11.6.08

menina dos olhos

Se for por partes fica mais fácil? Então vamos tentar. É sempre assim ó: percebo que a chefe está séria demais. O olhar parado e a boca aberta fixando os pensamentos em respostas de e-mails. A tarde vai caindo com cada um fazendo suas coisas. Daí ela recebe um e-mail. Não, não é um e-mail qualquer. A mensagem vem cortada pelo sistema do black berry. Ela lê e cruzamos os olhares. Vejo-a soltar a respiração e imagino a única linha com as seguintes palavras: por favor, suba na minha sala quando der, preciso falar com você.

Já recebi esta mensagem algumas vezes também. Vem mesmo lá de cima. Chega de repente. Sem avisar, sem você prever. Tem gente aqui que se preocupa achando que vem coisa ruim, notícias tristes, despedidas e a passada no RH. Mas não. Na verdade esse temor é relativo. Eu sempre temo, mas não sobre esta possbilidade e sim sobre o quê vou ouvir. Coisas que serão discutidas e sempre (sempre!) os novos rumos a seguir.

Alguns mordem os lábios curiosos, outros acham que, simplesmente é uma conversa qualquer. Eu temo. Sempre me seguro nos eixos e nos meus objetivos na extensa subida ao oitavo andar. Mas, dessa vez foi ela. A minha chefe que subiu. Sabia que o maior ainda estava por vir. E sabia que a conversa envolvia meu nome, meu cargo, meu salário, meu futuro. E dá-lhe futuro.

A resposta para a névoa que se formava na minha mente veio em uma reunião feita num prédio luxuoso de São Paulo, com as duas presentes e uma mesa preta que nos separava. Tinha impressão que lá fora chovia. Ao mesmo tempo, tinha, a plena certeza que dali sairia alguma coisa boa. E saiu. Novas propostas. Novos rumos. Novas ambições e mais, muito, muito, muito mais crescimento.

Enquanto eu pensava nessa boa oportunidade e enchia (sim, enchia sim porque mereço) meu peito e meu coração de orgulho, pensava que uma vez ouvi na beira da pia do banheiro dos fundos: tem muita gente que está no mesmo nível que o seu e nunca sequer recebeu um e-mail dela, leve isso com você.

Levei. Até chegarmos na garagem eu engolia meu sorriso ambicioso e por dentro ouvia as tambores rufarem. É chegada a hora. Quantos metros será que tem esse pé direito? O teto daquele prédio estava baixo demais para minha alegria. Flutuei.

Um comentário:

Francisco disse...

Aeeee..... que beleza hein!!

Tá certo, tem que se encher de orgulho mesmo! Quando a gente se esforça por coisas que valem a pena a gente sempre, de maneira direta ou indireta colhe frutos!

Parabéns Chel!