Pensava como era difícil voltar à realidade da cidade grande, depois de ter ficado uma semana toda fora, nas praias do nordeste. Comparei a tranquilidade daquelas areias calmas com o asfalto preto e pesado. Lembrei do vento refrescante nos meus cabelos e da pequena brisa que se esforça em passar entre os prédios. E daí, lembrei de você novamente.

A chegada no hospital foi rápida, a entrada sem a menor burocracia. Tudo estava branco demais, silencioso demais e calmo demais. Quando te encontrei no quarto soltei um sorriso por ter a chance de te ver, de poder te visitar e ficar ali admirando seu jeito calada, segurando um choro e um sorriso. Lembrei de nós dois conversando em espanhol, você me dizendo que iria guardar dinheiro para meu casamento e o jeito que você dizia sempre que a gente se encontrava: mi vida, mi amor.


Foi pouco tempo. Pensei em tocar em você para ficarmos mais próximos. Mas achei que eu iria acordá-lo. Então observei você dormindo. Respirando profundamente, tremendo de vez em quando, tossindo forte e franzindo a testa. Este foi o momento da dor. Tentei imaginar a dor que você sentia, mas isso é impossível para quem está bem. Então me despedi em pensamento. Saí devagar, falando baixo para continuar deixando tudo calmo para você.

A volta foi difícil. Melodias tristes me acompanharam até entrar na igreja. Rezei por você novamente e voltei a sentir aquele alívio estranho que sinto quando alguém se vai. Entrei em casa, respirei fundo e, novamente, um passarinho pousou na janela. Desta vez não era uma maritaca ou um sabiá. Era um beija-flor preto. Ficou ali por alguns segundos e se foi. E eu sabia, lá dentro de mim, que era você.