7.11.08

olinda

Eu cheguei no aeroporto de Guarulhos umas 24h40. Fui para a esteira 8 pegar minha mala, de acordo com a informação que aparecia na tela de LCD à minha frente. Passado alguns minutos, escuto a informação sonolenta vindo do alto falante: "Passageiros do vôo 3517 de Recife, favor retirar suas bagagens na esteira de número 9". Ok, mudo de esteira. Eu e todos aqueles 60 passageiros. Daí, ela fala novamente e voltamos para a esteira 8. Mais uns 15 minutos e aparece minha mala preta, com a bandeirinha do Brasil.

Nos encaramos. Eu e ela. Eu estava bronzeada, com as unhas vermelhas e o cabelo ainda cheio de nós. Ela estava com raspões, cheia de adesivos grudados, virada de lado, como se estivesse dormindo após uma longa viagem junto com as outras malas. A peguei pelas mãos, levantei a alça e caminhamos portão afora.

Avistei meus pais, aquele monte de gente e a surpresa de meu namorado estar junto. Minha cara não devia ser das melhores, mas me esforçei. É triste falar isso, mas pensei na hora: ai, de volta às mesmas pessoas, à rotina, ao dia a dia de sempre. De volta a São Paulo.

Para quem acha que destesto essa cidade, fique achando. Eu amo e já disse em algum post antigo que uma das melhores visões para mim é sair do metrô Consolação do lado r.augusta e avistar o Conjunto Nacional com o relógio do Itaú lá em cima. É simplesmente perfeita a sensação de correria, prazos, trabalho, agitação e responsabilidade. But. Vou contar apenas uma visão simples que tive em Olinda para que talvez seja compreensível minha depressão pós-viagem.

Ainda estávamos ao lado esquerdo da igreja, avistando um quadro pintado sem tinta e com o auxílio de óleo de baleia, casca de banana e sangue de boi (não sangue em si, é o nome de uma planta que parece um cacto). Na parede oposta tinha um conjunto de azulejos que formavam desenhos perfeitos e alinhados. Até que o guia nos disse por que a cidade de Olinda se chamava Olinda. Uns diziam que era porque costumava-se nomear as cidades com nomes de amantes, outros porque quando os portugueses chegaram e se depararam com a beleza do lugar gritaram: ó, linda!

Whatever, conversinha de guia. Saímos pela porta lateral e senti a brisa tocar meu rosto e bagunçar todo meu cabelo. Claro que fomos abordados por vendedores locais. Alguns compraram algumas coisas. Outros começaram a tirar fotos. Eu, fiquei paralisada. Avistei lá de cima o mar e lembrei da minha avó. Não é a toa que o nome dela era Olinda. E aquela cidade era a maior homenagem que ela poderia ter tido na vida. O mar não é de qualquer verde, os coqueiros não são qualquer um, as casas dentro de toda aquela paisagem reluziam o sol e se exibiam com suas pequenas piscinas, jardins e janelas cheias de histórias.

Acho que depois daquela vista, eu dei um dos sorrisos mais largos da minha vida.

2 comentários:

Francisco disse...

Hahahaha a gente acha que é feliz morando nesse moedor de carne humana que se chama São Paulo... É só sair um pouquinho pra gente ver que existe vida além do asfalto, dos prazos e do capital. Ainda que seja mais modestinha...

Depressão pós viagem é uma merda. Mas é bom sinal. Sinal de que a viagem valeu!

Bjos

Larissa Saram disse...

Buá! Eu também quero ir pra Olinda!