19.5.08

bad dreams

Estava com tudo escrito aqui na cabeça. Pensava em postar hoje um relato sobre a experiência que tive em trabalhar num evento em Interlagos. Mas, depois de ontem, mais precisamente, ontem à noite, eu decidi escrever sobre meus sonhos. (e algumas coincidências)

De sábado para domingo eu tive um pesadelo fortíssimo envolvendo a torcida do Palmeiras e uma pequena equipe de policiais. Na névoa preta que se formava na minha mente sonolenta eu assistia de cima de uma calçada o confronto entre homens de verde e homens armados. A torcida havia se posicionado em volta do grupo de guardas munidos de pedaços de pau e pedra. Gritavam, xingavam, iam para frente e recuavam. A polícia, por sua vez, lançava nos ar os cassetetes e sentava o braço na molecada. Moleques. Era isso que eles representavam para mim. Com medo e pavor, assistia à briga recheada de ódio, indignação, tiros, socos e muita violência.

Acordei dura. Gelada. Meu coração disparado como ha muito tempo eu não sentia (sim, eu sempre tive pesadelos desse tipo, principalmente na época da leitura do Abusado, Rota 66 e Cobras & Lagartos). Mas foi-se. Levantei da cama, fui até o banheiro, fui até a cozinha, tomei água e me deitei novamente. Tive outro sonho. Dos bons. Nem me lembro, mas me tranquilizei.

O domingo despertava novamente. Quando acordei de fato, meu pai foi até meu quarto e ficamos conversando sentados na cama. Falamos sobre a vida, sobre o evento do dia anterior, sobre essas coisas gostosas de pai e filha. Comentei do pesadelo e peguntei se teria jogo naquele dia à noite. Ele disse que sim, que se eu fosse na Feirinha da Pompéia (mais uma vez, incrível, por sinal) seria bom eu voltar para casa antes que a torcida saísse do estádio. Ok, fiquei com isso na cabeça. E me joguei na feirinha com um grupo de amigos. De lá, para outro lugar, longe dali.

A noite estava boa, com lua no céu e praticamente todos os queridos amigos juntos. Conversava com as meninas quando meu celular tocou. Saí para atender. Mamãe. Com a voz trêmula e engolindo seco. "Estamos na delegacia, roubaram o carro do seu pai. Colocaram o revólver na cabeça dele". Parei. Olhei para o céu estrelado, olhei para os amigos ao redor. Um dos mais queridos chegou perto, viu minha cara aflita. Me abraçou. "Está tudo bem".

O ex-querido-amigo-namorado me levou para lá. No caminho, muito silêncio e minha cara de assustada. Entrei correndo. Os dois sentados, famintos e desolados. Me explicavam que no caminho à pizzaria foram abordados na calçada: "Passa a chave do carro". Deram a chave (o suor, o esforço, o trabalho, a correria, os planos, os sonhos, a conquista) e foram para a delegacia.

O fato de terem levado o carro, para mim, foi até tranqüilo. Com seguro e sem maiores problemas, consegue-se resolver a vida. Mas ... o revólver na cabeça? Senti um misto de raiva, indignação, preocupação e uma profunda vontade de chorar. Tal qual no sonho, senti o mesmo frio, o mesmo pânico, o mesmo medo de ter acontecido o pior.

A sensação de ter tido a oportunidade de perder alguém que muito se ama eu já havia passado uma vez (quando o ex-querido-amigo-namorado sofreu um seqüestro relâmpago) Mas sentir isso novamente, sendo com seus pais, aqueles que sempre (sempre!) te protegem e sempre estão ao seu lado? Não, definitivamente, não foi nada fácil.

É muito ruim quando alguns sonhos, se tornam realidade.

3 comentários:

Francisco disse...

Nossa Chel!

Foda. Pior é ter que agradecer que foi "só o carro".

A gente infelizmente tem que ser obrigado ao conformismo. Queria ver o covarde filho da puta sem armas ir no peito à peito e pegar o carro. É covardia!

Espero que o susto passe e vocês passem uma borracha por isso. Porque o que resta agora é o pensamento de que, de alguma forma, estamos intactos ainda. (Meu último post do blog casou muito com o seu último! Quase uma sincronia!)

Bons sonhos, porque no fim, só isso acaba prevalecendo!

Anônimo disse...

É filhota, o susto foi grande e a dor que fica nas costas e no peito é algo que não dá para explicar. Ter ido só o carro é pouco, você disse bem foram outras tantas coisa e um pouquinho de nossas vidas também, coisas que não voltam mais, adrenalina descarregada, coração disparado, neurônios queimados ..........esta é a explicação da impermanência! Obrigada pela força e apoio que você e Gui nos deram, como sempre foi D+!!!
Continue a sonhar. Temos mais bons do que maus sonhos, acredite.
Beijocas e amor
Mamãe

Unknown disse...

Belas palavras...não só neste como nos outros post's.

Deveria ter vindo aqui antes.

Bjão