A vontade era tanta que ao invés de uma, fomos duas vezes. Acordei umas 14h, completamente perdida e com dor no corpo de tanto dormir. O telefone tocava e corri para atender achando que seria ele me acordando de longe. Era. Aiiii que sono gostoso e que preguiça. Mas o sol lá fora me impulsionava para sair logo de casa.
Enquanto tomava banho e esperava ele chegar fiquei pensando há quantos anos eu não ia naquela igreja tão linda, enorme e cheia de vida. Desde meus 9 anos que eu não entrava no pátio externo, pela rua de trás, perto do gramado e do jardim. Desde aquela época minha fé toda ficou parada depois que todos os meus avós se foram e que não haviam mais missas de 7º dia e de um ano de falecimento. Nada mais me motivava a ir à igreja, sentir o cheirinho das velas e ficar ali quieta ouvindo rezas em silêncio.
Troquei de blusa três vezes, de sapato duas, sequei os cabelos e fomos para lá animados. As ruas estavam tão tranquilas que a a vontade que eu tinha era voltar para casa e pegar meus chinelos. Ou pegar um travesseiro e deitar na calçada. É, bem coisa de interior mesmo. Uma tranquilidade plena. Descemos até a igreja conversando sobre a vida mansa e chegamos na quermesse.
Por ser o último final de semana da festa julina eu tinha certeza que a quadra, os gramados e as barracas estariam lotadas. Minha testa começava a franzir pensando no meu mal humor com a multidão quando passamos pelo portão florido e avistei um casal entrando na cozinha e dando oi para as cozinheiras. Mudei de expressão e sorri.
O almoço rendeu dois vinhos quentes, um espetinho, um cachorro quente e dois refrigerantes. Avistei alguns conhecidos da época da catequese. O clima era mesmo de paz, irmãos, família, Deus e tudo isso junto. Fiquei bem, me senti leve e amada. Comemos aos montes e rimos por alguns minutos ao observar as crianças correndo enlouquecidamente brincando de pega pega.
Após o jogo do verdão (claro) voltamos para a festa com mais dois amigos. A noite caía devagar, estrelas no céu, friozinho, correio-elegante, mais comidas, sorteios, microfone aos berros, prêmios para os participantes, término das prendas, varinhas de pescar, correrias e o delicioso cheiro de quentão. Não tinha fogueira, não teve quadrilha, não teve pinhão. Mas teve aquela sensação boa de amor de inverno, de frio nas mãos e abraços quentes.
Eu precisava ir à uma festa junina.