27.11.08

cara de pau

Quando eu era criança (porque se eu falar quando eu era menor vai ter gente rindo da minha cara) costumava ir para o sítio do meu avô e ver meu irmão e meu primo se divertirem colocando bombinha de festa junina dentro de alguns cupinzeiros.

Eles faziam o maior esquema e a casinha dos caras explodia no ar em mil pedaços. Por dentro, era só buracos e vários cupins correndo desesperados. Coisa idiota de criança, coisa genial de moleques. Eu era a cobaia que ficava longe admirando e que depois dava o braço para sentir os cupins subindo em cima de mim e fazendo cócegas. Achava gostoso, jogava eles para o chão e ríamos naquele sol de julho ainda cheio de idéias e invenções.

Pois bem. Para quem não sabe, um pouco de biologia: na época do verão (o que vai começar a acontecer daqui a pouco em S.Paulo) aqueles bichinhos de luz ou aleluias são, na verdade, jovens cupins em busca de casamento. Isso mesmo. A revoada doida que eles fazem em volta da luz acontece em qualquer lugar onde exista uma colônia. Nuvens de cupins alados saem dos cupinzeiros e buscam desesperadamente a luz, perdem as asas com facilidade e formam pares. Esses "casais" criam seus ninhos, a origem de uma colônia que eventualmente chegará a ter milhares de cupins. Nossa! Eu não sabia. Eu sei, eu também não. Eu, e minha cômoda.

Em janeiro deste ano teve uma mega revoada dessas no meu quarto. Vários ficaram na luz, perderam suas asas e saíram andando na maior cara de pau em cima das minhas coisas. Matei alguns, outros sumiram e ok. Não. Ok nada, depois de meses notei alguns resquícios de madeira perto da cômoda e vi os buraquinhos perfeitos espalhados por toda estrutura das gavetas. Era cupim. Daí a saga começou.

Tiramos as gavetas, passamos veneno e alguns saíram dos buracos. Matamos, esperamos um tempo e enquanto isso, a bonitona aqui dormindo na sala. (nada contra, mas ao contrário de alguns, eu não consigo dormir no sofá).Bom, esta noite fui novamente deitar em outro lugar. O marcineiro passou por lá, analisou e decretou a morte da cômoda. Hunf. E hoje de manhã analisei minha cama. Acho que eles também estão se deliciando da cabeçeira aos pés. Daí parei pra pensar na vontade que estou de me mudar e cheguei a conclusão que deve ser um complô dos cupins com os corretores.

Anyway, este blog também é servição: além da Dengue, cuidado com os bichinhos de luz. Quem avisa, amigo é.

25.11.08

promessas de ano novo

Como eu me ferrei gostoso (pra não falar outra coisa) e vou trampar nos dias: 22,23,29,30,31 de dezembro e também no dia 2 de janeiro, resolvi fazer diferente e listar uma série de promessas para 2009 agora mesmo. Não contente ainda vou colocá-las aqui no blog e tentar desde já começar algumas mudanças. Porque tem gente reclamando e gente me alertando que algumas atitudes não andam bem. Ai ai ai. Bom, seguem algumas:

1. Tentar dar menos importância com o quê os outros dizem sobre coisas que não me afetam (ou ao menos, não me afetam tão diretamente e no atual momento)
2. Guardar mais meus segredos e abrir mais minhas idéias (para todos, sem restrições)
3. Continuar com minhas críticas, mas, tentar, aos poucos ser menos pessimista com algumas situações (sem esquecer do realismo e também dos meus sonhos)
4. Usar o bom senso para não ficar dentro da concha, mas saber entrar nela quando for preciso
5. Por fim, mas não menos importante: tentar ser mais simpática e solícita (parece que eu só sou com quem eu conheço e isso não é n-a-d-a bom)

Em troca, pulem as 7 ondas por mim e joguem uma flor para Iemanjá. Ficarei bem contentinha.

24.11.08

velocitá

Apesar de eu estar em plena TPM prolongada por duas semanas e não somente cinco dias, ontem eu resolvi fazer minha boa ação do ano e acompanhar programas masculinos com meu pai e meu namorado. Tentem adivinhar meu humor às 19h. Exato. Não aguentava mais a testosterona em volta do meu corpo e grudando na minha pele. Mas, devo confessar que a parte da manhã foi bem engraçada.

Chovia aos montes no sábado quando confirmei com meu pai se íamos mesmo ver as 1000 Milhas em Interlagos no domingo, às 11h. Ele disse sorridente que sim e que até havia separado o boné e o agasalho para o "programão". Sem relutar, meu namorado disse que também iria numa boa e que não se importaria em acordar umas 9h para o evento. Hunf. Depois de muita preguiça, banho, café da manhã na padaria, trânsito e de quase nos perdermos pra chegar, chegamos.

Uma pausa: Oi, organização do evento? Se vocês precisarem de uma assessoria para ajudá-los não apenas na produção como na logística e também na divulgação de uma mínima nota que seja nos jornais, podem falar comigo ok? Péssimo a CET ter gastado uma grana com cavaletes nas ruas próximas do autódromo e a produção do evento não ter sinalizado aonde eram os estacionamentos, aonde eram as bilheterias, nem nada. E mais péssimo ainda ter uma arquibancada vazia, com dois seguranças dizendo que era área VIP. Há ! Só se era para o Gasparzinho e a Turma do Penadinho.

Bom, o mais legal de tudo não foi o design dos carros, as voltas, as ultrapassagens, os motores e os barulhos sem fim. Foi que eu consegui me distrair por 4 horas sem ficar de mal humor. Hehehe. Primeiro que ficamos na arquibancada que tinha um sol de leve, vento bom e dava para ver outras curvas, ter uma visão mais ampla da corrida. Daí escolhi um carro que achei fofo e comecei a torcer por ele. Isso mesmo: eu escolhi um carro pra torcer e era um Maserati HT Guerra que acabou em terceiro lugar. Mas a razão de eu escolher é porque parecia aquele do filme Cars. Hehehe

Daí lá pelas tantas e após uns goles de breja eu decidi cronometrar as voltas dos carros que estavam na frente e entre uma contagem e outra fui ao banheiro, comprei duas águas e mandei mensagem de texto para meus amigos. Além disso, tirei umas fotos e me deliciei com a locução do Marc Arnoldi (um famoso locutor francês que sempre narra as 1000 Milhas em Interlagos). O gostoso não era o sotaque nem as frases intercortadas pela velocitá. Eram as coisas que ele dizia. Como por exemplo:


"esses são os requistos necessários para a prova"
(sim, requistos e não requisitos)
" a perua do reboque está chegando aos boxes, com um carro atrás dela (e seria aonde? ao lado?)
"agora, vai passar na nossa frente, o Ferrari "
(o carro da Ferrari seria melhor não!?)
"ele finaliza a volta com 1,47, está quente dentro do carro"
(hauahauahauaa)

Saímos de lá umas 14h e as 372 voltas não estavam nem na metade. A chuva caiu com tudo e segundo os entendidos, era a hora que a corrida ficaria boa, com troca de pneus e escorregões na pista. Chegando em casa ainda vi um filme meio de ação e umas partidas de futebol. Ufa. Tenho certeza que neste ano o papai noel será beeeem gente fina comigo. Abaixo, umas fotos para ilustrar isso tudo.

Esse é o Maserati HT Guerra, que parece o McQueen, do Cars




Esse é o Porsche 911 GT3 RSR, que ficou em primeiro lugar


E este, é Marc Arnoldi, o locutor francês



21.11.08

eu quero fugir pra Las Vegas

Acenda seu cigarro. Pegue um copo. Levante-se e sem querer bata no lustre baixo. Tire o casaco. Pendure-o na cadeira e sente-se novamente. A fumaça já tomou o ar, as fichas estão distribuidas, as risadas terminaram. A ficha grande e branca indica quem dá as cartas. Do lado direito, o outro corta o monte. Do lado esquerdo tem um com uma pequena aposta e o seguinte com o dobro. Você olha as duas cartas e chega sua vez. O que você faz? Dobra, bate na mesa ou foge?

Podia ter sido assim a tarde de ontem. Mas não foi exatamente. Chegamos às 15h numa rua de Pinheiros, no salão de festas - da casa - da amiga - do trabalho dele. Alguns liam jornal (ou fingiam que liam). Outros colocavam as toalhas nas mesas. Na parte de trás, uma jacuzzi vazia e na pequena cozinha um estoque de comidas para umas 20 pessoas. Estávamos em nove. Em meio a frios, sucos, refrigerantes, copos, pratos, panetone, pão de forma e damascos tinha também uma garrafa de Amarula e outra de Baileys. Que porra toda é essa? Pensei, sem ter a menor noção do que estaria por vir.

Então sentamos. Eu deixei de lado toda a vergonha que sinto em conhecer gente nova e começamos a receber as regras e algumas dicas. Meus olhos brilhavam e procurei entender todos os detalhes. Foram três rodadas para compreender a jogatina e eu já blefando de primeira. Isso vai ser bom! E foi.

No total, vários foram derrotados. Em minutos ficávamos milionários e em outros, pobres, raivosos e com aqueles suspiros em voz alta: tinha certeza que ele não tinha carta. Puts, eu tinha um ás e uma dama. Daí, as horas foram passando. Levantamos várias vezes e o estoque foi terminando. Aquele monte de comida foi a melhor coisa que a anfitriã podia ter feito por nós. As horas voaram, o valor das fichas dobrou, muitos deram "all win" e eu ali firme com meus 1.810.

Os montes coloridos se empilhavam e o frio entrava pela porta de vidro. O cansaço eu nem sentia e os beijinhos amorosos até pararam. Não teve cerveja, não abrimos a Amarula, ninguém dali fumava e o sol ainda estava lá fora. Quando o relógio marcou quase 20h resolvemos ir andando. Assim começou ontem, uma das melhores diversões que eu já vi na vida: o poker.

19.11.08

Previously on Lost

Não, eu nunca fui fã de seriados nem de novelas. Pra ser sincera eu lembro de ter acompanhado Vamp, Top Model (essa mesma, de 1989), As Pupilas do Senhor Reitor (hauahaua), A história de Ana Raio e Zé Trovão (tenho até o CD) e aquela O Rei do Gado (ok, também tenho o CD). Tenho umas amigas doidas por Gossip Girls, outra que é fanática por Beverly Hills, minha sogra tem todos os DVD´s do Friends e até tentei ver as temporadas de Sex and the City.

But, um certo dia uma colega comentou que eu ia adorar Lost. Ela falava tanto dos episódios, personagens e acontecimentos que fiquei curiosa. Vencida pelo cansaço e pela encheção de saco, resolvi ir até a locadora e pegar o primeiro DVD da primeira temporada.

Sim, vale começar um outro parágrafo: puta que o pariu. Na semana retrasada eu comecei a dormir umas 6 horas por noite porque ficava até umas 1h20 a.m assistindo os episódios. De lá pra cá já estou terminando a segunda temporada e tenho trocado baladinhas com os amigos para ficar em casa assistindo. Frequentemente sonho com os personagens e fico durante o dia imaginando o que vai acontecer. Para piorar, meus pais viciaram, os irmãos do meu namorado viciaram, os pais dele viciaram e a minha mãe não só segue a ordem comigo e com meu pai, como também fica vendo episódios beeeem à frente que passam às 19h na AXN. Tsc tsc tsc.

E podem falar o que quiser mas a porcaria da série é sensacional. Os atores, agora carimbados como personagens do Lost, são ótemos, a fotografia é perfeita, a ilha é paradisíaca e chego a chorar quando algum deles morre. Além disso, a trilha sonora é de primeira e o clima de suspense é delicioso.

Agora, é claro que é um filme. Claro que é ficção e tudo é de mentirinha. Mas, sinceramente, este seriado está me ensinando muitas coisas para pensar na vida. Como por exemplo, a existência das duas metades que há em tudo e em todos. Sempre tem o lado bom e o lado ruim. Ao contrário do que diz Samuel Rosa, tudo na vida tem dois lados e não três. Se ontem era de um jeito, hoje pode ser de outro. Se alguém parece ser uma coisa, ela pode também ser outra. E se hoje eu adoro Lost, tenho certeza que daqui um tempo posso odiar. Mas, enquanto isso não acontece, sorry, amanhã é feriado e já reservei meu lugar no sofá azul. Vou me esbaldar!

14.11.08

dicas para quem quer ir

(Ok. Como estou com vontade de postar, mas tenho muitos assuntos, resolvi colocar abaixo toda a descrição de como foi minha viagem para Bolívia - Peru. Simplesmente porque é sempre bom relembrar coisas boas e porque tem muita gente me pedindo dicas. Então, lá vai. Aliás, acho que este post é só para quem tá muito afim. Porque até eu teria preguiça de ler tudo. Hehehe. Quem ler e tiver dúvida, é só falar)

A viagem que eu fiz foi feita em 25 dias e passei por alguns lugares da Bolívia e do Peru. Iniciamos o projeto da viagem em janeiro de 2007, assim, com um roteiro mais ou menos, discutido por todos do grupo, pagamos as passagens ao longo do ano e fomos trocando os dólares aos poucos até chegar a data de saída (15/12). Com isso, a viagem nem saiu tão cara porque fomos pagando tudo ao longo do ano. Ao total gastamos uns R$ 1.200,00 folgado. Eu levei US$ 600,00 e nem precisava de tanto. Um boliviano vale muito e um sol peruano vale pouco também, mas no Peru as coisas são um pouco mais caras que na Bolivia. Vou explicar como foi a ida e a volta - mas sei que há outros meios ... esse foi o qual escolhemos como + barato na época:

Ida

São Paulo - Campo Grande / MT
Campo Grande / MT - Santa Cruz de la Sierra / Bolívia

Volta

Santa Cruz de la Sierra / Bolívia - Campo Grande / MT
Campo Grande / MT - São Paulo

Bom, o roteiro foi decido no início do ano. Fomos num grupo de 7 pessoas. Sendo que um casal de amigos já tinha feito essa viagem ha uns anos antes. Então eles repetiram alguns passeios com a gente e deram dicas para fazermos os outros. Decidimos tudo em 4 pessoas e depois os outros 3 foram incluídos ao grupo qdo tudo estava fechado. Sugiro fazer o mesmo se for em grupo: tente decidir tudo com o maior nº de pessoas, pq dps não tem como reclamar. hehehe.

Usamos a experiência dos amigos que já tinham ído e um livro chamado: o guia do mochileiro ou do viajante - não lembro bem .. rsr Esse guia tem pra vender e na capa tem a imagem de uma menininha peruana. É mto bom pq dá dicas de preços, horários e coisas chatas / legais. E agora, segue mais ou menos o roteiro:

Santa Cruz / Sucre / Potosí / Uyuni / Puno / La Paz / Arequipa / Grand Canyon / Copacabana / Isla del Sol / Cuzco / Vale Sagrado / Machu Picchu


Santa Cruz: só ficamos por lá uma noite e também na volta. Não tem nda demais e está sempre em conflito por causa do Evo (nível de perigo 5 hehehe)

Sucre: é uma das capitais históricas e muito bonitinha. Pegamos chuva, mas tem uns restaurantes e pubs muito bons, apesar do srtress político e das barricadas. (nível de perigo 2)

Potosí: só passamos o dia para irmos à Uyuni ... é bem alta e sugiro tomar chá de coca nos cafés perto da igreja ... também é legal para comprar algumas coisinhas mas deixe para gastar $ em La Paz

Uyuni: vale mtooo a pena. Não pela cidade mas pelo passeio no deserto de sal. Optamos por dormir num hotel inteiro feito de sal. É bem frio de noite e bem quente de manhã. Mas vale mto a pena o passeio e o deserto é indescritível - pechinche com as agências locais.

Puno: Só passamos para comer. Eu tava tão mal de estômago q nem me lembro bem .. os restaurantes são horríveis e quase vomitei só de ver os pratos. Durma no ônibus e coma salgadinho. Vai por mim

La Paz: A cidade com maior altitude de todas. Aconselho vc tomar mto chá de coca e sorotipills - pastilhas contra Soroti (mal de altitude). É tiro e queda e dá uma alívio mto bom. Cidade gde como S.Paulo mas com o famoso Mercado de las Brujas (compras a preço de banana - pechinche o quanto puder) Vale tb fazer o passeio aos montes nevados de Chacaltaya ... 5.400m !!! É de perder o ar de fato, mas vc vai ver neve! Eu nunca tinha visto e fiz um bonequinho .. hehehe

Copacabana: sensacionall ! Passamos o natal por lá ... se vc gosta de Trindade e São Tomé das Letras, vc vai gostar dessa cidade .. ela fica na beira do lago Titicaca (que mais parece um marzão azul lindo) e tem barzinhos e baladinhas alternativas super gostosas ... mas vale para passar uma noite.

Isla del sol: de Copacabana fomos fazer este passeio, que, na opinião do grupo, foi o melhor de todos. Eu nem curti mtoooo pq estava me sentindo meio sozinha (por outras coisas) mas o por do sol é realmente de cair o queixo e vale fazer a trilha que sai do lado norte da ilha ao lado sul - se tiver sol, passe mtoooo protetor (eu voltei com marca e tenho manguinha até hoje)

Arequipa: A primeira cidade do Peru que visitamos. Mto bom o relacionamento com os peruanos. O país é mais rico e tem mais noção de turismo. Ficamos um dia à mais na cidade de tão charmosa que é. Há alguns lugares caros, mas vale andar pelos cafés, conhecer a cidade durante o dia e comer na praça central ... é encantadora e tem 15 mil táxisss !!!!!

Grand Canyon: de Arequipa, saímos para fazer este passeio ... não vale mtooo a pena não ... só se vc gostar de montanhas rochosas, vento e Condor ... só que acordamos às 4h para ver esses bichos voando e não apareceu nenhum ... hunf !

Cuzco: a última cidade do nosso roteiro. Ficamos quase uns 4 dias embaixo de garoa nessa cidade acolhedora, com ótima infra estrutura e mtos turistas. Nossa virada de ano foi na praça central junto a alguns brasileiros e gringos. Lá tem mtas boates e barzinhos mas vale a pena dar uma andada e conhecer as igrejas por dentro - já que a cidade foi palco dos primeiros ataques dos espanhóis aos incas. É de lá que saem as excursões para Machu Pichu. E foi lá que descansamos antes da trilha e também na volta

Vale Sagrado: em Cuzco fizemos o passeio de um dia para Ollaytaitambo (não lembro como se escreve). O guia era um barato e até tocou um som no micro-ônibus - hilááário. Este passeio já mostra algumas ruínas incas e terras de plantio antigas. Você também poderá visitar a feira de Pizac com artesanatos a preços de banana - pechinche

Macchu Pichu: antes de mais nada, um parágrafo à parte:

Para ir à Macchu há dois caminhos: por trilha - de 4 dias - ou de trem (algumas horas, saindo de Aguas Calientes). Nós fomos de trilha e para isso, tivemos que pagar metade aqui no Brasil e metade lá em Cuzco, quando chegamos por lá. A agência que nos levou se chama: Destinos Turísticos e uma das donas, a Judith é brasileira e mtooo gente fina (tipo mãezona mesmo). Acho que pagamos uns 200 reais aqui e o restante em dólar ... mas não lembro bem. O mais legal é que a agência funciona da seguinte forma: você deixa suas malas grandes na agência e leva uma mochila menor com pouca coisa - pouca mesmo, afinal, você não vai tomar banho por 4 dias. É, isso mesmo. Daí, o esquema é feito da seguinte maneira: um grupo de 20 portadores vai subindo a trilha e ao longo do percurso o seu guia vai parar em alguns lugares demarcados para você comer e dormir. O doido é que enquanto vc demora 3 horas para uma trilha estes caras ultrapassam vc com mta coisa nas costas (butijão de gás, barracas, bancos, comida, etc) e qdo vc chega no local há uma tenda armada, pronta para vc comer ou dormir. E prepare-se com os banquetes que eles fazem, é animal! Coma muito e coma de tudo porque depois você pode passar fome nas trilhas e tem que ter muita energia pra subir tudo .. principalmente no segundo dia - que é o trecho mais dificil.

É complicado, é cansativo, você acha que vai desistir mas vale muito à pena chegar em Macchu Pichu depois de andar 3 dias direto e se deparar com aquilo tudo. Eu achei pequeno (perto do que sempre via em fotos e filmes) mas é simplesmente perfeito. A energia do lugar é mesmo impressionante e as pedras são a maior perfeição que eu já vi na vida. E o melhor de tudo é que: quem chega lá pela trilha encontra o lugar ainda vazio e na penumbra da madrugada. Pq os trens q saem de Aguas Calientes sobem mais tarde então não fica mto lotado de turistas nas primeiras horas .. dps enche bem. Lá tem uma infra boa e o melhor é descer dps tudo de trem em 2horas ... daí de lá, você volta para Cuzco, sua cama e seu chuveiro - você sentirá mta falta disso, com certeza

Bom, no mais, o que posso te dizer é que não imaginava que a Bolivia era tãão pobre assim e vi cenas chocantes e deprimentes. O povo é sim muito sujo, fedido, mal cuidado e pobre. Eles são fechados na cultura deles e fazem algumas coisas incompreensíveis para nós .. mas é assim mesmo: um choque cultural de pessoas, histórias e belezas naturais. Peru é mais fácil de negociar, conversar com os peruanos e conhecer toda a riqueza cultural que eles tem. As histórias dos povos, línguas e influências incas é incrível !

Bien amigos, és esto. Buen viaje !

11.11.08

burocras

[pausa nas escritas da viagem-inesquecível-quero-voltar-pra-lá-agora]

No mês passado, enquanto estava em Marte e trabalhava das 7h às 20h tive 53 horas extras em menos de duas semanas. Daí resolveram me obrigar a tirar logo minhas folgas. Fui tirando aos poucos e agora vem o feriado e eu não tenho mais como emendar a sexta dia 21/11. Mas que burrica! Bom, ok.

Acontece que na sexta passada eu tirei as últimas horas extras e fiquei a tarde toda perto de casa resolvendo coisas burocráticas. Acho que não tem nada mais broxante que tirar folga e ficar indo ao banco, Correios, etc. But, era preciso. E eu como boa cidadã e pessoa com otimismo fora do normal, resolvi ir ao cartório eleitoral justificar meu não voto do segundo turno.

Na realidade, antes de ir para o cartório fiquei em casa discutindo com meus pais a burocracia brasileira. Não, eu não sabia que existem tipos diferentes de cartórios. Não, eu não sabia que para abrir um cartório você tem que fazer concurso, não sabia quem trabalhava lá dentro, não sabia como funcionava, nem nada. Aliás, nem fiquei mal e nem fico agora. Porque sei que muita gente também não sabe. E claro, esquentada do jeito que sou fiquei puta porque achei tudo a maior confusão e pilantragem pra ganhar dinheiro.

Desci do carro e falei pra minha mãe dar uma volta do quarteirão que provavelmente a fila andaria rápido. De fato, a fila andou bem. Mas aqui dentro as cenas passavam bem devagar. Vi um moleque todo bombadinho sentado justificando o não voto dele porque tinha ido viajar para São Carlos. Ele deu uma desculpa qualquer e o cara aplicou uma multa para ele. A reação foi um: ok, quanto é e onde eu pago? Não entendi nada.

Daí, olhei para o lado e li um papel na parede que dizia: Multa - R$ 3,50. Ainda sem entender chegou minha vez e sentei. Oi, bom dia, eu votei no 1º turno e no 2º não porque estava viajando a trabalho. Trouxe a justificativa da minha empresa. Abria o envelope quando ela me respondeu: ok, vou dar uma multa para você pagar ok? Lembrei do valor colado na parede e mesmo assim não entendi: multa do quê? Multa por não ter votado. Mas, eu estava trabalhando, trouxe a justifcativa. Sem olhar na minha cara ela se virou para o colega ao lado e repetiu minha última frase. A resposta dele: mas ela é médica?

Oi? Não entendi. Se eu fosse médica não pagaria essa porra de multa? Pensei, respirei fundo e disse, infelizmente, a verdade: não, sou jornalista. Ok, espera um pouco que vou falar com a fulana. Ao ver ela subindo as escadas ainda tive que ouvir do colega dela: é .. que estranho né? Como pode uma empresa obrigar você a trabalhar e não deixar você votar? Respeirei fundo novamente e respondi: então, na realidade eu voto desde 1998, nunca deixei de votar e desta vez, não foi porque eu não quis (na verdade eu adorei não ter votado, mas foda-se) mas porque eu estava trabalhando. Em viagem, mas à trabalho. Não teve tréplica. A moça desceu e disse a resposta que eu não esperava: ok, não precisa pagar, só assina aqui e leve este papel.

Ok, deixa ver se eu entendi: porque sou da imprensa eu não pago? Porque falei que era jornalista? Alguém me pediu uma documentação? Será que se eu fosse toda de branco e falasse que era médica ela também não deixaria eu pagar a multa e ainda me pediria um atestado? E que porra de multa é essa que todo mundo paga e alguns não?

Definitivamente, na próxima folga vou conhecer a piscina do meu prédio.

10.11.08

porto de galinhas

Quando vi que todos estavam no mar, reparei que faltava alguém ali comigo. O guia, sentado numa das cadeiras de plástico fumava um cigarro atrás do outro. Acho que era por alívio de tudo estar dando certo. Depois, pensei que era por nervossísmo por tudo que viria depois.

Deitei na canga azul, apoiei a cabeça na toalha do hotel e fiquei na dúvida: será que eu podia trazer a toalha do hotel para cá? Em seguida, uma outra questão: qual será o melhor ângulo de sombra pra apoiar o copo de breja sem deixá-lo no sol? Daí eu resolvi chutar o balde: liguei pra minha mãe e perguntei isso tudo só para provocar.

Depois de andar naquela areia fofa e quente, a decisão foi entrar no mar e aliviar o sol que estava batendo nas minhas costas. A água era tão verde e transparente que dava para ver meus pés, alguns cardumes entre minhas pernas e uns seis tipos diferentes de algas que boiavam tranquilamente. Para imitá-las resolvi fazer igual e ali fiquei. Aberta para o céu me preocupando apenas em saber o lado da maré.

De pé novamente, senti o brilho do sol bater no meu rosto e vi minha sombra dentro do mar. A única frase na minha mente era: realmente, não é necessário Photoshop. Isso tudo é real, é lindo e estamos no Brasil.


Daí ontem, de volta à alguns prazeres paulistanos, o Jorge Ben Jor cantava assim: essa é a razão da simpatia, do poder, do algo mais e da alegria. Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Mas, que beleza. O cara sabe das coisas.

7.11.08

olinda

Eu cheguei no aeroporto de Guarulhos umas 24h40. Fui para a esteira 8 pegar minha mala, de acordo com a informação que aparecia na tela de LCD à minha frente. Passado alguns minutos, escuto a informação sonolenta vindo do alto falante: "Passageiros do vôo 3517 de Recife, favor retirar suas bagagens na esteira de número 9". Ok, mudo de esteira. Eu e todos aqueles 60 passageiros. Daí, ela fala novamente e voltamos para a esteira 8. Mais uns 15 minutos e aparece minha mala preta, com a bandeirinha do Brasil.

Nos encaramos. Eu e ela. Eu estava bronzeada, com as unhas vermelhas e o cabelo ainda cheio de nós. Ela estava com raspões, cheia de adesivos grudados, virada de lado, como se estivesse dormindo após uma longa viagem junto com as outras malas. A peguei pelas mãos, levantei a alça e caminhamos portão afora.

Avistei meus pais, aquele monte de gente e a surpresa de meu namorado estar junto. Minha cara não devia ser das melhores, mas me esforçei. É triste falar isso, mas pensei na hora: ai, de volta às mesmas pessoas, à rotina, ao dia a dia de sempre. De volta a São Paulo.

Para quem acha que destesto essa cidade, fique achando. Eu amo e já disse em algum post antigo que uma das melhores visões para mim é sair do metrô Consolação do lado r.augusta e avistar o Conjunto Nacional com o relógio do Itaú lá em cima. É simplesmente perfeita a sensação de correria, prazos, trabalho, agitação e responsabilidade. But. Vou contar apenas uma visão simples que tive em Olinda para que talvez seja compreensível minha depressão pós-viagem.

Ainda estávamos ao lado esquerdo da igreja, avistando um quadro pintado sem tinta e com o auxílio de óleo de baleia, casca de banana e sangue de boi (não sangue em si, é o nome de uma planta que parece um cacto). Na parede oposta tinha um conjunto de azulejos que formavam desenhos perfeitos e alinhados. Até que o guia nos disse por que a cidade de Olinda se chamava Olinda. Uns diziam que era porque costumava-se nomear as cidades com nomes de amantes, outros porque quando os portugueses chegaram e se depararam com a beleza do lugar gritaram: ó, linda!

Whatever, conversinha de guia. Saímos pela porta lateral e senti a brisa tocar meu rosto e bagunçar todo meu cabelo. Claro que fomos abordados por vendedores locais. Alguns compraram algumas coisas. Outros começaram a tirar fotos. Eu, fiquei paralisada. Avistei lá de cima o mar e lembrei da minha avó. Não é a toa que o nome dela era Olinda. E aquela cidade era a maior homenagem que ela poderia ter tido na vida. O mar não é de qualquer verde, os coqueiros não são qualquer um, as casas dentro de toda aquela paisagem reluziam o sol e se exibiam com suas pequenas piscinas, jardins e janelas cheias de histórias.

Acho que depois daquela vista, eu dei um dos sorrisos mais largos da minha vida.

3.11.08

a volta

Não consigo escrever.
Algo me prende.
Há muito o que dizer mas ando sem saco.
Hunf.
Droga.