Me lembro que não era uma manhã tão fria. O tempo estava bom e junto comigo estava o Matheus, o Gui e o Rafa. Todos sentados à mesa da biblioteca no maior silêncio enquanto um deles tomava o livro emprestado da estante. De capa vermelha e com letras pretas, estava escrito: Phrasal Verbs. Ficamos por muito tempo virando as páginas e suspirando no ar: vai ser muito difícil de decorarmos! Sim. Foi bem difícil. Não sei todos, esqueci vários, mas desde 2001, quando estive em Brighton com esses amigos eu decorei um para nunca mais esquecer: take off.
Acho que esta expressão pode ser usada para muitas coisas, mas eles sempre a empregam naquele momento que o avião sobe. Na hora que as rodinhas entram, que os passageiros se silenciam, que as crianças abrem a boca assustadas, que os cintos se fecham e que muita gente passa mal. Eu não.
A paixão por voar começou desde minha primeira viagem feita para Campo Grande junto com meu pai e meu irmão. Era um avião meia boca da Vasp, se não me engano. Comemos croissant, salmão e gelatina. Era o paraíso. Depois, como se não bastasse o banquete ainda fiquei uns bons minutos fazendo a fila crescer lá fora ao ficar mais de 10 minutos dentro do banheiro apertando todos os botõezinhos. E claro, antes de descermos, passamos para visitar a cabine do piloto.
Daí, no mesmo ano lançaram o filme Top Gun, que dispensa comentários. Não só pelo maravilhoso ator principal, como também pelas manobras, trilha sonora e adrenalina das acrobacias aéreas. Passado uns bons 18 anos, comprei o clássico, que hoje se encontra na minha singela pilha de DVD´s.
E aí ontem eu estava voltando de uma ponte área quando comecei a pensar nisso tudo. Eu realmente adoro viajar de avião. Adoro quando é vôo é noturno e as luzes se apagam. Adoro o barulho quando as pessoas chamam a aeromoça (até pensei em baixar como sinal de mensagem de texto no meu celular ... vai vendo). E sinto uma enorme felicidade de esperar a aeronave chegar no portão de embarque, fazer fila, entregar o bilhete, descer a rampa e adentrar no corredor gelado, branco, cheio de gente se olhando, maletas e sacolas sendo guardadas e procurar meu assento.
Não me importo com a companhia, não me importo para onde. Contanto que eu esteja lá no alto, perto das nunves, acima das coisas, com meus próprios pensamento. Bestificada com a velocidade e com a praticidade com que se alcança um objetivo. E ontem contei. Foram 23 vezes dentro de um avião. Quando eu chegar aos 50 prometo escrever um novo post. E por enquanto, a temperatura lá fora é de 25ºC.