24.12.10

Você pode me ouvir?

É muito estranho pensar no sentimento que tive agora ha pouco, justamente hoje, véspera de Natal. Mas tive e então resolvi compartilhar aqui. Eu tive um sentimento de impotência. Nem sei se isso é um sentimento ou uma emoção. Mas, enfim, me senti impotente. 

Voltava do trabalho ouvindo En el muelle de San Blas, do Maná. Sentei no banco alto (como sempre) e fiquei com o pensamento vago, vendo a Paulista passar pelos olhos. Foi aí que ela entrou no ônibus e escolheu um lugar pra sentar. 

Deviam ter uns 15 assentos livres, mas ela preferiu sentar ao meu lado, com o celular na mão e uma bolsa grande. Não dei importância. Ela sentou e a avenida natalina passava a cada esquina junto com a música. Eis que quando estávamos chegando perto da Augusta ela me cutuca e pergunta: moça, você vai descer logo? Aonde vc vai descer exatamente?

No mesmo instante pensei que ela queria ficar na janela e ia pedir pra trocar de lugar comigo ou, o mais óbvio, buscava uma referência de ponto ou rua. Mas não. Trocamos um olhar rápido e ela então me disse: é que estou passando por uns problemas e queria desabafar. Você pode me ouvir? E antes que eu respondesse ela se virou para os lados procurando algo no ar e falou: Me desculpe. Você deve achar que sou louca, não quero te atrapalhar, mas é que ... eu realmente estou com problemas, sabe?

Daí a música já havia terminado e o Maná seguia com Vivir sin aire. Estranho é a relação que fiz das músicas que tocaram uma na sequência da outra com toda (ou quase toda) a angústia que ela estava passando. En el muelle de San Blas conta a história de uma moça que ficou num porto esperando seu noivo voltar de uma viagem e encontrá-la. O tempo e a tristeza corroeram os anos e as pessoas da região a chamavam de louca. Vivir sin aire fala da paixão de um cara que queria amar a mulher um pouco menos, porque ela é vital para ele etc.

Pois bem. A história da moça é bem complicada, até porque ela ficava olhando tanto para os lados (como se alguém a perseguisse) que eu mesma me perdi um pouco naquilo tudo que ela dizia. Os olhos verdes sem brilho, o cabelo loiro e fino tal qual o meu. Reparava em detalhes que expressavam claramente que ela precisava de ajuda. Ela dizia da irmã que é psicopata, de maus tratos que já recebeu na vida, de drogas que a família toda usa e da máfia japonesa. Misturava cada coisa com novelas, filmes e fazia várias co-relações interessantes. E foi numa dessas que eu percebi o quanto ela é inteligente e vivida. 

E foi aí também que senti pena e que fiquei paralisada. Como eu poderia ajudá-la? Não por ser Natal ou qualquer coisa, mas, como poderia aliviar este medo que ela sente da vida, das próprias ideias e dos sonhos? Ao levantar eu disse apenas para ela tentar não intensificar demais as coisas, se os outros têm problemas, os problemas são deles. Para ela tentar se sentir mais leve e melhor. Ela me olhou assustada - como sempre - e disse: talvez você tenha razão, apesar de achar que você pode ter sido enviada por eles. 

Engoli seco e desci. A única coisa que pensei foi em como poderia ajudá-la.

13.12.10

menos !!!!

Eu sei que é final de ano. Que o espírito de solidariedade invade nossos corações, que procuramos ser mais bondosos, pacientes e gentis. Mas brega nós não precisamos ser. O post de hoje, talvez um dos últimos deste ano, é sobre a breguice que está a minha querida Avenida Paulista.

Em 2008 me lembro que os enfeites que decoraram a avenida de ponta a ponta eram grandes bolas azuis com alguma luz dentro e só. Quem passava à noite admirava os enfeites clichês natalinos dos bancos e prédios enquanto no centro estavam as gigantes bolas iluminando todo o corredor gelado (no caso quente porque dezembro aqui é um forno).

Pois bem. Em 2009 o Santander resolveu patrocinar não só a árvore do Ibirapuera (que já estava de bom tamanho) como também a Paulista. Daí, guirlandas clichês se espalharam por toda a avenida e em cada poste, havia junto uma mensagem de Boas Festas em uma língua diferente. Clichezão, mas ok.

Agora, neste ano, o Banco do Brasil resolve transformar a Paulista num zoológico bem no estilo de shopping mesmo, pra ferrar gostoso com o trânsito (não apenas de carros que andam em primeira desde o Paraíso como o trânsito de pessoas que tiram 15 vezes a mesma foto e param no meio da calçada do nada). Exagerada eu? Então, reflitam comigo:

- pra começar que não temos no Brasil pinguim ou elefantes como animais nativos. Se é pra colocar um bicho daquele tamanho em cima de um poste que seja uma arara, mico, tucano, qualquer outra coisa
- apenas as lamparinas antigas já estava de bom tamanho, mas não. Os postes agora têm: as duas lamparinas, o bicho gigante que toca algum instrumento (tipo uma ratinha com corneta ou a girafa com sax) e embaixo vem o pior: pedaços de músicas de natal.

Um parágrafo à parte, pois merece. A cada poste, um verso da música de natal, com letras douradas de plástico coladas em cima de um veludo. Oi? Se estivessem dentro da sala aqui de casa ok, mas não, estão na Paulista. Estão dispostas na avenida que mais venta na cidade. Fora que, quando chove (como os dilúvios dos últimos dias) fica toda arrebentada. Então o que acontece? Vou dizer o que acontece.

Se você está parado na frente do MASP e o poste diz: Noite Feliz, Noite Feliz, Ó Senhor, Deus do amor, no outro deveria ter a continuação certo? Não, por conta das chuvas, vento e da cola em cima do veludo fica: pobre inh nas eu e Be em. Dá pra entender?

E aí pra piorar tudo de vez, os mesmos bichinhos espalhados pela avenida estão em cima do palco do Ano Novo, junto com um Papai Noel muito doido deitado de bruços, um Quebra Nozes com cara de tarado e uma rena que pra ficar de pé está enforcada com um laço enorme no pescoço.

Na boa, prefiro mil vezes nossa árvore aqui de casa que tem luzinhas que não piscam em sintonia ao ver toda essa breguice da Paulista. Prontofalei.

31.10.10

duas coisas sobre as eleições

1. me irrita pronfundamente pessoas que ficam falando (leia-se escrevendo) uma porrada de coisas sobre política, soltando para fora suas angústias e opiniões sem nunca ter participado de algum movimento político interessante e que de fato mudou a história deste país. Acho que as pessoas têm o direito de falar o que quiserem e pensarem o que quiserem, mas é aquela coisa da liberdade e seus limites, de respeitarmos o limite do outro. As pessoas não se respeitam. Perdem a noção. Soltam ao vento um monte de ideais e opiniões vazias. Estamos ha mais de 15 anos sem ter no Brasil um movimento realmente radical para acabar com a corrupção dentro dos Governos. A última coisa que fizemos juntos de grande impacto foi o impeachment do Collor em 1992. Eu tinha dez anos e me lembro das notícias, da votação, de pegarmos o ônibus Praça Ramos e irmos até o centro. Lembro de cortarmos o adesivo dele e montar a palavra louco, lembro até do conjunto de moletom preto que usei naquele dia. Enfim ...1992.

2.  então meu diploma não é obrigatório mas o voto é. Isso me destrói como pessoa e como cidadã. Acordei hoje num puta mal humor quando fiz esta comparação. Rasguei todo dinheiro e joguei pelo ralo toda dedicação que tive em 4 anos de faculdade. Mas para votar, tenho que estar com o título em mãos, pensar bem no futuro do meu país e votar conscientemente. Às vezes penso que mesmo se não fosse obrigatório, ainda assim haveria gente vendendo votos e gente super humilde indo votar. É triste.

Que preguiça deste domingo.

3.10.10

Pretty Woman

Sou fã de Julia Roberts. Na humilde pilha de DVDs que tenho, só de filmes dela são mais de 20. Alguns sei quase todas as falas. Outros sei a ordem das cenas. E sempre fico admirada com o modo que ela consegue manter o mesmo sorriso e charme. Sou fã mesmo.

Não sei muito da vida pessoal de Julia. Sei dos gêmeos, sei do salário, da fama, da idade. Essas coisas básicas. Mas gosto mesmo é da atriz que ela é. Dos personagens que ela interpreta e como cada um tem algo em comum. Gosto da covinha, gosto quando ela solta o sorriso no olhar tímido para cima (quem me conhece bem sabe que eu até tento imitá-la algumas vezes. sem sucesso, claro).

Depois de Duplicidade, ela chegou a fazer um outro filme, mas acabei não vendo. Sei que hoje foi o dia de comprar ingresso mais cedo e assistir Comer, Rezar e Amar. Não, eu não li o livro. Não adianta. Não curto best-sellers de jeito algum. Sempre espero passar a febre, para depois (se ainda houver a vontade) conferir se vale a pena.

E gostei. O filme é leve, colorido, com mensanges bacanas e ótimas tiradas. Tem seu humor engraçadinho de americanos se encantando com outras partes do mundo e presepadas de viagens que acontecem com qualquer um.

Mas teve uma mensagem neste filme que para mim valeu todas as falas. Algo como: seja mais gentil com você mesmo quando iniciar alguma coisa. Gostei daa ideia e vou levar para este começo de semana. Sempre é tempo de começarmos algo bom para nossa vida. Mas que seja leve e prazeroso. 

O trailer, para quem interessar:
http://www.youtube.com/watch?v=cji7pUWhBi8


28.8.10

é pau, é pedra

Eu prometi para mim mesma que eu não comentaria nem aqui, nem em outras redes sociais (Twitter e FB) sobre política, horário político, candidatos, piadinhas idiotas etc. Mas acho que, como não estamos na época de "amanhã vai ser outro dia" e sei que tem uma porrada de gente falando o que quer por aí, então resolvi me manifestar sobre um fato das eleições que está me preocupando - ao menos, aqui em São Paulo: os cavaletes que estão sendo utilizados como canais de marketing nas ruas da cidade. 

O pessoal das subprefeituras vive arrancando placas e banners de postes. Tem também toda aquela coisa do Kassab com a lei cidade limpa e até acho que o pessoal está mais consciente em não jogar lixo no chão, mas, e os cavaletes? Tem alguém fiscalizando a manutenção deles? Alguém retira eles à noite e coloca no dia seguinte? Não que eu saiba. Na Paulista eles dividem calçadas com 400 mil pedestres e, além de servirem para entupir bueiro facilmente, também podem ser utilizados como arma branca. 

Será que estou muito pessimista e só eu estou encanando com essas coisas? Na boa, quero ver o dia que alguma torcida qualquer se enfezar com o resultado de um jogo e sair pelas ruas depredando as coisas. Os cavaletes serão alvo fácil e de simples manuseio. Aliás, dá para cinco repartirem os paus e entrarem na briga. Não que eu seja especialista em brigas, mas, enfim, moro num bairro que infelizmente já passou por depredação e já vi briga de torcida de perto várias vezes. 

Claro que deve ter gente pensando que estou paranóica, mas, numa boa, cavaletes de madeira? Não curti.

15.8.10

geração 90

Ontem assisti pela primeira vez o filme Goonies. Muitas pessoas me diziam que era um clássico dos anos 80, que marcou uma geração etc. Bom, depois de 1h50 concluí que o filme não tem nada demais. Aliás, fiquei tão focada em perceber mensagens subliminares nos diálogos que a história em si achei bem bestinha.

Mas clássico é clássico. Acabei assistindo porque o pessoal de 30 fazia questão de jogar na cara que era um absurdo eu não saber quem era o tal do Sloth e não ter dançado a trilha sonora da Cindy Lauper. Bom, então vamos ao assunto do post: eu sou da geração 90. Posso ter vivenciado algumas coisas nos anos 80, acho realmente que foi uma época legal, mas não trocaria nada no mundo pela infância que tive nos anos 90.

Aliás, a primeira infância mesmo (até 89) eu era tão criança que só curtia brincar em árvore e andar de bicicleta. Até cheguei a jogar Atari, brincar de Aquaplay, ouvia alguma coisa de Menudos e entendia um pouco de Lobão e Nenhum de Nós - mas tudo era influência dos meus primos. 

A coisa pegou mais na virada dos 10 para os 11. Era a época do meu Primeiro Gradiente, dos bailinhos no prédio, de Anos Incríveis e Confissões de Adolescente. De quando surgiram Os Simpsons (e tinha adesivo deles vendendo em todo canto), e de tantas outras recordações deliciosas, tanto quanto os seriados e bandas de rock que faziam sucesso. 

Por isso que acho o máximo conviver com gente mais velha - que me ensinam coisas que eu não tenho a menor ideia e também com gente mais nova - que me explicam a diferença entre High School Music e Jonas Brothers.

Mas, ainda assim, Esqueçaram de Mim deixa Goonies no chinelo.

8.8.10

O que toca no seu I-pod?

Já faz um tempo que estou para mudar um pouco a cara do blog e os tipos de posts. Então, vamos começar com este aqui e falar de uma das minhas paixões: ouvir música.

Outro dia fiquei pensando que meu I-pod tem 4G e eu não uso nem metade da memória. Mas, como ouço-o todos os dias e sempre mudo de pasta, giro e volto de uma música para outra, então, decidi compartilhar com vocês alguns gostos que tenho, pois cheguei a conclusão que sou MEGA eclética e que não vai tardar muito pra eu montar uma pastinha de sambão e sertanejo (hhaahhaa).

Bom, pra começar eu separo por pastas, pois acho mais fácil. Tenho algumas que eu mesma inventei como: beach, love songs, divas e Rio 2010 (criada para me animar no avião quando passei a virada do ano no Rio. E funcionou).

Ultimamente, tenho escutado muito a pasta 80's que têm muito Smiths. E a mais recente criada foi a 60's que tem músicas do filme There´s goes my baby (clássico) e do Now and Then, com Sugar Sugar - Archies e No matter what - Badfinger. Na pasta 90's ainda estou acrescentando algumas músicas soltas, mas boa parte é Jamiroquai, The Killers e Counting Crows - que também poderia entrar na pasta beach, com Mr. Jones.

Aliás, a pasta beach eu costumo ouvi-la quando está sol e é sexta-feira. Não que eu vá para a praia sempre, mas dá a sensação de curtição. Dentro dela tem Beach Boys, Police, Jack Johnson, Jason Mraz entre outros. 

Quando chove, vou de Alanis, Duffy, Amy, Sade ou Phil Collins (quase todas dele). E quando bate a deprê, giro para a pasta sadness - com Goo Goo Dolls, Cramberries e claro, Cold Play. Pra entrar no clima de acordar cedo, a pasta balada tem de tudo: Daft Punk, Gigi D'Agostino, Black Eyes Peas e Bob Sinclair. 

E claro, as outras pastas renomeadas pelo nome da banda ou dos cantores: Kid Abelha, Beatles, Cazuza, Caetano, Tim Maia, Zé Ramalho, Elvis, Lulu Santos, Smashing Pumpkins, Maná e até Vinicius&Toquinho.

E no seu I-pod? O que toca?

26.7.10

o q ficou


Foi na volta do trabalho. Senti uma dorzinha no peito, dei aquele suspiro profundo e seco quando senti a lágrima escorrer e esquentar meu rosto. O olhar parado junto com o frio que entrava na janela me fazia lembrar você. Por tudo que passamos em tão pouco tempo e por toda alegria vivida entre dedos cruzados, caronas, beijos e risadas.

Lembrei das primeiras palavras trocadas, dos primeiros chopes, da porção de provolone fria, de outras porções que fomos experimentando aos poucos, em doses leves de suspiros, amizade e carinho. Lembrei de que quando os faróis passavam na rua e batiam nos seus olhos eu ficava com a impressão de que eles eram mais claros, e isso me encantava. Lembrei das curvas perigosas na rua e de como você gostava das minhas. De quantas vezes brindavámos os encontros e você dizia que não era para brindar com refri, mas nós já brindamos com milkshake. Ah é, então pode. Lembrei das coincidências com os nomes e da mesma letra dos nossos.

O calor das lágrimas se cruzava com um misto de saudade e tristeza. Enquanto o ônibus andava eu continuava lembrando do calor do abraço, de sentir seus olhos piscando em cima de mim, como se fosse o dedo de uma criança chamando minha atenção. E então voltei a lembrar de pequenos detalhes, de coisas que foram crescendo e que de alguma forma, já eram nossas. Dos cheiros, do modo que me ninhava, dos olhares que travavam sua boca e nos faziam pensar num futuro próximo.

E quanto aos passos? Eram tão divididos e leves que seguiam um atrás do outro, dia após dia. Sem muita pressa, sem sabermos direito o tamanho e a intensidade, mas estavam ali . Eu me sentia solta de alguns medos e você, cada vez que me abraçava pra perto, estava longe de algumas aflições. Mas por fim, de tudo que lembrei, veio o mais gostoso: que você dizia gostar da minha gargalhada e eu gostava do seu sorriso.

11.7.10

suspirinhos de domingo

para alegrias de uns e continuação da inveja de outros, provavelmente na próxima semana eu assino o contrato final da compra do meu apê e isso me deixa bem contentinha.

mas, apesar dela vir uma vez por mês, neste esepecificamente, a TPM veio toda atrapalhada, me pegou de jeito e me fez chorar horrores agora pouco. por medos e coisas que somente eu posso entender (ou tentar entender).

ok, mas o que tem a ver o apartamento e a TPM? é que, mesmo sem ouvir direito muita coisa, ela passou agora à frente do meu quarto, ouviu o choro leve, bateu na porta e perguntou: filhota, tá tudo bem?

e é isso que vou sentir falta quando eu sair daqui: deste abraço quando menos se espera e mais se precisa. mesmo que ela não entenda nada do que se passa. é incrível como elas sentem. ai ai

9.7.10

plié

Eu sei que o blog é desatualizado e quase inútil, mas, para quem passa por aqui e se lembra da história das abelinhas na hora da apoteose, pasmem-se: decidi que vou aprender balé. Total iniciante, total no sense.


Andei pesquisando vários lugares para fazer aula de jazz. Não rolou. Ou era muito caro, ou era longe, ou tinha apenas meninas de 15 anos na aula ou, a aula começava às 15h (!!!). Optei então pelo balé.


E aí eu sei que podem me perguntar: mas porra, se era dança que você queria, por que então não foi fazer aula de dança de salão? Vamos aos motivos: prinmeiro eu não tenho par pra dançar comigo, segundo, na realidade eu já sei vários desses ritmos porque aprendi ha um tempo atrás e, ainda que eu não saiba e estiver tocando bolero num casamento ou salsa no aniversário de uma amiga, nada como duas caipirinhas pra eu dançar perfeitamente! (hahahaa)


Pois então, o balé. Eu acho que no mínimo vai ser bem divertido. Vou tirar a ferrugem que me corrói ha quase um ano, talvez eu passe a gostar de usar meia calça, vou ter q me acostumar com gel e, mesmo que pareça algo fedido (sim, apesar do glamour de uma bailarina eu acho a parada de usar sapatilha e dançar por horas meio over) vou ter mais postura, mais concentração e foco.


Mesmo quase certa cheguei a perguntar para algumas pessoas próximas. Alguns que mal me conhecem responderam: você no balé? Com toda essa animação que você tem? É, titubiei. E se o certo fosse entrar num body alguma coisa? Dar porrada no ar e enlouquecer mais ainda com aquelas pessoas gritando: vamô lá galeeeera!!?


Então olhei para minha terapeuta e questionei: é muito tarde pra isso? E ela me respondeu, no ápice da sua sabedoria: não acredito nessa coisa de ser muito tarde para fazer algo. A vida é assim: estamos sempre começando. Então, comece!

28.6.10

open door



E se não abrirmos mão do velho, como pode haver espaço para o novo?
Li esta frase hoje de manhã e vou dormir pensando nela. Acho que já abri mão de algumas coisas e sinto que o novo está chegando na minha vida em todos os sentidos. Até no sentido que eu achei que fosse demorar mais tempo. O que preciso agora é separar o que foi e o que está para vir. Sem culpa, sem medo mas com a plena convicção do que estou fazendo. Life, oh life.



19.6.10

Aqui na terra tão jogando futebol ...



Em época de Copa, vuvuzelas, jogos com placares sem graça, frio lá no gramado, torcida de mulheres (mulheres?) com mini vestidos e uma mãe ha mais de uma semana no hospital, escuto a conversa dela com a enfermeira:

- A senhora gosta de Copa? Vai torcer amanhã pelo Brasil?
- Torcer? Copa? Ah, até posso assistir. Mas, não sou muito ligada nisso não.

E quando perguntei - com todo ar de jornalista curiosa - ela olhou bem nos meus olhos, pegou minha mão gelada e respondeu:

- Sabe Rá, é difícil explicar mas me senti traída. Não era uma época fácil. Tinha gente sumindo, gente morrendo, gente desaparecendo e em 1970, só se falava em Copa do Mundo. Parecia que as pessoas estavam alienadas. Viviam em um mundo paralelo. O Governo fazia mil campanhas patriotas, era a seleção de ouro, mas onde estavam nossos amigos para torcer com a gente? Cadê aquele vizinho ou aquele primo? De repente, me senti traída. Achava tudo uma grande palhaçada. Era para esquecermos das coisas que acontenciam? Eu não conseguia entender e com o tempo, o coração verde amarelo só aparece quando estou longe, aqui dentro, ele mal pulsa.

Doeu.

12.6.10

vacaciones

TEMA: minhas férias

TÍTULO: Saudade

As minhas férias terminaram ha duas semanas e foram muito boas. Já é o segundo ano que saio para descansar os pés, o corpo e a mente no mês de maio. É tempo de friozinho, sol incrível e de muitas reflexões. No ano passado a escolha de tirar 20 dias e vender o resto não foi um bom negócio. Daí, como aconteceu muita coisa nesses dias e foram coisas beeem legais, resolvi listá-las abaixo. Só para eu parar aqui, ler de vez em quando e não esquecer das coisas boas da vida.

zoológico: girafa com a perna aberta; freiras que nunca haviam visto um elefante; o urso de óculos simpático alongando as patas; a companhia de uma amiga querida

baladas: das 480 noites livres eu fiz umas 6 baladas incríveis. Em algumas gastei uma nota e nem foram tão boas e outras que eu não esperavada nada, adorei. Companhias agradáveis, roupas confortáveis e muita vodca com energético sempre ajudam também. Hot Hot, Clash, Vegas (twice), Tapas, alguns Pubs e também a balada mucho loca em Buenos Aires.

sono: até que não dormi tanto o quanto eu queria, but, deu pra descansar e deixar a pele melhor

viagens: tinha que ter, afinal, estava de férias. Bom, não foram muitas, mas tirei de cima de mim a verguenza e fui pra Buenos Aires sozinha. Fiquei lá por cinco dias cheia de reflexões, momentos egocêntricos, muitas fotos, passeios e descobertas. Na volta ainda deu tempo de ir pra Taubaté e sentir o friozinho de Campos na companhia de outros amigos queridos

responsas: por ser férias, achei que não ia ter, mas teve. Nos primeiros dias peguei um freela do trampo, fiquei trabalhando de casa e isso me estressou um bocado. Depois continuei estudando horrores para a prova do D.E.L.E - diploma de língua espanhola e quando parecia que tudo tinha terminado, ainda sobrou o trabalho em grupo (grgrgr) da pós pra finalizar. Um saaaco.

plus: o bom de tudo é que meu joelho está melhorando, consegui decidir minha vida profissional, vou iniciar um projeto para acompanhar aulas na Cásper e quem sabe ingressar nesta parte acadêmica que tanto gosto.

FIM

26.5.10

sobre o fim

Se você não viu o final de LOST, não leia este post.

Fiquei pensando ontem à noite como eu iria escrever hoje sobre o final de Lost. Como chorei muito e este seriado realmente mexeu comigo então sinto que preciso escrever qual foi minha percepção sobre tudo.

Bom, eu achei a mensagem do último capítulo linda. Desde o começo, os personagens pareciam estar mesmo perdidos em suas vidas, procurando uma razão para viver, para dar mais valor às pessoas ao redor e às coisas que aconteciam. A conclusão de que eles já estavam mortos e que tudo que eles passaram na ilha foi um último aprendizado foi sensacional. O porém é que os telespectadores ficaram achando que as coisas iriam dar certo, que depois de tudo que eles passaram haveria um final feliz e que na verdade, apesar de todos se reencontrarem, foi extremamente triste ao concluirmos que todos já estavam mortos.

Mas apesar deles já estarem mortos, e mesmo sem eles saberem (nem nós), eles aindam batalharam com a extrema vontade de fazer as coisas valerem a pena e lutar pela vida a qualquer custo - seja protegendo um amor que estava crescendo, seja um jardim de flores, seja um bebê. A troca de conversas, opiniões, decisões, escolhas e até mesmo sacrifícios reforçou para mim a ideia de que a vida é realmente única, que não dá para tentarmos consertar ou encontrar o sentido para algumas coisas depois. Não dá pra deixar pra mais tarde é preciso perdoar antes, repensar, deixar passar, seguir em frente, não importar-se. É preciso lutar pelos sonhos e darmos cada vez mais valor à esta vida presente. Depois, não se sabe se haverá uma nova chance de reencontrar a Shannon, o Jack, o Sawyer etc. As escolhas são nossas. Quem vai julgá-las mais pra frente não importa, mas eu não quero morrer e passar a noite sentada no banco de fora da igreja como Benjamim Linus.

A vida deve ser vivida antes e deve valer a pena.

20.5.10

buenos aires (bons ares)



tem coisas na vida que não dá para tentarmos remar contra. vem de vários jeitos e vários sinais, mas, muitas vezes, insistimos em algo que não dá mais. daí chega o sábio momento de enxergamos o que vai acontecer com uma outra perspectiva: e se de repente era para ser assim e vai ser bom e vai dar tudo certo?


pois então, eu vou só.

17.5.10

como estudiar para el D.E.L.E



conjugación del verbo detestar

en el presente del indicativo, primer persona del singular: detesto
en el imperfecto, primer persona del singular: detestaba
en el pretérito indefenido, primer persona del singular: detesté
en el futuro, primer persona del singular: detestaré
en el presente del subjuntivo, primer persona del singular: deteste
en el gerundio: detestando
el participio: detestado

ahora, un ejemplo: "Yo detesto prueba"

todavía, como tengo que hacerla, deseame suerte

gracias

25.4.10

astronauta de mármore



vamos ao que interessa. vamos respirar com mais vontade e escrever algumas coisas gostosas.

há exatamente uma semana atrás, eu estava voltando do Skol Sensation esgotada mas super contente. no dia anterior havia sido meu aniversário e como se não bastasse a festinha que durou até altas horas eu dormi praticamente todo sábado e só acordei pra tomar banho e ir ao Anhembi.

é impressionante como os anos passam e a percepção sobre algumas coisas mudam. sempre gostei de fazer aniversário, but, como quase sempre caía na páscoa e eu não gosto de chocolate (apesar de quase ninguém acreditar) então, meu aniversário era meio ... doce demais. já o do meu irmão, além de sempre cair num feriado bacana, ele ainda ganhava dois presentes: de aniversário e de dia das crianças. hunf.

cresci pouco e cresci frustrada com essa coisa de me darem bombom e não presentes. só que, passado alguns anos, comecei a reparar que sempre na época do meu aniversário rolava o Skol Beats. no começo eu me dava de presente. ir lá, ouvir alguns mestres, dançar e pirar um pouquinho. depois, assim quis o destino, eu ia mesmo para trabalhar e me divertia do mesmo jeito.

daí no ano passado, mudaram o formato, acabei não indo e ficou por isso mesmo. e neste ano, eu fui. realmente a temática está totalmente diferente e eu continuei apreciando sem moderação. fui com um grupo de amigos e voltei com outro grupo de amigos.

o que importou na verdade (e esta é a razão do post) é que me diverti e cheguei a conclusão que estou tendo uma visão maior da vida, das pessoas e das coisas. esta é a tal reflexão de aniversário que ficou faltando. sinto as coisas menores bem maiores do que elas são. e o que muitos consideram grandioso e fazem o maior estardalhaço, não me emociona. eu simplesmente olho, analiso e deixo passar.

é difícil. confesso. tem vários momentos que dá vontade de mandar tudo e todos à merda. mas só o fato de eu "estar tentando" fazer isso, já compensa. dias desses até lembrei de uma música que retrata um pouco isso e a livre interpretação que tenho sobre algumas coisas. acho que é bom ir envelhecendo assim: saber que a vida é muito maior que isso e pedir desculpas se as pessoas não entendem esta plenitude.

"desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu"


19.4.10

não tudo

aí que eu ia escrever sobre o final de semana de comemorações. mas deu-se em mim um sentimento frio e distante de toda a alegria vivida. uma pontinha de coração doído e um suspiro leve. não sei se foi de algo que não aconteceu (e não acontece) ou de algo que aconteceu (e não vai mais acontecer). e quando senti os olhos molhados, procurei nos blogs alheios algum conforto e achei a música abaixo. a letra é tão linda que fez meu suspiro mudar de cor. divido com vocês:


Sai de si
Vem curar teu mal
Te transbordo em som
Poe juizo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais


Não tudo
Pra gente não perder a graça no escuro
No fundo
Pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim, sim


Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir


Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você


Maria Gadú - Encontro





16.4.10

ops, 28

Os tempos realmente mudaram. Acordei faz quarenta minutos, liguei o laptop, trabalhei, sei que estou meio atrasada, mas agora, de verdade, é bem melhor estar aqui escrevendo. Os tempos mudaram. Acordei no dia do meu aniversário sem receber o tradicioonal café na cama. Meu pai ainda dorme, minha mãe deve estar sobrevoando o oceano e meu irmão, que sempre abria a porta e pulava em cima de mim, se mandou faz tempo.

Soltei um suspiro quando vi minha roupa nova para usar hoje à noite. Pensei na preguiça imensa que tenho em sair da cama e joguei tudo lá pra frente. Como serão as coisas daqui a dez anos? Será que vou estar novamente na cama à esta hora, esperando deliciosamente, a porta se abrir e meus pequeninos subirem em cima de mim? Espero que sim.


E quanto anos você tem mesmo mocinha? Ééé, 27. Ops, 28.

8.4.10

drops


Momento drops porque hoje acordei com muita vontade de passar aqui e soltar umas coisas

ontem minha avó faria aniversário. lembrei dela o dia todo, mas não quis comentar com a minha mãe porque ela iria chorar e ver ela chorando às 23h não ia ser legal (fora que sei que ela deve ter chorado quando acordou). minha avó materna conviveu pouco comigo, mas de forma intensa. tínhamos muita coisa em comum e eu tenho uma adoração por ela que é inexplicável. ela se foi cedo e tenho saudades. então, parabéns pra vovó.

aprendi com meu pai a ser bondosa. não que eu seja sempre, mas eu tento. esqueço brigas, esqueço mágoas facilmente e sigo em frente porque a vida (sempre) é muito maior que isso. pois bem. ontem estava caminhando no maior astral indo para a pós e sentindo a brisa fria no rosto como ha muito tempo não sentia. admirava as luzes desta avenida gelada e pensava que alguns ciclos estão se fechando. cruzei a rua e encontrei uma pessoa que eu jamais imaginei que veria novamente. cruzamos os olhares eu voltei pra trás e a abracei. ela não merecia se quer meu oi, mas voltei. sou humana e tenho uma coisinha meiga que pulsa dentro de mim. ao atravessar a rua e continuar a caminhada soltei pequenas lágrimas, um suspiro e me senti bem pelo que fiz.

o inferno astral está terminando da melhor forma que existe: com novos horizontes se abrindo e decisões tomadas. a semana que vem é dia de festa com direito a amigos queridos ao redor, abraços e bebidinhas.

agora, a tragédia do Rio tá pegando. como tenho que ler os principais jornais todas as manhãs, bato o olho em fotos e fico horrorizada com a tragédia. aqui também teve, no sul também teve e em outros lugares também acontece. só resta dar uma rezadinha.

fim dos drops. vamos voltar à realidade.

1.4.10

4 anos


Acho que chegou a hora. Ontem passei o dia todo lembrando da data. Não consegui escrever nada, mas acabei comentando com muita gente. Ontem seriam quatro anos. Ontem estaríamos novamente celebrando o amor, revendo nossos sonhos e aguçando nossa memória. E, nada como ontem. Nada como hoje. Nada como um dia após o outro, uma onda após outra onda.

Minha sorte é contar com pessoas sábias ao redor. Que muito já viveram e conseguem soltar em poucas palavras e abraços algum conforto, alguma forma de mostrar que no fim, tudo dá certo e que se era pra ser, foi e que se for pra ser, será.

A vontade maior era mandar essa mensagem aqui: todos as noites, o beija flor morre. Não é totalmente, mas é como se fosse. O coraçãozinho dele bate tão devagar que quase para. E depois, no primeiro raio de sol ele renasce. Com toda a força e beleza. Volta a bater no mesmo ritmo, volta a voar e volta à vida.

Pode parecer muito simples a comparação ao contrário do que acontece na vida real. Mas faz bem pensar que a cada dia, devemos renascer mais fortes e voltar à bater as asas para a vida. Afinal, como eu sempre digo: a vida é agora.

25.3.10

fui


"E tem o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrário: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda"

Caio Fernando Abreu

Estou (extremamente) no meu inferno astral. Volto quando passar. Cuidem-se como puderem. Ou, joguem tudo para o alto. Tem gente fazendo isto e se dando bem. Até a volta e passar bem.

16.3.10

desabafos


Faz tempo que não passo aqui e tenho dois assuntos que gostaria de dividir com vocês. Um tem a ver com o outro e são bem pesados. Ainda há um terceiro assunto, que também é pesado. Bom, vou tentar enxugar um pouco e cortar os detalhes que alongam.

Trabalho em grupo: só para deixar claro, eu adoro trabalhar em equipe, mas, fazer trabalho em grupo eu detesto e sempre detestei. Ainda mais quando você mal conhece o grupo que se juntou com você; quando você não tem tempo de respirar no final de semana, mas tem que ter tempo de fazer trabalho pra nota; quando você recebe mil e-mails por dia e ainda tem que abrir e-mail atrasado de alguém do "grupo" etc. Eu simplesmente odeio e voltei a viver isso na pós. Pausa: na pós. O que poderia ser algo prazeroso, discutir com outras pessoas diferentes temas e abordagens tornou-se um inferno. Quando o professor já olha com aquela cara de: pessoal, trabalhinho eu começo a ter ânsia. Pra começar: trabalhinho? A gente tá na pré-escola pra falar desse jeito? E outra: por que eu tenho que fazer em grupo? Pra depois acontecer que nem agora? Cada um faz uma parte, a gente junta tudo, tenta deixar com a mesma linguagem e entrega? Enfim ...

Aprendizados da faculdade: zero e isso muita gente já sabe. Mas eu ainda acreditava que não era assim. Engano. Se você está lendo meu blog e ainda está nos primeiros anos da faculdade te dou um conselho: pense bem no tipo de carreira que você quer levar ok? Eu achava o máximo ficar no estúdio fazendo produção de telejornal ou passar horas no estúdio de rádio narrando e preparando textos. Pois bem: há cinco anos estou em outra área. Aliás, a mesma área que vários focas saem da faculdade e escolhem seguir. Mas daí, quando entro numa aula da pós e o professor me fala conceitos básicos de administração e marketing eu não sei nada. Por que? Porque na faculdade passei horas nos estúdios me preprando para o básico da minha profissão, quando, na verdade, o mercado de trabalho mudou mas a grade curricular, não. Hunf.

O cara de Cuba: parei de ler e não me importo mais. Estava acompanhando a greve de fome que ele estava fazendo, mas depois que ele desmaiou eu desencanei. Não concordo muito com essa coisa de anorexia, greve de fome essas coisas, enquanto tem uma porrada (uma porrraaaada mesmo) de crianças morrendo de fome no Brasil e no mundo. Mas, cada um é cada um.

Para quem achou tudo bizarro e discorda, por favor, releve. Falta um mês para meu aniversário e devo estar no inferno astral. Ou não.

27.2.10

life oh life


Ontem encontrei um velho amigo meu. Aqueles de longa data. Conversamos sobre tudo e conversamos horas e horas. Teve uma momento que perguntei se ele não queria mais cerveja. Ele disse que não e eu continuei bebendo.

Daí, começamos a falar sobre beber e sobre as bebedeiras que já tivemos na vida. Sobre as escolhas que fizemos, as companhias que andamos, os amigos que passaram. A vida dá mil voltas, todos sabemos disso e todos sabemos que aprendemos muito a cada dia que passa, a cada hora e a cada momento.

Mas, existem certas coisas que não nos pertencem mais. Os gostos mudaram, a responsa bate rápido, achamos legal desafios corporativos e achamos um porre andar pelas ruas sem destino às três da manhã. Porque, simplesmente, os anos passam. Estou nessa. Parece inferno astral adiantado e chegada do outono mais cedo. Não sei bem. Mas estou reavaliando.

É por causa dos quase trinta? Ai, não sei. Sei que sinto que estou ficando velha pra várias coisas e não sei bem se isso é bom ou ruim. E ele, meu amigo de ontem (e de sempre), me disse exatamente isso: se é bom ou ruim também não sei, mas acontece . E devemos sempre tirar a parte boa de tudo.

Adoro pessoas otimistas.


22.2.10

nunca terá



dor no corpo todo. pode ser gripe. pode ser vudu.


O que será, que será
que andam suspirando
pelas alcovas?


(...)


O que não tem certeza
Nem nunca terá!
O que não tem concerto
nem nunca terá!
O que não tem tamanho...

17.2.10

todo carnaval tem seu fim



Por quê é tão difícil voltar para a realidade? E mais: que realidade é esta?

Quando abri os olhos vi que você se mexia sem parar. Estava inquieto. Bastou pronunciar seu nome pra você responder que não iria trabalhar naquele dia. Voltamos a dormir mais um pouco.

Depois chegou o meu momento de mal humor. Perguntei as horas com pressa e você me respondeu com preguiça: quinze para as duas. Sentei na cama assustada. Não sabia o que fazer primeiro. Malas? Banho? Último mergulho no mar? Beijos? Conversa com a amiga? Ida à cachoeira? Sim, ida à cachoeira e conversa rápida com a amiga.

A volta foi difícil. Andava lentamente até sua casa pensando nos últimos quatro dias ali com você. Lembrava das conversas, das risadas, das danças. Lembrava das brigas, lembrava da paz, lembrava do mar, lembrava, lembrava e tentava fazer associação com algo maior.

Depois do banho, da Coca, do misto, da mala e de quarenta minutos de moleza eu senti. Foi ali parada no telhado que me deparei com o sentimento estranho e gigante: a perda. Eu teria que não ter ido para não sofrer? Se eu nunca tivesse vindo para este lugar, não estaria agora sofrendo em ter que ir embora novamente. Por que eu sofro tanto com despedidas?

Saí da janela, peguei a toalha úmida, a canga molhada e coloquei na mochila. Vi seu olhar, sua boca, sua voz e guardei tudo junto. E agora, só estou esperando mais dois dias pra essa dorzinha no peito se aquietar e deixar meu coração mais manso.

10.2.10

nóis trupica, mais não cai

Quando eu era menor costumava frequentar o Sesc Pompéia toda semana. Durante as férias, participava de oficinas de artes plásticas e passava o mês todo de janeiro voltando pra casa com as roupas manchadas, imaginação a flor da pele e trabalhos borrados.

A brincadeira durava até fevereiro, quando os monitores nos convidavam a inventar fantasias e máscaras para o carnaval. Pelo que me lembro participei de dois desfiles meio improvisados. Com aquelas roupas de retalhos e muito papel crepom, andávamos na rua central cantando algumas marchinhas e correndo embaixo da chuva de purpurina. Era legal, mas foi-se.

Foi-se porque a minha claustrofobia nunca deixou eu ficar muito perto de multidões e braços para cima. 25 de março, 12 de outubro, estação Sé às 18h, jogo de futebol no estádio e, principalmente, festinhas de carnaval sempre foram lugares impensáveis para eu estar. But, este ano rolou um convite de ir até Salvador. Camarote de graça, bebidinhas, comidinhas, celebridades, solzão, verão, enfim, Salvador.

Declinei. Lembrei da paz que já tive ao passar os feriados de carnaval acampando, longe da farofada, longe do isquindum-insquindum, longe de gente pisando no meu pé e, principalmente, de cotovelada na cabeça (devido ao meu tamanho, eu sofro muito com essas coisas). Bom, mas daí também pensei que acampar não seria uma boa ideia. Os últimos carnavais foram meio traumáticos com canoa quase caindo, barraca alagada, mosquitos esfomeados e cerveja quente.

Então, outra opção seria São Luís do Paraitinga. Apesar da multidão, ao menos as músicas seriam mais tradicionais, com amigos que já foram pra lá várias vezes e a cidade deliciosa. Sim, com certeza teria gente me dando cotovelada e pisão no pé, mas, depois de tudo que aconteceu por lá por conta das chuvas, delicnei novamente.

E então, depois de ter declinado todas as opções e já ter desistido de ouvir qualquer sambinha leve, eis que saio com uma amiga no domingo e encontramos várias ruas da Vila Madalena bloqueadas. Sim, tratava-se de um desfile de alas e pequenos blocos do charmoso bairro de S.Paulo. Foi gostoso. Nada de fenomenal e nada de muito emocionante. Mas ficamos horas vendo o pessoal subir as ladeiras, cantar junto e se abraçar. Afinal, a vida é pra ser celebrada. É carnaval e é verão.

4.2.10

4 8 15 16 23 42

Se estou boa de memória, acho que já escrevi uns dois posts sobre Lost. Este, será mais um e merece, pois estamos a poucos dias do início do fim. A última temporada começará na próxima semana, dia 9.

Me lembro bem das pessoas ao redor (principalmente as coleguinhas do trabalho) comentando do seriado como se fosse algo extremamente essencial em suas vidas. Eu não entendia o motivo, ouvia a mídia falar sobre os episódios, mas não conseguia dar a mínima atenção.

Daí, passado toda a minha pré-admiração, as lágrimas escorridas em várias cenas, o box que ganhei de natal, a pesquisa que fiz na internet para comprar os bonequinhos (não cheguei a comprar) e todas as conversas que tive com meus amigos fãs, cheguei a uma conclusão: estou triste.

Uma vez eu pensei que jamais gostaria de ter conhecido certa pessoa se eu soubesse que um dia terminaria e que eu ficaria triste. Disse isso pensando que, talvez sem provar eu não teria me apaixonado e depois não iria sofrer com o término. Afinal, quem gosta de sofrer? E então pensei sobre o Lost.

Se eu nunca tivesse assistido não estaria agora amargurada ao saber que esta temporada será a última e que depois, não terá depois. Depois não terá Jack sem saber se casa ou compra uma vaca, não haverá a Kate apaixonada e confusa, não haverá o sorrisinho estranho da Juliet, não haverão várias coisas e, principalmente, não haverá o Sawyer!

Ao mesmo tempo, penso que foi bom enquanto durou. Como é tudo na vida e como são os momentos que passam por nós. Pessoas que passam por nós e ilhas misteriosas que passam por nós. Vou sentir saudades.

3.2.10

jorge sabe das coisas ...



Bicho do mato, oi,oi,oi
Nêgo teve aí, oi, oi, oi
Bicho do mato, oi, oi, oi
Devagar pra não cair


Bicho do mato
Bicho bonito e danado
Bicho do mato
Nêgo teve aí
E disse assim:
Bicho do mato
Quero você pra mim
Eu só vou embora
Se você disser que sim


Mas eu só ponho meu boné
Onde eu possa apanhar
Devagar se vai ao longe
Devagar eu chego lá


Bicho do mato
Você tem o balanço
Bicho do mato
Olha que eu avanço

27.1.10

selva de pedra


Antes de ir embora eu disse: queria ficar aqui uma semana ou mais. Ele me olhou sorrindo e disse: pra quê?! E eu respondi frazindo a testa: para poder enjoar deste lugar. Eu nunca enjoo. Sempre passo dias intensos, sempre lembro do luar, da praia, dos passeios e das pessoas.

E agora, de volta à São Paulo, fico pensando se enjoaria mesmo ou se na verdade estou é tão acostumada com essa cidade cinza e sem vida que penso que jamais conseguiria morar em outro lugar onde não houvesse essa correria desenfreada que temos e essa urgência estúpida para tudo. Esse mal humor matinal que dura o dia todo e esse riso de desespero.

Isso tudo veio à mente quando acordei no Tietê na segunda à noite, peguei o metrô toda sonolenta e voltei para casa. Fiquei pensando nisso porque, em um momento, no meio do caminho, o trem parou e as luzes se apagaram. E daí já teve gente gritando, falando mal do sistema etc. Bastava esperar um pouco que tudo voltaria ao normal. Erros acontecem. Mas aqui, parece que não se pode errar muito.

Outra reflexão se deu ontem à noite, 20h35 quando nenhum ônibus passava na ponte da Sumaré para eu ir pra casa. O ponto lotado, o outro lado da avenida num trânsito infernal e cada vez mais, o caos se formando em todo canto da cidade. Estou quase me arrependendo de ter comprado o apartamento por aqui. A única coisa que vale é saber que ainda é possível ir para o paraíso e voltar. E saber que não precisarei usar o carro pra trabalhar.

19.1.10

memories


Em meio a tanta coisa acontencendo hoje, em meio à correria desenfreada desde ontem, me veio na mente uma cena encantadora. Coisas assim de filme, esses beeem água com açúcar da Sessão da Tarde.

- O que é isto? Brinquedos do seu filho? Kinder-ovo?
- Não. Juntei na praia. O mar trouxe de volta.

Fiquei olhando encantada. Todos as miniaturas dispostas em cima do móvel empoeirado, todas recebendo a luz do abajour, como uma pequena coleção preciosa. E enquanto eu ficava ali observando, sentia os olhos verdes olhando para mim, como se eu fosse uma concha ou algo parecido.

É uma delícia relembrar essas pequenas memórias.

17.1.10

a queda

Ele ia desligar o telefone quando eu disse: ah, bem que poderíamos almoçar juntos, não?! Ok. O encontro seria no vão livre do Masp. Que horas, pai? 12h30? Não, meio dia. Quando eram 11h50 travei o computador, peguei minha bolsa e saí.

Virei a esquerda e fui andando devagar, olhando para o termômetro, pensando no calor que estava fazendo e como estava sol. Ajeitei o cabelo para a esquerda e fiquei torcendo o mísero rabo que se formava nas minhas mãos. Chegando perto do Masp avistei meu pai de longe. Ele falava ao celular sem muitos gestos, com toda descrição que só ele tem. Eu tentava imaginar que horas eram e se estaria atrasada. Normal, coisa de paulistano.

Daí, esperei um carro passar e vi que o outro que subia teria que esperar este da frente entrar na Paulista - o que não seria muito fácil, porque geralmente ninguém dá a vez - então, decidi atravessar entre os dois carros, como todos estavam fazendo. Algo simples, que nem tem muito o que pensar e nem merece isso tudo de detalhe. Na verdade, não merecia até eu tropeçar no nada.

Tropeçei e senti a sensação mais esquisita da vida. Meu corpo foi indo para frente como uma caneta que cai da mão e a gente tenta segurar. Comigo foi o mesmo. Tentei parar. Tentei ficar com o corpo reto. Em vão. Cada vez que eu tentava eu curvava mais para frente e continuava caindo. Plof.

A queda se deu já do outro lado da rua, de cara. Depois, não teve depois. Não me lembro como me virei, não me lembro da dor, nem me lembro das pessoas. Mas sei que eram várias. Umas seis pessoas em volta me ajudando a sentar e me olhando espantadas. Uma moça pedia desculpas por não ter conseguido me segurar a tempo, um homem me perguntava se eu estava correndo e uma outra mulher dava bronca no homem: claro que não, eu vi ela caindo.

Eu não entendia nada. Agradecia e só conseguia repetir as mesmas palavras: nossa, que estranho. No fim, a calça preta estava inteira branca, a blusa roxa também branca e o braço esquerdo, vermelho. O machucado estava tão feio e tão ardido que naquele dia trabalhei até as 23h e só me preocupava em não dobrar muito o cotovelo.

Depois, no dia seguinte é que senti o caroço. Meu antebraço, doía tal qual quando se faz muita musculação ou quando se carrega muito peso. Chegando no hospital (a primeira vez no ano - eu poderia fazer coleção das pulseirinhas do São Camilo), fui surpreendida por não terem tirado minha pressão e por terem me enviado direto para a ortopedia. No consultório, o médico mal olhou meu braço e disse admirado, como se estivesse diante da Capela Sistina: que bela contusão heim?! Engessei.

Foram três noites dormindo com aquela bagaça e dois dias sem lavar a cabeça. Descobri o prazer que uma agulha de tricô pode proporcionar no ápice das coceiras e fiquei frustrada porque não deu pra ninguém escrever no gesso. A tipóia é um saco, sentei no banco azul do metrô, não peguei fila na Vivo e ainda assim fui na baladinha perto de casa onde todo mundo perguntava o que eu tinha feito (desde o cara da recepção até o barman da caipirinha). E agora, já sem o gesso e com o machucado cicatrizando a única coisa que queria entender é a razão do desmaio. Sei o que você deve estar pensando, mas, antes que você também me pergunte, não, eu não estou grávida. Deve ter sido os 32º daquele dia. Ou quem sabe, a abstinência de pães de queijo.

4.1.10

a volta do Rio

Comecei bem o ano. Fui viajar com um grupo de 17 pessoas completamente loucas, que cantavam a mesma música a cada 15 minutos, que se dividiam pra dormir em dois cafofos, que davam o mesmo nome pra entrar na balada, que bebiam cerveja como água, que brincavam de piscinão de Ramos no meio da praia de Ipanema e me chamavam de Picaxu. Há detalhes, claro, mas o melhor foi voltar com a certeza que este ano será incrível. Repleto de energia boa e risadas intermináveis. E melhor ainda: com amigas novas que te mandam um e-mail com a mensagem abaixo. É de chorar.

"Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido senão tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes, basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é isso que dá sentido à vida. É o que faz com que ela seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina"