5.5.08

5 x 0

Após um churrasco regado à catuaba, cerveja, bolo, Tim Maia, forró e um tombo inesperado, cheguei em casa destruída e com alguma coisa martelando na minha cabeça: Amanhã será um dia importante ... mas o que terá de tão importante? Precisava falar algo para ele ... o que era mesmo?

Deitei na cama com os cabelos cheirando fumaça e olhei para o lado. Vi a nossa foto. Lembrei que ele sempre dizia que domingo era dia de futebol. É isso !!!!!!!!!!!! Amanhã tem a final !!!! Não consegui dormir tão rápido. Virei de um lado para o outro. Me levantei, saí do meu forno e separei o agasalho que ganhara da mãe dele. De capuz, moletom e de tom vivo. Verde vivo. Verdinho, verdinho.

De manhã fui logo avisando: após o gnocchi vou para a casa dele ver o jogo. Comi uma vez, tomei dois copos de suco. Dois mini-pedaços de torta. Mal falei. Mal engoli. Tirei toda a mesa. Me troquei, peguei o agasalho verde, os brincos, a chave do carro, mais um agasalho e posso ir? Tchau.

Na saída da garagem, nem liguei o rádio. Não abri a janela e só olhada o relógio. Falta meia hora. Ai ai ai coração na mão. Chegando, ele aparentava a maior calma do mundo (como quase sempre). Os gêmeos nem tanto. Um quase sem asagalho (a ansiedade era maior que o frio) o outro, estendeu todas as camisas do time na sala (são torcedores. como nós. ahh tá. gostei da criatividade).

E começou. Xingamentos, atenção, cobertor azul e janela fechada. Aiiii o primeiro gol. Aiiiii o segundo gol. Animação. Sorriso estampado. Já somos campeões. Calma. Ainda falta. O céu lind0 do meu bairro eu via pela televisão. As cores alaranjadas se misturavam com os tons de verde. Tava bonito de ver.

Passado um tempo, chegam as garotas. A meninoca dos cabelos amarelos vai para a cozinha com a mãe. Vou junto. Assim dá pra gente conversar né?! É. Não é. Sai outro gol. Corremos para a sala. Rimos. Voltamos para a cozinha. Sentamos e .. outro gol. Voltamos para a sala. Beijos. Abraços. Gritaria geral. A cozinha nos chama. Mal sentamos e ... outro gol? Ah, vamos ficar na sala de vez. Goleada.

O resultado deixou o bom humor masculino tomar conta da noite. Podia ter pedido tudo que eu quisesse! Pensei. E pedi. Na volta para casa só pedi que tudo se ajeitasse. Que o verdão continuasse bem, assim como aquele nosso olhar.

Após o banho e o boa noite, voltei para meu forno e desliguei a luz. Tudo parecia bem.
1h40. Buzinas são tocadas loucamente rua àcima e rua àbaixo. Os carros não paravam de subir e descer. Respirei fundo. E me peguei falando baixinho com um sorriso sonolento: é, campeão .... é campeão ... !!

2 comentários:

Ricardo Moreira Leite disse...

heheh, e não é que eu estendo as camisas por toda a sala também.

Bom saber que não sou o único.

Bjao

Francisco disse...

Hahaha... só você consegue deixar o futebol poético em texto. Acho que foi a única vez que li algo gostoso de ler sobre futebol. Cara, eu simplesmente acho péssimo! É incrível o talento nato desde o meu berço de não conseguir achar graça! Jogar é gostoso, as vezes uma partida com os primos e amigos vale muito a pena! Mas 2 horas na TV??? No way... sou 100% homem e 0% futebol!

Quanto ao espanhol... talvez eu devesse encarar um curso! Mas o Italiano é o que mais me atrai!

Baccio!