Nasci ao meio dia. Os médicos estavam almoçando. Minha mãe quase me perdeu e meu pai estava trabalhando. A salvadora foi minha avó que brigou com as enfermeiras e levou minha mãe à sala de parto.
Uma vez no balé, em plena cena da apoteose, a professora resolveu retirar do palco todas as abelinhas porque as antenas da fantasia estavam prendendo nas antenas das joaninhas. Eu era uma das abelinhas e fiquei prendendo a minha antena de propósito só para zoar com a joaninha chata da minha frente que ficava batendo as asas no meu joelho.
Quinta-série, escola nova, eu a mais velha da turma e a menor em tamanho. Resolvi cabular a aula de ciências dentro do armário da classe. Na hora da chamada, a professora disse meu nome e não respondi. Após a aula eu e Laura Tereza saímos do armário (sim, estávamos em duas) e encontramos a professora na fila da cantina. Advertência para as duas e o sorrisinho maléfico por dentro.
Meu avô resolve ter uma nova namorada meses depois da minha avó falecer. Era noite de verão, os dois netos com sono e uma festa da cerveja bizarra nos esperava. A idéia: prender o salto da véia no pé da cadeira. Tombo, copos de plástico e garrafas no chão. Ela era chata, usava um perfume horrível, tinha unhas enormes e sabia que ela ia armar pra cima dele. Meus pais vibraram.
Anos à frente, em busca de mais um estágio sou questionada na segunda entrevista se eu tinha mais alguma dúvida sobre o método de trabalho. A pergunta: seu signo, por favor? Isso não vem ao caso. Pode ser que para você não, mas, para mim, sim. Fui contratada.
A questã toda é: às vezes é preciso ousar. Sair da rotina, criar, inventar, tentar, arriscar. Mas o que me pega lá dentro, é a dúvida: será que quem está sempre inventando algo consegue sossegar um pouco? Eu sou uma pessoa que, metaforicamente falando, odeio aquelas portas giratórias de banco sabe? Como transformar a rotina em algo prazeroso? E como fazer os outros perceberem que a rotina é um sucks? Tem um lado aqui meu que odeia o dia a dia. E tem o lado racional que vive muito bem com isso e é viciado em rotinas, manias, horários e ordem.
Enfim, coisas minhas. Vocês não têm nada a ver com isso, eu sei. Mas, quem quiser, pode opinar. Às vezes, fico de saco cheio de brincar de paciência. De esperar que as coisas mudem no tempo certo, como tem que ser. Mas daí vem aquele meu principal problema: a porra da ansiedade que eu tenho. Quem mandou eu nascer às 12h sem médico de plantão?