30.1.08

dia (fora do) normal

Hoje seria um dia normal. Acordei numa boa, levantei pensando na roupa que iria vestir. Tomei banho, comi panetone, leite e mamão. Dei bom dia aos meus pais, sequei o cabelo, passei perfume, peguei ônibus e metrô.


Ouvi algumas músicas calmas, altas, relaxantes. Pensei nas coisas que precisava fazer, pendências a resolver e contas a pagar. Meu bom humor estava às alturas, misturado com um pouco de sono e uma ressaquinha da noite passada. Mas tudo bem, o dia estava apenas começando e ainda estamos no meio da semana. Vai ser um dia comum. Pensei

Arrumava minha mesa quando uma colega veio ao meu encontro. Afobada, feliz, sem saber como dizer. A nossa amiga grávida se encontrava na maternidade. A bolsa havia estourado de madrugada. Uma ansiedade fora do comum disparou meu coração. Liguei para o marido. Deixei recado. Fiz minhas coisas. Liguei de novo. Ela está bem. Indo para a sala de parto.


É incrível como um dia normal muda em fração de segundos. Estou que não me aguento.

22.1.08

minhocas

Você acredita em alguma coisa? Acredita em você, na sua fé, nos seus amigos, nos seus sentimentos, nos seus sonhos? Você acredita no simples fato de que é importante acreditar em algo? Aliás, para quê você acredita?

Pois hoje eu parei e me peguei pensando nisto. Eu acredito em tantas coisas, pessoas, fatos, casos, lendas, histórias e verdades que fiquei pensando se não há um pouco de mentira nisso tudo que eu acredito.

Um namoro, por exemplo. Por mais que você acredite em tudo que ele fala, tem sempre alguma coisa que você desconfia. Ahá! Então você não acredita 100%. Em compensação há algumas coisas que ele faz e deixam você boquiaberta. Pronto. Agora você acredita demais. E é tanto que até dúvida. (se bem que aí depende do cara, se ele tiver fama de cuzão, você logo vai desconfiar de algo errado, aquela coisa: mto bom pra ser verdade). Bom, mas este não é meu caso. Eu acredito nele, em mim, no nosso amor, em nós.

Acredito tanto no amor e nessa coisa gostosa que a gente sente que fico pensando na possibilidade de terminar um dia. (que ruim, né? mas tenho disso. esse meu medo de perder o que está bom, de achar que não é possível ter a felicidade plena, de sempre ver o sorvete tão desejado cair com a bola toda no chão).

Bom, mas nem sempre é sobre o amor que eu fico pensando se acredito ou não. É sobre meus pensamentos, objetivos, conquistas, vontades. Há coisas que são tão complicadas de realizar que fico pensando se continuo a acreditar que serão realizadas. Também me pego horas pensando se aquele amigo é verdadeiro e continuará sendo seu amigo, se o chefe foi sério e vai cumprir o prometido etc. Se tudo o que acontece comigo, é verdade a ponto de acreditar e mandar ver!

O tempo passa e pessoas me dão conselhos. Eu volto a ter dúvidas mas mesmo assim, a força vital me corrói e, ainda bem, não consigo deixar de acreditar que vale a pena. Que no fundo, realmente, tudo vale a pena.

17.1.08

to do

Depois de ter feito uma caminhada de 70km em 4 dias achei que teria tempo suficiente de pensar na vida e dar rumo à algumas coisas. Mas não tive. (tempo na verdade eu tive de sobra, até quando as conversas tornaram-se banais e meu pensamento voava longe daqueles minutos vazios) Mas quem disse que consegui desligar de vez a mente aqui do Brasil? De São Paulo? Das pessoas amadas? E principalmente, do trabalho?

Em parte sim. Não me lembrava que a redação era tão grande, que a Paulista era tão barulhenta, que as pessoas insistem em falar alto e soltar gargalhadas. Mas ao chegar aqui e lembrar praticamente todas as minhas senhas de acesso à várias coisas me dei conta que não tinha me desligado tanto das coisas como eu queria.

A idéia inicial de me desprender da minha rotina foi em vão. A única coisa que consegui pensar foi em escrever um livro. A cada pedra que eu pisava, cada degrau que eu subia e a cada monte que eu descia eu virava páginas e capítulos na minha mente. Me encontrava com os personagens e ria dessa minha vontade. Será que eu consigo? Será que ficaria bom? Será que vale a pena tentar? Até chegar nas respostas, eu já tinha alcançado o cume.

Mas dizem que é bom traçar metas para um novo ano ... quem sabe?! ...

11.1.08

a virada de ano

Perú, Cusco, 01 de janeiro de 2008. terça-feira. 15h30.

Ontem à noite foi a primeira virada de ano que não fiz pedido algum às estrelas, nem nada. Na multidão que tomava a Plaza del Armas eu só conseguia sorrir e agradecer à Deus por tudo aquilo.

Foram minutos deliciosos misturados com uma sensação muito boa e diferente. De repente, me encontrei encapotada, num frio de 8º, segurando uma garrafa de champagne junto com pessoas que mal conheço e que, ao mesmo tempo, conheço tão bem.

Após o momento de histeria silenciosa por não ter recebido notícias dele, voltei para o hotel e fiquei com as meninas aqui no quarto aconchegante. Fizemos hora até todos tomarem banho e se aprontarem para saírmos.

A alegria era geral. As 5 garotas arrumadas, maquiadas e os garotos virando tequila aqui no quarto com a gente. Durante o esquenta, todos nos emocionamos com o ano novo ao vivo visto pela Globo Internacional. Bizarro.

Mas era hora de nos prepararmos para nosso ano novo. Para nossa virada. De tarde, havíamos deixado umas Brahmas na geladeira de um mercado. Combinamos com o dono que passaríamos para pegá-las de noite. Foi um sucesso. Com 02 garrafas de champagne e as Brahmas em mãos fomos beber na praça.

A única parte ruim, porém entendida como coisa de primeiro mundo, é que era proibido beber fora de um estabelecimento. Os policiais fizeram vista grossa e nos alertaram várias vezes. Mudamos de lugar, tentamos dispistá-los mas um grupo não tolerou. Pegaram a Brahma aberta, jogaram fora e confiscaram todos os vasilhames abertos e vazios. Ficamos de cara com tamanha calma com que eles conduziram a ação. Gostei.

Na hora da virada, seguimos um bloco animado que entrou no centro da Plaza ao som de marchinhas de carnaval brasileiras. Pronto. O bloco dos brasileños estava montado.

Foram minutos de muita euforia, pulos, cantoria e sorrisos. Nunca tive tanto orgulho de ser brasileira. As pessoas nos olhavam com carinho e uma pontada de inveja. A contagem regressiva começou e todos os 07 se abraçaram numa pequena roda. Foi o máximo. Fotos tiradas e muitos fogos lançados. Detalhe: fogos para baixo e não para cima.

O perigo de nos queimarmos fez todos se dirigirem à ponta da praça e ficar ali bebendo, conversando e sorrindo junto com alguns gringos. Enquanto, no mesmo instante, uma enorme multidão dava voltas pelas ruas que contornavam a praça, eu só conseguia olhar para tudo e tirar fotos em pequenas piscadas rápidas, molhadas e emocionadas.

(Texto extraído do caderninho laranja ... )